O Portal Catarinas nasceu por iniciativa das jornalistas Paula Guimarães e Clarissa Peixoto, ex-colegas da faculdade de Jornalismo, e da cientista social Kelly Vieira. O contato entre elas era antigo, fruto da atuação no movimento social, em especial no movimento feminista.
O movimento da Primavera Feminista, em 2015, foi o momento em que as idealizadoras perceberam que compartilhavam de uma mesma vontade de construir uma plataforma ligada às temáticas de gênero, em que pudessem publicar vídeos e textos das manifestações feministas que estavam sendo realizadas e trazer outros assuntos relacionados.
Para subsidiar a construção do portal e a primeira reportagem especial do veículo, veio a proposta de realizar uma campanha de financiamento coletivo, lançada em 8 de março de 2016, através de plataforma disponível na internet. A campanha foi exitosa e em 28 de julho o Portal foi lançado em noite cultural na Fundação Cultural Badesc, no centro de Florianópolis.
Para dar materialidade às produções, as três criaram um núcleo executivo e convidaram outras mulheres para fazerem parte dessa empreitada, com a criação de um Conselho Editorial que desse suporte à produção e divulgação dos materiais jornalísticos. Nessa etapa, a jornalista Ana Araújo, também com forte atuação no movimento feminista, passou a fazer parte do coletivo. As quatro formaram, então, o núcleo do Portal de Notícias Feministas. Nesse período também se integraram à organização Jeane Adre, Chris Mayer, Dieine Gomez e Silvia Medeiros.
Em meados de 2018 a co-fundadora Paula Guimarães passa a ter o desafio de coordenar a equipe do Portal, sem a presença das outras idealizadoras. Nos anos seguintes se somam à gestão e/ou redação Mariana Fraga, Vandreza Amante, Jessica Gustafson, Morgani Guzzo, Inara Fonseca e Juliana Rabelo.
Hoje, o Portal Catarinas conta com uma equipe que desenvolve jornalismo profissional e se destaca na cena nacional, cobrindo o território catarinense, mas também as pautas que mais se conectam à agenda política feminista e de direitos fundamentais e humanos brasileira.
Nesses seis anos de existência, realizamos milhares de trabalhos jornalísticos, entre campanhas, monitoramentos e reportagens especiais. Na linha do tempo abaixo, listamos os principais feitos dos últimos dois anos:
2023
Em parceria com o The Intercept Brasil, reportamos por meio de laudos que desembargador de Santa Catarina denunciado por trabalho escravo usou ‘manipulação psicológica’ para a vítima voltar à casa dele.
Em parceria com o The Intercept Brasil, reportamos por meio de laudos que desembargador de Santa Catarina denunciado por trabalho escravo usou ‘manipulação psicológica’ para a vítima voltar à casa dele.
Podcast Ilha Invisível narra em três episódios os impactos na comunidade tradicional de pescadores artesanais da Baía Sul de Florianópolis (SC), após a construção da Via Expressa Sul, como é conhecida a Rodovia Governador Aderbal Ramos da Silva, trecho da SC-401.
Fomos homenageadas com uma Moção de Reconhecimento e Louvor pela Comissão Especial de Combate ao Racismo da Câmara Municipal do Rio, por meio da vereadora Monica Cunha (PSOL), pelo comprometimento em promover uma comunicação alternativa e antirracista.
Série “Aborto é Cuidado”, em parceria com AzMina e Gênero e Número, mostra por que a prática deve ser descriminalizada no Brasil.
Ganhamos menção honrosa no Prêmio Roche de Jornalismo de Saúde, com a reportagem “Suportaria ficar mais um pouquinho?”. A iniciativa da empresa Roche, com o apoio da Secretaria Técnica da Fundação Gabo, reconhece a excelência da cobertura jornalística de qualidade sobre temas de saúde na América Latina.
Fomos finalistas do Prêmio Gabo, principal premiação do jornalismo ibero-americano, com a reportagem “Suportaria mais um pouquinho?”. O júri da premiação destacou “o enfoque assertivo, na perspectiva de gênero e direitos humanos, com que o veículo do Sul do Brasil contou a história”.
Recebemos uma Moção de Reconhecimento na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A homenagem veio por meio do mandato da vereadora Luciana Boiteux (PSOL), em reconhecimento à atuação no trabalho jornalístico de impacto na garantia do direito ao aborto.
Lançamos o e-book “Racismo Religioso: novas lentes às violações relacionadas à crescente tensão entre liberdade religiosa e liberdade de expressão”, em parceria com Criola e Conectas e apoio de Synergia.
No podcast Paternidades Plurais, quatro homens contam por que escolheram rever suas masculinidades e se tornarem pais presentes, afetuosos, cuidadosos e conscientes das desigualdades que atravessam a paternidade e a maternidade.
Integramos a coalizão LGBTQIA+ na 53ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Alimentação Ancestral: Comida Mbyá-Guarani aborda as relações entre comida, modo de vida, território e outros aspectos que envolvem a culinária tradicional na Terra Indígena Morro dos Cavalos, em Palhoça, Santa Catarina.
O guia “Boas práticas de cobertura feminista sobre aborto no Brasil”, lançado em parceria com a campanha Nem Presa Nem Morta, sugere enquadramentos afirmativos e aponta boas práticas para um trabalho jornalístico mais seguro.
Participamos de uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre direitos reprodutivos e violências contra mulheres e meninas no Brasil.
2022
Parceria com o Intercept Brasil na realização da reportagem “Você suportaria ficar mais um pouquinho” denunciou o caso em que juíza e promotora de Santa Catarina induziram menina de 11 anos grávida após estupro a desistir de aborto.
“Gênero na escola”, campanha apoiada por Synergia – Iniciativa para Direitos Humanos, contou com reportagens, cartilha, vídeo e atividades a favor de uma educação democrática e contra a censura de debates de gênero, sexualidade e raça em sala de aula.
2021
Integramos a fundação da Associação de Jornalismo Digital (AJOR), em conjunto com mais 30 mídias independentes. A organização defende uma imprensa mais livre, diversa e plural.
Resistimos a ataques cibernéticoscriminosos e politicamente misóginos que nos tiraram do ar durante uma semana. Recebemos apoio técnico e político de organizações de tecnologia e jornalismo, como o Repórteres sem Fronteiras, e contamos com a mobilização social que amplificou a denúncia dos ataques.
2020
Uma menina de 10 anos, estuprada pelo tio no Norte do Espírito Santo, precisou viajar para Recife (PE) para acessar o direito ao aborto legal. Reportamos como foi preciso articular uma ação de guerra para que a vítima chegasse com segurança e tranquilidade ao hospital.
A série “Um vírus e duas guerras” sobre a violência doméstica durante a pandemia de Covid-19 foi produzida em parceria com outras seis mídias de jornalismo independente.
2019
A luta pelo direito ao aborto no Brasil é nosso primeiro podcast lançado e traz memórias de oito entrevistadas sobre momentos importantes do debate público sobre o direito ao aborto no país.
Cobrimos presencialmente a 6ª edição da Marcha das Margaridas, que reuniu 100 mil mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades, em Brasília (DF).
2018
#Elenão foi o grito das milhares que foram às ruas na maior manifestação de mulheres do país. O movimento marcou o início da resistência feminista contra Jair Bolsonaro, que continuou organizada durante o mandato presidencial.
ADPF 442 em discussão no Supremo Tribunal Federal(STF). A corte debate o direito ao aborto até as doze primeiras semanas de gestação por livre decisão da mulher. Produzimos matérias sobre essa discussão histórica.
2017
Viajamos para Montevidéu, no Uruguai, para participar da 14ª edição do Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe (Eflac) e realizamos a cobertura diária do maior encontro feminista da região.
Fizemos a cobertura do Seminário Internacional Fazendo Gênero e da Marcha Mundos de Mulheres por Direitos que reuniu cerca de 10 mil pessoas nas ruas centrais de Florianópolis.
2016
Nossa primeira reportagem especial “#Somosmuitas clandestinas: por um debate ético sobre o aborto” mostramos como a prática faz parte da vida das brasileiras, assim como abordamos os efeitos da criminalização.
Lançamos o Portal Catarinas por meio de uma campanha de financiamento coletivo que viabilizou o sonho de realizar jornalismo feminista.
O trecho inicial dessa história foi contada no livro “Jornalistas e feministas: a construção da perspectiva de gênero no jornalismo”, fruto da dissertação de mestrado de Jessica Gustafson no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC