#Retrospectiva2022: levamos nosso jornalismo feminista para todo o Brasil
Apesar das investidas inconstitucionais, seguimos de pé, cumprindo o nosso papel e brindando as nossas conquistas; acompanhe algumas delas
Entre 23 de dezembro de 2022 e 9 de janeiro de 2023, período em que estaremos de recesso, apresentaremos, via redes sociais, destaques da retrospectiva dos últimos 12 meses. Nesses dias relembraremos as principais coberturas de 2022, ano em que reformulamos nossa identidade visual, site e posicionamento político, aumentamos nossa audiência, expandimos nossas fontes de financiamento, firmamos novas parcerias e incidimos em importantes articulações políticas.
2022 foi muito difícil para o Catarinas, assim como para o jornalismo, para o campo dos direitos humanos e para a democracia corroída pelo fascismo que governou o país.
O ano marca o fim da era Bolsonaro no poder executivo federal e de seu projeto de barbárie e caos. Viramos essa página, não sem compreender que a herança de destruição permanece, nos ataques às políticas sociais, aos direitos fundamentais e na total ruptura das relações sociais, inclusive familiares. Elegemos Lula para trazer de volta o diálogo, a possibilidade de sonhar com dias melhores e para resgatarmos a nossa humanidade.
Este ano foi emblemático para o Catarinas porque nos destacamos nacionalmente ao reportar violações que partem justamente de instâncias do poder público que deveriam garantir o exercício dos direitos fundamentais. Exemplo é a parceira que fizemos com o The Intercept Brasil, ao reportar a violação do direito ao aborto legal de uma menina de 11 anos, mostrando a força do jornalismo de impacto, ou seja, aquele que interfere diretamente no desfecho do caso denunciado. Foi por meio da repercussão do nosso trabalho que a menina, estuprada e engravidada quando ainda tinha 10 anos, pôde enfim acessar o direito legalmente garantido.
Este também foi o ano em que resistimos aos ataques do bolsonarismo, a exemplo da CPI do Aborto, instalada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) para, entre outros, investigar o nosso jornalismo. Apesar das investidas inconstitucionais, seguimos de pé, cumprindo o nosso papel e brindando as nossas conquistas. Aqui, você confere um apanhado delas!
Novo Catarinas
Em novembro, lançamos o novo Catarinas, que passou por uma reformulação visual e editorial. Agora nos posicionamos como um portal de jornalismo independente, feminista, antirracista, transafirmativo, anticapacitista e anticapitalista, com uma equipe que reporta os fatos de maneira crítica, por meio da lente do feminismo interseccional.
A nova identidade visual denota a nossa vontade de diálogo, e reafirma o nosso compromisso com os feminismos e com a pauta dos direitos sexuais e reprodutivos.
Audiência
Entre 1 de janeiro e 21 de dezembro, fizemos 281 publicações, entre reportagens, colunas e artigos – conteúdo que alcançou mais gente do que nunca na história do Catarinas. Nesses doze meses, recebemos as visitas de 849.940 usuários únicos. No mesmo período do ano passado, contabilizamos 639.567 visitantes únicos, ou seja, houve aumento de 32,8%!
Além disso, expandimos nossas fronteiras: 12,3% dessas(es) leitoras(es) são de São Paulo, 5,8% do Rio de Janeiro, 4,7% de Florianópolis, 2,7% de Curitiba e 2,6% de Belo Horizonte.
Mais expressivo ainda foi o nosso crescimento nas redes sociais. No Instagram, aumentamos o nosso alcance em 549.5% durante o período, e ganhamos 44.615 novos seguidores. Assim, fechamos o ano com uma base 74,6% maior do que em 2021.
Prêmios e menções
O nosso trabalho foi reconhecido por duas premiações. Primeiro, o MonitorA, projeto d’Azmina do qual fizemos parte, levou o III Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. Depois, Paula Guimarães, diretora executiva do Catarinas, foi finalista do Troféu Mulher Imprensa, na categoria Jornalista Revelação.
Além disso, a reportagem sobre a menina de 11 anos que teve seu direito ao aborto legal negligenciado pela justiça catarinense, publicada em parceria entre Portal Catarinas e The Intercept Brasil, foi mencionada no Enade de Jornalismo 2022.
Podcasts
Este ano também investimos mais em nossa produção de podcasts autorais, com o lançamento de quatro novas temporadas que merecem ser ouvidas nas férias. Foram elas:
– Narrando Utopias: Cuidar do Futuro
Segunda temporada do Narrando Utopias, que traz as histórias de quatro mulheres com deficiência para debater a organização do cuidado e a superação das desigualdades.
– Narrando Utopias: Féministas
Fé, espiritualidade e feminismos se encontraram na terceira temporada do podcast. A produção aborda em três episódios as teologias negra, feminista e queer, a partir das experiências de fé de seis mulheres negras, evangélicas e feministas.
– Alimentação Ancestral: Comida de Santo
Lançamos o podcast que aborda a dimensão cultural da alimentação. Na primeira temporada, abordamos o papel da comida nas religiões afro-brasileiras. Na culinária ancestral do povo de Santo, a cultura se materializa em cada detalhe, desde a preparação da comida relacionada com a mitologia de determinado Orixá, até a maneira como as relações ao redor da alimentação são construídas e fortalecidas.
Produção que relembra a história da jovem que teve o direito à vida e à maternidade interrompidos quando foi vítima fatal do racismo estrutural e da violação de direitos reprodutivos das mulheres negras.
Parcerias, eventos e publicações
Seguindo a tendência do ano passado, continuamos alargando e celebrando as nossas parcerias, que nos apoiaram em diversos eventos e publicações. Entre eles:
– A cartilha “Direito internacional para feministas: como fazer valer nossos direitos no campo da justiça reprodutiva?”, realizada em uma parceria entre Portal Catarinas, Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, Coletivo Margarida Alves (CMA) e Cladem Brasil (Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher).
– A série de vídeos-entrevistas com a escritora feminista Silvia Federici, publicada em parceria com a Themis.
Leia mais
– O webinário “Gravidez infantil: proteção e cuidado em saúde”, organizado pelo Portal Catarinas com apoio de: Grupo Curumim, Rede Feminista De Saúde, Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde e Anis – Instituo de Bioética.
– Um ciclo de debates sobre racismo religioso, realizado em parceria com Criolas e Conectas, com apoio do Synergia.
– O “Boletim Futuro do Cuidado”, cuja comissão editorial é composta por Grupo Curumim, Campanha Nem Presa Nem Morta, Anis, Portal Catarinas, Rede Feminista de Saúde, Criola, Coletivo Margarida Alves e Cepia.
– A cartilha “Como se defender das censuras ao debate de gênero, sexualidade e raça nas escolas?”, fruto do especial “Gênero na Escola”, publicado pelo Catarinas, com apoio do Synergia
– MonitorA, observatório de violência política online contra candidatas(os) a cargos eletivos, realizado pela AzMina em parceria com o InternetLab e o Núcleo Jornalismo, para o qual produzimos uma reportagem sobre a violência política contra mulheres negras e indígenas em Santa Catarina.
– A cartilha “O cenário brasileiro de injustiça reprodutiva para meninas e mulheres negras”, um projeto coletivo de: Rede Feminista de Saúde, Portal Catarinas, Grupo Curumim e Anis – Instituto de Bioética e Direitos Humanos.
– O edital “Ocupa Mana”, uma seleção em iniciativa coletiva de 14 organizações: Anis (Instituto de Bioética), Direitos Humanos e Gênero, Católicas pelo Direito de Decidir, CEPIA, CFEMEA, CLADEM, Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, Coletivo Margarida Alves, Criola, Cunhã – Coletivo Feminista, Grupo Curumim, Portal Catarinas, Rede Feminista de Saúde, REDEH, SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia e a Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto.
– O podcast Narrando Utopias é realizado em parceria com o Prosa, Grupo de Pesquisa em Educação e Tecnologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
– O 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pessoa Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, onde falamos da reportagem sobre a saga da menina catarinense de 11 anos em busca de seu direito ao aborto legal.
– O “Encontro de comunicadores e podcasters – A democracia aceita os termos e condições?”, promovido pela Mídia Ninja com O Joio e o Trigo e Fundação Heinrich Böll, do qual participamos.
– O 2º Encontro Latino Americano e do Caribe de Incidência Feminista, que reuniu ativistas e defensoras de direitos humanos de dez países da América Latina.
– A Jornada Galápagos de Jornalismo 2022, na qual participamos da mesa “Cobertura de gênero e desconstrução de estereótipos”.
Financiamento
A expansão de nossas capacidades institucionais se estendeu às fontes de financiamento. Fomos contempladas em uma série de projetos e editais. Foram eles:
– Puentes (inspiratório.org) – Projetos “Cuidar do Futuro” e “FÉministas – evangélicas por um futuro democrático e amoroso”.
– ONU Mulheres – Projeto “Conectando Mulheres, Defendendo Direitos”.
– Fundo de Equidade para o Jornalismo (News Equity Fund, no original), do Google News Initiative.
– Web Stories Digital Storytelling, do Google e Fundação Gabo, para trabalhar de forma pioneira com o formato Web Story do Google, uma nova forma de contar histórias e aposta da organização para o futuro do jornalismo.
– Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Edição 2021 – Prêmio Culturas Negras e Afro-Brasileiras, no edital de Artes Populares.
– Synergia-Iniciativa pelos Direitos Humanos – Projeto Gênero na Escola.
– Synergia-Iniciativa pelos Direitos Humanos – Parceria com a ONG Criola e Conectas – Projeto sobre racismo religioso.
– Parceria com Azmina em reportagem para o MonitorA, um observatório de violência política online contra candidatas(os) a cargos eletivos.
Ações políticas
Na esfera institucional, posicionadas em defesa da garantia dos direitos fundamentais e humanos, articulamos e integramos diversas ações políticas. Entre elas:
– Assinamos uma carta enviada a Lula por feministas latino-americanas e caribenhas, pedindo que ele atue na garantia dos direitos das meninas e mulheres na região.
– Nos unimos a mais de 100 organizações comprometidas com os direitos humanos e assinamos uma carta pedindo a retirada do Brasil da Declaração de Consenso de Genebra, uma aliança internacional que une países antiaborto.
– Assinamos o editorial coletivo em apoio a Lula, organizado pela Associação de jornalismo digital (Ajor).
– Fizemos parte da campanha “Não ao Estatuto do Nascituro”.
– Também nos juntamos à campanha contra a CPI do Aborto.
Eleições
Por fim, cabe ressaltar nossa atuação durante o pleito eleitoral de 2022, quando entrevistamos candidatas que pautaram os direitos das mulheres e outras maiorias minorizadas em Santa Catarina. No período, também manifestamos nosso apoio à eleição de Lula por meio de um editorial, pois é preciso esperançar um Brasil de justiça social.