“Qual o papel da religião no debate de direitos humanos e no enfrentamento à violência contra religiões de matriz africana?” é a questão do primeiro encontro nesta quinta-feira (5)
“Diálogos sobre racismo religioso” é um ciclo de debates público, gratuito e de amplitude nacional que será realizado em 4 encontros ao longo de 2022. O primeiro encontro online acontece nesta quinta-feira, 5 de maio, das 10h às 12h, com transmissão no canal do Youtube do Portal Catarinas.
O evento é promovido pela Criola, Conectas e Portal Catarinas, com apoio de Synergia, para dialogar sobre os impactos do racismo religioso junto à população negra, os povos de religiões de matriz africana, aos povos indígenas e outros grupos sociais afetados por esse tipo de violência e violação dos direitos humanos.
O objetivo é entender as lacunas que existem no debate político e de direitos humanos sobre liberdade religiosa e racismo religioso, levando em consideração a intersecção de gênero, identidade de gênero, territorialidade e outras dimensões de opressão.
Os convidados vão apresentar suas experiências e perspectivas sobre “Qual o papel da religião no debate de direitos humanos e no enfrentamento à violência contra religiões de matriz africana?”. Participam do primeiro encontro Lúcia Xavier, coordenadora da Criola, Rafael Soares, secretário de Planejamento e Cooperação de KOINONIA, e Felipe Brito, idealizador e diretor geral da Ocupação Cultural Jeholu, movimento cultural, político e antirracista organizado a partir das tradições de matrizes africanas.
Convidadas e convidados
Lúcia Xavier – assistente social, militante dos Direitos Humanos e coordenadora geral da Criola;
Felipe Brito – mestre em Políticas Públicas (UMC). Coordenou a comunicação da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo (2013/2015). É idealizador e diretor geral da Ocupação Cultural Jeholu, movimento cultural, político e antirracista organizado a partir das tradições de matrizes africanas;
Rafael Soares – Ogan de Oxóssi, terreiro Iyá Nassô Oká, Secretário de Planejamento e Cooperação de KOINONIA;
Baba Diba de Iyemonja – Babalorixa, Sanitarista, Presidente Conselho do Povo de Terreiro do Estado do RS, Coordenador Nacional Renafro Saúde e Ativista Social no Combate ao Racismo e Racismo Religioso.
Mediação: Thayná Yaredy
Contexto
Leia mais
O racismo contra as religiões de matriz afro-brasileira é histórico e estrutural. A plena liberdade religiosa e de crença não é concreta para os povos de terreiro, que continuam a ser destruídos por práticas que promovem o apagamento de culturas tradicionais. Os adeptos dos terreiros perdem o acesso aos seus direitos básicos como consequência da violência sustentada institucionalmente e reafirmada socialmente.
O crescimento desse tipo de violência acompanha diversos fenômenos, entre eles, o crescimento das igrejas neopentecostais no País e o aparelhamento das instituições de justiça e direito por estas religiões. Por isso, o enfrentamento ao racismo religioso se articula com o enfrentamento a um sistema majoritariamente racista, patriarcal e cisheteronormativo – entendida aqui como a interseção das subordinações de raça, gênero, identidade de gênero e orientação sexual. Portanto, essa é uma estratégia que precisa ser desenvolvida simultaneamente com os movimentos negros, mulheres negras, e de LGBTQIA+.
Ampliar o debate sobre o tema é urgente para somar esforços, unir lutas e garantir a sobrevivência e qualidade de vida da população negra, dos povos indígenas e de outros grupos sociais afetados por esse tipo de violência.
Serviço
O quê: Diálogos sobre racismo religioso
Conteúdo: Convidados falam sobre qual o papel da religião no debate de direitos humanos e no enfrentamento à violência contra religiões de matriz africana?
Data: 5 de maio
Transmissão: www.youtube.com/c/PortalCatarinas
Horário: 10h às 12h.
Sobre as organizações realizadoras
A Criola é uma organização da sociedade civil com 29 anos de trajetória na defesa e promoção dos diretos das mulheres negras e na construção de uma sociedade onde os valores de justiça, equidade e solidariedade são fundamentais. Nesse percurso, Criola reafirma que a ação transformadora das mulheres negras cis e trans é essencial para o Bem Viver de toda a sociedade brasileira.
A Conectas é uma organização não governamental que luta pela igualdade de direitos, propondo soluções, impedindo retrocessos e denunciando violações para produzir transformações. Tem status consultivo junto à Organização das Nações Unidas (ONU) e, desde maio de 2009, dispõe de status de observador na Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos.
Criado em 2016, frente à ascensão da onda conservadora no Brasil, o Portal Catarinas é uma mídia independente feminista, que atua na produção de narrativas jornalísticas feministas, antirracistas e transinclusivas que colaboram na defesa e na manutenção dos direitos humanos das mulheres em sua multiplicidade – pretas, indígenas, trabalhadoras, LBTs, com deficiência, camponesas, entre outras. A organização entende o jornalismo como uma ferramenta indispensável para o fortalecimento dos processos democráticos e ligados à equidade de gênero.