Nesta semana, lançamos o Guia da Esperança: práticas para garantir justiça reprodutiva e climática, publicação que, a partir da integração entre conhecimento científico e experiência vivida, apresenta diretrizes para enfrentar as desigualdades de gênero em contextos de crise climática. Juntamente com o guia, publicamos três reportagens especiais e duas web stories que abordam os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, sobre os grupos mais vulneráveis, especialmente mulheres e meninas. 

Acesse o “Guia da Esperança: práticas para garantir justiça reprodutiva e climática”

Acceda a la “Guía de la Esperanza: Prácticas para garantizar la justicia reproductiva y climática”

O especial é uma produção do Catarinas, alinhada ao compromisso com o FP2030, uma iniciativa global que busca garantir acesso universal ao planejamento familiar e aos direitos reprodutivos até 2030, com o apoio da FP2030, Share-Net Colômbia, Profamilia e Save the Children.

Fomos selecionados junto a 10 organizações em uma convocatória voltada à tradução de conhecimentos, abrangendo 7 países, incluindo o Brasil: Colômbia, Argentina, Equador, Guatemala, Honduras e Estados Unidos, com atuação em nível regional.

Uma das reportagens destaca como meninas são duplamente afetadas pela crise, enfrentando barreiras de gênero e idade, além de dificuldades de acesso a serviços essenciais, incluindo o aborto legal em casos de violência sexual. Outra apuração revela a situação de violência e vulnerabilidade vivida por uma família indígena, composta majoritariamente por mulheres, durante as cheias. 

Com mais de 2 milhões de pessoas afetadas, 581 mil desabrigadas, 183 mortas e 27 desaparecidas, a tragédia evidenciou a falta de preparo governamental e a intensificação dos riscos, como abusos sexuais em abrigos.

Em meio a essa calamidade, lideranças feministas e ativistas comunitárias desempenharam um papel fundamental, demandando acesso a serviços de saúde reprodutiva, como o misoprostol para abortos legais, contraceptivos e cuidados de saúde essenciais. Elas também organizaram abrigos exclusivos para mulheres e crianças e arrecadaram recursos para garantir a dignidade das desabrigadas, reforçando a solidariedade feminista em tempos de crise.

O Guia da Esperança: práticas para garantir justiça reprodutiva e climática oferece diretrizes para a redução de danos, com o objetivo de orientar políticas públicas e planos emergenciais. Baseado em uma pesquisa qualitativa e em uma revisão bibliográfica sobre a interseção entre justiça de gênero e climática, o material busca apoiar autoridades, governos e organizações da sociedade civil na integração dos direitos reprodutivos nas respostas a desastres ambientais e na formulação de planos de ação em situações de emergência climática.

A publicação está disponível digitalmente no Portal Catarinas, traduzida para o espanhol, e se expande para a América Latina, reforçando redes de apoio a mulheres, meninas e pessoas transmasculinas e não binárias em contextos de crise.

Inspirado pela “Esperança Feminista” de Débora Diniz e Ivone Gebara, o guia reflete a força da ação feminista como mobilizadora de um futuro mais justo e igualitário.

Os dados globais reforçam a urgência dessa discussão. Estudos mostram que desastres climáticos aumentam a violência de gênero e prejudicam a saúde reprodutiva. Em Porto Rico, após o furacão Maria, houve um aumento de 62% nas solicitações de serviços relacionados à violência doméstica. 

Em Mississippi, nos Estados Unidos, após o furacão Katrina, a taxa de estupro entre mulheres deslocadas atingiu níveis alarmantes. Na África Subsaariana, mulheres em regiões de seca severa enfrentam riscos significativamente maiores de violência física e sexual. Além disso, a exposição a desastres naturais tem impactado negativamente a saúde reprodutiva, com aumento de abortos espontâneos, partos prematuros e outras complicações.

Esses dados evidenciam como as mudanças climáticas exacerbam as desigualdades de gênero, raça e classe, atingindo com mais força as mulheres mais vulneráveis. O Guia da Esperança surge, portanto, como um instrumento para transformar essa realidade, articulando justiça reprodutiva e climática na gestão pública e nas políticas de resposta a desastres.

No Catarinas, acreditamos que a luta por justiça reprodutiva e climática é uma causa urgente, que exige soluções concretas para reduzir danos e transformar as políticas públicas.

Nossa esperança é que este guia seja um catalisador de transformação, ajudando a articular a justiça reprodutiva e climática na gestão pública e nas respostas a emergências. 

Com a ação feminista, que nunca perde a força da esperança, acreditamos em um mundo onde os direitos das mulheres, meninas, pessoas transmasculinas e não binárias sejam respeitados, protegidos e garantidos. Mobilizadas pela esperança feminista, seguimos em luta por um amanhã mais justo.

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