Durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, momentos vividos por e entre mulheres estão viralizando nas redes sociais, por conta da representatividade, força política, sororidade e por serem históricos.

Separamos alguns desses momentos. Confira na lista:

1. A primeira atleta paralímpica em uma Olimpíada

Bruna Alexandre é a primeira atleta paralímpica brasileira a disputar as Olimpíadas. Ela foi convocada para o tênis de mesa.

A atleta natural de Criciúma (Santa Catarina), conquistou dois bronzes nas Paralimpíadas de 2016, nas categorias classe 10 individual e classes 6-10 por equipes, uma medalha de prata em Tóquio 2020, no C10 individual. Em 2023, ela se tornou a primeira brasileira a disputar tanto o Pan-Americano, como os Jogos Parapan-Americanos.

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Bruna Alexandre em jogo nas Olimpíadas 2024 | Crédito: Gaspar Nóbrega/COB.

“Acho que é muito importante não só pensar no esporte, mas também na inclusão, no meu país e no mundo também, mostrando que tudo é possível, independentemente se você tem só um braço ou só uma perna”, disse a atleta à Agência Brasil.

2. Medalhista no badminton homenageia atleta que sofreu lesão

Ao ganhar a medalha de prata no badminton individual, a chinesa He Bingjiao segurou um broche com a bandeira da Espanha. O gesto é uma homenagem à Carolina Marín, atleta espanhola que era favorita ao ouro na categoria, mas desistiu da competição após lesionar o joelho durante a partida com a chinesa.

“O momento do pódio é um dos gestos mais bonitos que já recebi e sinto-me extremamente grata”, escreveu Marín no Instagram.

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He Bingjiao com medalha de prata e broche da Espanha | Crédito: 2024 VCG.

3. Atletas competiram grávidas

Após conquistar o melhor resultado pessoal em Olimpíadas, a esgrimista egípcia Nada Hafez revelou que estava grávida de 7 meses. “O que pode parecer apenas duas jogadoras nas pistas, na verdade eram três. Eu, minha competidora e meu bebezinho que ainda não veio ao mundo”, escreveu a atleta no Instagram.

Hafez terminou em 16º lugar na competição de esgrima individual de sabre feminino, entre 64 competidoras. “O orgulho enche meu ser por eu ter garantido meu lugar nas oitavas”, complementou a atleta na postagem.

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Nada Hafez finaliza sua participação nas Olimpíadas 2024 | Crédito: reprodução Instagram.

A atleta Yaylagul Ramazanova, que representa o Azerbaijão no tiro com arco, também competiu grávida, de seis meses e meio. À imprensa, a atleta contou que sentiu o bebê se mexer antes de disparar uma “flecha decisiva” para vencer a chinesa An Qixuan. Ramazanova foi eliminada na rodada seguinte.

“Durante a preparação para os Jogos, a gravidez não me causou desconforto. Pelo contrário, senti que estava competindo junto com meu bebê”, disse aos jornalistas.

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Yaylagul Ramazanova durante participação no tiro com arco | Crédito: reprodução Instagram.

4. Boxeadora protesta contra Guerra no Congo

A boxeadora Marcelat Sakobi, da República Democrática do Congo, denunciou a violência que assola o seu país após uma partida. Com a mão na frente da boca e os dois dedos na cabeça, simbolizando uma arma, Sakobi chamou a atenção para os conflitos armados que acontecem no país.

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Marcelat Sakobi denuncia violência armada no Congo | Crédito: reprodução exibição TV Globo.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), até o ano passado, 7 milhões de pessoas estavam desabrigadas por conta dos conflitos.

O gesto de Sakobi foi usado originalmente pelo jogador de futebol Cédric Bakambu e também feito por toda a seleção de futebol do país, durante a execução do hino nacional na semifinal da Copa Africana de Nações deste ano.

5. Primeiro pódio da ginástica formado por mulheres negras

A brasileira Rebeca Andrade e as estadunidenses Simone Biles e Jordan Chiles formaram o primeiro pódio inteiramente de mulheres negras da história da ginástica olímpica. As três foram consideradas as melhores na categoria solo.

Durante a entrega da medalha de ouro para Rebeca, Simone e Jordan reverenciaram a brasileira, em sinal de respeito. Depois, as três deram as mãos.

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Simone Biles e Jordan Chiles reverenciam Rebeca Andrade | Crédito: Comitê Olímpico Internacional.

Andrade e Biles são destaques nas Olimpíadas 2024. Apesar de terem sido concorrentes em diferentes categorias, as imagens que viralizaram foram de uma elogiando a outra e de conversas das atletas durante as competições. 

“Amo Rebeca. Ela é uma pessoa maravilhosa e uma ginasta melhor ainda. Foi um pódio todo com mulheres pretas, então foi superemocionante para nós”, disse Biles após o pódio do solo.

“[Um pódio com atletas negras] numa Olimpíada, com milhões de pessoas nos assistindo, é mostrar a potência que somos. Que, apesar das dificuldades, podemos sim fazer acontecer”, falou Andrade.

6. Primeira medalha da história do time olímpico de refugiados

A boxeadora Cindy Ngamba não pode lutar por Camarões, porque é lésbica e no país de nascença, a homossexualidade é crime. Também não pode lutar pela Grã-Bretanha, país onde vive desde os 11 anos, porque nunca conseguiu a cidadania. Agora, ela faz história ao conquistar a primeira medalha do time olímpico de refugiados.

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Cindy Ngamba (à esquerda, de azul) durante luta nas Olimpíadas 2024 | Crédito: John Huet/Comitê Olímpico Internacional.

Ela chegou ao Reino Unido sem saber falar inglês. Enfrentou bullying e solidão na escola até descobrir o boxe por acaso. 

Seu treinamento para a Olimpíada foi apoiado pela Fundação Olímpica de Refugiados por meio do Programa de Bolsa para Atletas Refugiados, que é financiado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

“Este é um grande momento para Cindy, para a Equipe Olímpica de Refugiados do COI e para as 120 milhões de pessoas em todo o mundo que foram forçadas a fugir de suas casas”, afirmou Jojo Ferris, chefe da Fundação Olímpica de Refugiados.

7. Atleta italiana beija namorada na frente da primeira-ministra homofóbica

Após ganhar a medalha de ouro na categoria até 78 kg, a judoca italiana Alice Bellandi beijou a namorada, a brasileira Jasmine Martin. Ao lado das duas, estava a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, cuja reação viralizou nas redes sociais.

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Postagem que mostra reação de Giorgia Meloni durante beijo | Crédito: reprodução X.

A primeira-ministra se declara antifeminista e contrária ao que chama de “lobby LGBT”. No ano passado, ela assinou uma lei que retirou o nome das mães não biológicas de filhos de famílias formadas por duas mães.

Este é um ouro cheio de amor. Lamento que o beijo possa ser interpretado de outra forma. Tudo é movido pelo amor. O esporte é amor, a amizade é amor, o casal é amor”, disse a atleta italiana à emissora RaiSport.

8. Medalhas brasileiras são majoritariamente conquistadas por mulheres

Das 13 medalhas conquistadas pelo Brasil nas Olimpíadas, nove foram conquistadas nas categorias femininas. Beatriz Souza conquistou um ouro pelo judô acima de 68 quilos. Rebeca Andrade ganhou uma medalha de ouro e duas de prata em categorias individuais da ginástica, além de participar da medalha de bronze conquistada pela equipe, também formada por Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva, Júlia Soares e Jade Barbosa.

Tatiana Weston-Webb conquistou prata no surf. Bia Ferreira ganhou bronze no boxe até 60 kg. Larissa Pimenta conseguiu uma medalha de bronze no judô até 52 kg. Rayssa Leal volta para o Brasil com uma medalha de bronze no skate street.

As mulheres também foram decisivas para que a equipe mista de judô ganhasse uma medalha de ouro. Além de Souza e Pimenta, Rafaela Silva e Ketleyn Quadros participaram da equipe.

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Rebeca Andrade, Beatriz Souza e Bia Ferreira com medalhas olímpicas | Crédito: Alexandre Loureiro/COB.

E ainda há mais expectativa de medalhas para as mulheres brasileiras!

A equipe de futebol feminino já garantiu uma medalha. O jogo contra os Estados Unidos, no sábado (10), às 12h, horário de Brasília, irá definir se a medalha será de prata ou de ouro. A final marcará a despedida de Marta da seleção brasileira, considerada a maior jogadora de todos os tempos.

A seleção feminina de vôlei do Brasil está invicta até agora nos jogos. Na quinta (8), a seleção enfrenta os Estados Unidos, às 11h, na semifinal. Se ganhar, já garante uma medalha de ouro ou prata. Se perder, ainda pode disputar o ouro.

Além das seleções, especialistas projetam possibilidades de medalhas nos próximas dias para brasileiras: Ana Patrícia e Duda (vôlei de praia), Ana Marcela (águas abertas), Maria Clara (taekwondo), Carol Santos, a “Juma” (taekwondo) e conjunto de ginástica rítmica.

Bônus: Ex-atleta monta espaço para crianças na Vila Olímpica 

Como uma etapa no compromisso de garantir a equidade de gênero, pela primeira vez na história da competição, foi estruturada uma creche dentro da Vila Olímpica. O espaço fica na área não residencial da vila e fica aberto todos os dias, entre 9h e 21h.

De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), o espaço não é para que atletas deixem os filhos, mas para que possam conviver durante a competição.

O espaço oferece assentos, lugar para brincadeiras e área para amamentação, além de fornecer itens de higiene. O local foi idealizado por Allyson Felix, ex-velocista estadunidense que ganhou uma medalha 11 meses após o nascimento da filha.

“É uma mudança de cultura, e está dizendo que a maternidade não é o fim. Se você escolher ser mãe no meio de sua carreira, você ainda pode ter performances incríveis”, disse Felix à NBC Olympics.

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  • Daniela Valenga

    Jornalista dedicada à promoção da igualdade de gênero para meninas e mulheres. Atuou como Visitante Voluntária no Instit...

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