É mais um dia de tempestades e ciclones no litoral catarinense, quando meus trabalhos são interrompidos com o barulho de notificação. Quando vejo que de quem é a mensagem, paro o que estou fazendo para  atender. Um áudio de dona Celma é sempre uma mensagem importante. 

Com a voz rouca e firme, pergunta se eu e minha família estamos bem. Família essa que ela sequer conhece, mas ainda assim, acolhe nas suas orações. Preocupada, questiona se precisamos de alguma coisa, e pede para que a gente tome cuidado com a chuva. 

Maria Lucelma de Lima, 62 anos, conhecida na comunidade da Serrinha, em Florianópolis, como Dona Celma, é aquela figura baixinha e brigona com quem muitos de nós crescemos. Avós, mães, ‘tias’ e ‘donas’, são essas mulheres negras de garra que fortalecem as favelas de todo o Brasil. 

Semanas antes daquele temporal, sentada na mesa de sua casa, de turbante na cabeça e xícara na mão, Celma cruza as pernas e me conta sua história, que também é a história do bairro onde nós duas moramos. A cada pausa para um gole no café preto, cresce em mim a certeza de que, sem a dona Celma, parte da Serrinha poderia não existir mais. 

Vida e trabalho

Aos 7 anos, a pequena Celma de Lima já trabalhava – era babá de um menino de 2 anos. Cuidava da criança, limpava a casa, e cozinhava. Hoje aos 62, sorri e se questiona como dava conta. 

A partir do primeiro emprego, nunca mais parou. Trabalhou fazendo limpeza em escadarias, depois em empresas de abate de aves, e em restaurantes. Aos 14, trabalhando de carteira assinada, Celma aposentou a mãe. 

Entre o trabalho e as brigas diárias com o irmão mais velho, a cidade Herval d’Oeste foi se tornando pequena demais para a jovem Celma. Aos 19, decidiu se aventurar nos mares da capital. 

“Quando eu entrei na ponte, olhei pra cidade, eu falei: acho que vou voltar. Porque a minha cidade era pequenininha…. aqui tu olha, é luz, mais luz, prédio pra tudo quanto é lado. Eu falei: Meu deus, onde eu vim me meter?!”, lembra sorrindo. 

Apesar do susto inicial, Celma não se amedrontou. Se manteve firme, conseguiu emprego e logo em seguida, encontrou uma colega de Joaçaba, cidade próxima a sua, para dividir aluguel. Dois anos depois, o irmão, com quem vivia brigando, veio atrás.  

Em 1985, cuidando de sua primeira filha, do sobrinho deixado pelo irmão, e de sua mãe, que se mudou para ficar perto da filha, Celma de Lima chega à comunidade da Serrinha – local onde faria história.

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Recorte de Foto de Celma e sua mãe, Maria Francisca | Crédito: Acervo pessoal.

A ocupação

A comunidade da Serrinha surgiu através da ocupação deste espaço, que se intensificou no final da década de 70. Localizado no Maciço do Morro da Cruz, a Serrinha se tornou o destino de muitas famílias de baixa renda, que buscavam um ambiente digno e seguro para viver. 

Pelo fácil acesso ao centro da cidade, o bairro se tornou cada vez mais atrativo para essa parcela da população, que buscava infraestrutura e ofertas de emprego. E foi por isso que, assim como centenas de famílias, Celma veio para a Serrinha.

Com o dinheiro que passou a vida economizando do baixo salário que ganhava como zeladora, Celma comprou a primeira casa. 

“Quando eu comprei, a casa já tinha 25 anos, e por isso quis desmanchar e fazer outra. Eu achei que podia fazer um casão, ocupar todo o espaço do terreno, para morar bem, sabe? Quando comecei a desmanchar, metade das madeiras foi fora. Tudo cheio de cupim. Com o que sobrou, deu pra fazer 2 quartos, sala e cozinha. Fiz o banheiro em baixo. Falei: ‘Graças a deus! A gente tem onde morar.’” 

15 anos depois, com mais economias, conseguiu construir a casa onde hoje mora com seu marido e seus netos, na Servidão dos Lageanos. 

Localizada entre a rua Marcus Aurélio Homem e a caixa d’água da Casan que abastece a região, a servidão abriga mais de 100 famílias, e integra  um terreno de 14 mil m², que pertenciam originalmente à Universidade Federal de Santa Catarina.

Apesar de ter sido adquirido como anexo da Moradia Estudantil, o local nunca chegou a ser utilizado pela UFSC, por ficar afastado do campus da Trindade – além de possuir declive e estar localizado em área de preservação ambiental. 

Porém, em 2009, sem o conhecimento dos moradores que ocupam o local, a UFSC abriu ação de reintegração de posse do terreno. O pedido partiu do pró-reitor de Infraestrutura, na época, João Batista Furtuoso. 

O documento entregue à 3ª Vara Federal de Santa Catarina passou pelo chefe de gabinete da Pró-Reitoria de Administração, José Carlos Petrus, e foi assinado pelo procurador-federal que atuava na UFSC na época, Milton Luiz Gazaniga de Oliveira.

O texto do documento afirma que as ocupações representavam risco para a comunidade universitária, por concentrarem atividades ligadas ao tráfico de drogas. As acusações, nunca comprovadas, ofenderam os moradores do local – muitos deles, inclusive, funcionários da Universidade. 

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Crédito: Tay Nascimento.

Um processo violento

Na manhã de 11 de julho de 2012, os moradores da Servidão dos Lageanos foram acordados pela brutalidade policial. Dezenas de policiais federais chegaram ao local, acompanhados de oficiais da justiça e repórteres. 

“As pessoas contam que eles chegaram com a arma na mão, com o dedo no gatilho. Teve casas que meteram o pé na porta. E me diz, pra que tudo isso?”, questiona dona Celma. 

Naquele dia, com muita calma e paciência, Celma e outras lideranças da comunidade conversaram com os oficiais de justiça, para entender o que estava acontecendo. Com os moradores comprometidos a procurar a justiça para regularizar a situação, a polícia deixou o local.

Naquele momento se iniciava uma batalha que duraria oito anos, um mês e 22 dias. Foram 1024 reuniões, 3800 telefonemas e mais de 2600 mensagens trocadas por aplicativos – cada passo dado registrado por Celma, que dedicou os últimos 36 anos de sua vida à comunidade. 

O agressivo e repentino pedido foi um choque para os moradores da comunidade – construída, inclusive, com a ajuda de muitos profissionais e estudantes da própria UFSC.

“Em 85, quando a gente começou a organizar a comunidade, tinha muitas enfermeiras da UFSC, e o pessoal da assistência social faziam um trabalho aqui. A universidade era muito próxima da comunidade”, relembra dona Celma. 

Apesar do resultado favorável aos moradores, o processo de integração do terreno à prefeitura foi marcado por muitos momentos de conflitos. Professores da Universidade, defensores públicos e outros profissionais tiveram posturas elitistas e preconceituosas em diversos momentos. Todos partiam do mesmo pressuposto: quem mora na favela é vagabundo. 

“Fala que vocês não querem esses vagabundos lá, que eu mando passar a máquina.” 

A frase, dirigida ao chefe de gabinete da UFSC, é de uma das defensoras públicas que atuou no processo. Para Celma, a ameaça é a síntese do tratamento destinado aos moradores das periferias de Florianópolis. 

“A gente mora em uma comunidade e vê que as pessoas vem aqui com medo. Eu não sei por que tem esse medo. Como tem medo de vir numa comunidade, se as pessoas que moram aqui, são as pessoas que estão na casa deles trabalhando? Fazendo o serviço, cuidando do filho deles? Você vê a prepotência das pessoas. Isso me revolta”, reforça Celma.

Dos diversos ataques proferidos por aqueles que nem de longe conhecem a realidade vivida por quem precisa lutar pelo direito à moradia digna, Celma lembra do amargor de todas as ofensas ouvidas. E apesar de todas as noites que chorou, por medo de perder tudo que construiu – mesmo sob a acusação de que não a pertencia. 

“Por que eu não tenho direito de ocupar se é meu também? Se ele é da União ele é nosso também. Ele não é meu, eu não faço parte desse Brasil, dessa cidade, desse estado? Eu faço e eu muito trabalhei pra esse estado crescer.”

Clique aqui e leia a carta de agradecimento feita por Celma e Comissão de Moradores e lida na reunião do Conselho Universitário 

Pelas mãos de Celma

Nome forte na comunidade, Dona Celma é uma das criadoras da Associação Força de Marias, que representou os interesses dos lageanos durante todo o processo de luta pelo terreno ocupado. 

Mas, para além da luta no Ministério Público, prefeitura e procuradoria do município – locais onde passou boa parte dos últimos anos – a liderança comunitária de Celma transborda e pode ser percebida por todo o bairro.

As mãos de Celma estão por toda a comunidade.

Estão nos muros, construídos tijolo por tijolo pelos moradores da Servidão, que usavam o seu tempo de descanso para melhorar o local onde moram. Estão nas 1600 cascas de ovos que foram limpas, decoradas e recheadas por Celma, que alegrou a páscoa de centenas de crianças da comunidade.

Estão também na pequena praça que leva o nome de sua mãe, Maria Francisca – figura importante na construção do bairro e da grande mulher que Celma se tornou. Além da praça, a memória de dona Francisca está nas em algumas das árvores frutíferas que embelezam a Servidão dos Lageanos. A história por trás do plantio, porém, não é tão bela. 

“Nas épocas de vacas magras [pobreza], eu passava na UFSC e enchia uma sacola com as frutas que tinha lá. Muitas vezes de noite era o que eu jantava. Eu preferia deixar a comida pra minha mãe, minha filha e minha sobrinha. Quando nos mudamos pra cá, minha mãe falou: eu vou plantar uma dessas. Como tá matando a fome da gente hoje, um dia ela pode matar a fome de alguém.”

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Maria Francisca e um vizinho, quando chegou à comunidade | Crédito: Acervo pessoal.

Em 2006, quando sua mãe ficou acamada devido a uma enfermidade, Celma parou de trabalhar para se dedicar exclusivamente aos cuidados dela. Foram 6 anos de carinho, acolhimento e muito respeito pela mulher que sempre foi referência de força para sua filha. 

Quando fala do amor que compartilharam, e da saudade que ela deixou, vejo os olhos de Celma brilharem. “Minha mãe não saia da cama pra nada, e eu tinha tanto medo dela ficar com hematomas. Mas ela não teve uma ferida sequer no corpo. Eu dava banho, fazia massagem, tudo pra não ter ferida. E não teve.” 

Quando questionada sobre o que a levou a lutar pelo bairro onde mora, Celma sorri e afirma: a coragem vem da necessidade. 

“Tu vai morar em um lugar onde não chega um carro na frente da sua casa? Não! Eu posso lutar pra ter luz, água, calçamento, uma escola. Porque isso é um direito que eu tenho. A necessidade faz você lutar. Fazer o que precisa ser feito – não só pra ti, pro coletivo”.

Com as mãos firmes, gesticula enquanto fala, como quem busca ressaltar o que diz: luta se faz no coletivo. 

“Se eu fosse pensar só em mim, eu estaria muito bem. Teria uma casa de dois andares, um carro na garagem. Mas eu não penso assim. Eu penso nos meus filhos, nas pessoas que precisam de mim. Eu tiro de mim pra ajudar as pessoas, eu sou assim: Precisa? Eu tenho? Leva. Porque eu sei que o dia que eu precisar, eu vou ter.”

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Crédito: Tay Nascimento.

Tempos ainda mais difíceis

O senso de coletividade e a luta de dona Celma não se encerraram com a doação do terreno onde tantas famílias vivem. Durante a pandemia de coronavírus e os diversos obstáculos enfrentados durante o período de isolamento social, foi preciso encontrar forças e se manter firme.  

Entre 2020 e 2022, foram mais de 1900 cestas doadas por meio da articulação de Celma. Porém, a líder ressalta que sem um grande círculo de amigos, isso não seria possível. 

“Isso me acalenta o coração, em meio a tanta tristeza e tanta coisa como a gente passou, ver que ainda existem pessoas boas. Ver que tem gente que não precisaria fazer se não quisesse, mas se dedica a fazer o bem. Isso dá força pra você continuar lutando.”

Uma de suas amigas doou mais de 5 mil reais em latas de leite para as crianças que precisavam. Outra, doou um enxoval inteiro para recém-nascidos. Amigos dos amigos ajudam a encontrar médicos e psicólogos para aqueles que necessitam. E assim, Celma construiu uma rede gigante, cuja ajuda extrapola a comunidade.

“As vezes me doavam cestas e diziam: a prioridade é aqui. Não, a prioridade é onde tem fome. Pode ser aqui, no Sul da Ilha, do outro lado da ponte. Se me pedir eu dou jeito de entregar. Fome não tem cara e não tem lugar. E fome tem pressa!” 

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Arrecadação de cestas e kits de alimentos durante a pandemia de covid-19 | Crédito: Acervo Pessoal

Emocionada ao relembrar os desafios superados, Celma reforça o pedido de que seu agradecimento aos amigos esteja presente nessa reportagem.  “Eu sou grata porque se não fosse essas pessoas, eu não podia ajudar ninguém. A gente não é ninguém sem a ajuda do outro.”

Planos para o futuro

Para Celma, a esperança é de que, com o novo projeto de urbanização aprovado após a vitória dos moradores, o bairro receba as melhorias que precisa. Apesar da escola e do acesso ao transporte público, ambos conquistados pela comunidade, muita coisa ainda precisa ser feita. 

Dos desafios, estão a  falta de rede de esgoto, as construções em áreas de risco, o amplo acesso à energia elétrica regularizada e a escritura dos imóveis no local. Nesse último ponto, Celma cita a luta de uma de suas amigas mais próximas, a dona Ilda, que mora em frente a sua casa:

“Uma pessoa que lutou bastante junto comigo, pra gente conseguir o terreno. Tinha época que ia só eu e ela pras reuniões. Eu olho pra casa dela e dá uma dor, porque daquela época, a única casa que tá ruim é a dela. A esperança é que esse projeto venha de uma vez, pra que ela consiga fazer um financiamento, e arrumar a casinha.” 

No momento, a prefeitura tem trabalhado em cima de um projeto de urbanização feito como Trabalho de Conclusão de Curso da estudante Thayssa Christensen – agora arquiteta formada pela UFSC.

Há também um projeto para a rede de esgoto, feito pela professora e arquiteta Maria Inês Sugai, junto aos professores Samuel Steiner dos Santos e Lucas Dias. A comunidade também solicita a revitalização da Praça Maria Francisca de Lima. 

O processo corre tranquilamente – ajustes estão sendo feitos e alguns pontos precisam ser discutidos em reuniões, mas as obras devem começar na metade de 2023. Esperançosa, Celma acredita na parceria entre Universidade, prefeitura e comunidade.

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Crédito: Tay Nascimento.

A luta tem cor

Das inúmeras parcerias colecionadas durante as três décadas de luta comunitária, dona Celma se emociona ao lembrar de Horácio Adão. O amigo que conheceu em 1979 era um incentivador de pessoas. Todos os dias, subia o morro com sua carrocinha, alimentando porcos e cavalos pelo caminho. E quando cruzava com Celma, tinha papo para horas de conversa. 

Havia um tópico sempre presente nos encontros: o bairro precisava de uma escola. Juntos, Horácio e Celma lutaram por isso – mesmo com uma rotina atarefada de trabalho, na qual era preciso muita estratégia e força de vontade.

“Eu e Horácio, a gente trabalhava uma semana inteira pegando meia hora mais cedo, pra não ser descontado do tempo de serviço. Largava meia hora mais tarde, ou, fazia só 1h30 de almoço. Sempre pra ganhar 30 minutos. Ia acumulando cada minuto pra gente ir na secretaria, pedir as coisas, levar documento.”

Quando acumulavam a carga horária necessária, a dupla corria para a Prefeitura, exigir seus direitos. Chegavam lá antes mesmo do expediente começar, eram os primeiros a serem atendidos, e em seguida corriam para seus trabalhos. 

Quando a escola foi conquistada, levou o nome de João Jacinto Cardoso – que dona Celma questiona quem é e por que foi homenageado. A mudança do nome da escola é uma das lutas da qual Celma ainda não foi vitoriosa, e da qual não pretende desistir, mesmo encontrando resistência contra a ideia. 

“Tem pessoas que dizem que não precisa mudar o nome, mas coloca uma placa homenageando. Mas porque só uma placa homenageando? Se foi uma pessoa que lutou. E eu fico pensando, é questão política? Ou será que é porque o Horacio era negro? Porque a pessoa que fala isso pra mim hoje, é branca.”

Os preconceitos contra cor, classe e moradia estiveram presentes durante toda a luta da Celma pelo bairro onde vive. E apesar de todos eles, Celma se construiu como um exemplo vivo de resistência e luta coletiva. 

Por sua liderança histórica na Serrinha, em 2019, recebeu a medalha Antonieta de Barros – que tem como objetivo de homenagear mulheres que tenham se destacado nas áreas cultural, política, desportiva, empresarial e de prestação de serviços ou ação social no município de Florianópolis.

Contente com a indicação, que veio de dois vereadores diferentes, Celma se sente orgulhosa de ver sua luta reconhecida. Contrariando um histórico racista e elitista que tende a apagar a história de pessoas negras da capital do estado mais branco do país, Celma segue sendo lembrada e celebrada – e faz um pedido importante para quem a escuta. 

“As pessoas têm que valorizar o que é da sua comunidade. Valorizar sua história, sua luta, sua raiz. Você, da comunidade, lute para mostrar a sua história. Marca o território onde tu tá, seja visto.”

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Crédito: Tay Nascimento.

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  • Gabriele Oliveira

    Estudante de Jornalismo (UFSC) dedicada à escrita de reportagens, com foco na cobertura de direitos humanos. Estagiária...

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