Mais dois câmpus de ensino técnico aderiram ao movimento nacional estudantil secundarista pelas ocupações escolares contra a PEC nº 241, transformada em PEC 55 no Senado; a reforma do ensino médio e o PL nº 867/2015, que trata do Programa Escola sem Partido. Após assembleia nesta quinta, 03 de novembro, estudantes do IFSC Palhoça Bilíngue, na Grande Florianópolis, decidiram ocupar a Instituição. Em Concórdia, alunos/as do ensino médio e da graduação do Instituto Federal Catarinense passaram a ocupar o câmpus na segunda-feira, 31 de outubro. Como na maioria das escolas, as aulas também estão mantidas. Uma central criada para monitorar as ocupações no Estado já contabilizava 23 escolas ocupadas em Santa Catarina no início da semana.
No total, segundo nota oficial do IFC, pelo menos cinco dos 15 câmpus da antiga escola técnica foram ocupados ou realizaram atividades para debater as pautas de interesse nacional que as ocupações procuraram visibilizar. Outros cinco do antigo Cefet também estão ocupados em Santa Catarina. A grande maioria dos cursos mantém as aulas. Na região da grande Florianópolis, são pelo menos cinco as escolas ocupadas. Segue funcionando uma rede online para receber doação de alimentos e sugestões de palestras, oficinas e outras atividades.
Os Câmpus do IFC em Camboriú e Concórdia foram desocupado pelos estudantes para a realização do ENEM, que ocorrerá nos dias 5 e 6 de novembro, conforme decisão do próprio movimento no início da ocupação. Após o exame, segundo integrante da ocupação, haverá nova assembleia para deliberar sobre a continuidade do movimento. Em Chapecó, as salas de aula do câmpus do IFSC também serão liberadas para viabilizar a realização do ENEM.
Programação diversificada nas ocupações
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Além das pautas nacionais que mobilizam os/as estudantes por todo o país, uma diversificada programação complementar ao conteúdo escolar vem sendo oferecida nas escolas ocupadas. Temas como agroecologia, resgates históricos, oficinas de orientação profissional, debates sobre a Constituição e outras legislações, estrutura dos três poderes, feminismo, meditação, intervenções artísticas, saraus e outras atividades concentram a atenção dos centenas de estudantes por todo o Estado. A preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio também é parte da programação, com aulões de redação, biologia, literatura, arqueologia, história e matemática, entre outras disciplinas. Ações comunitárias como limpeza e recuperação das escolas e proteção a cães de rua, também fazem parte da nova rotina escolar dos estudantes que participam das ocupações.
O apoio da comunidade estimula os/as estudantes que ocupam o maior câmpus do Instituto Federal de Santa Catarina do país, em Florianópolis. Desde os primeiros dias, há uma intensa agenda de oficinas, palestras e debates propostos por voluntários. “O apoio é muito grande. Recebemos muitas doações de alimentos e oferta de atividades. Temos programação para meses”, conta Marcelo*, integrante da organização da “ocupa”, como os próprios estudantes chamam a ocupação.
Aluna da Instituição, Gencen convidou um amigo para oferecer uma oficina prática de defesa pessoal para mulheres. “Como mulher, a gente sente a todo momento a pressão de se defender, mesmo em lugares considerados mais amigáveis”, afirma.
Mesmo com o apoio da comunidade e da direção da instituição, como ocorre em toda ocupação, há movimentos contrários que procuram desmobilizar e diluir a organização dos alunos, conta Gensen, que é estudante da Graduação e apoiadora do movimento. “A gente procura garantir segurança para que os estudantes possam agir politicamente da forma como acharem que devem. É uma experiência muito rica tanto para os secundaristas quanto pra nós. Mas muitos não entendem o que está acontecendo ou tentam dissuadir o debate”, conta Gencen.
Entre as universidades, estão ocupadas a reitoria da Udesc e alguns centros acadêmicos e cursos da UFSC, em Florianópolis. O câmpus da UFFS Chapecó também mantém a ocupação.
- * O nome foi alterado a pedido do estudante
*Atualizada em 05/11, às 8h32min
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