O que pensam os dois candidatos ao governo de Santa Catarina sobre desigualdade de gênero
Os dois candidatos que disputarão no segundo turno o cargo de governador do Estado, Gelson Merísio (PSD) e Comandante Moisés (PSL), foram questionados pelo Portal Catarinas sobre as suas propostas para a redução da desigualdade de gênero em Santa Catarina, estado com o maior índice de violência doméstica do País, o primeiro em tentativa de estupro, e o segundo em estupro, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em agosto deste ano. Os dois concorrentes são apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) – repudiado no movimento #EleNão por sua postura misógina, machista e racista – e responderam ao mesmo questionário. Comandante Moisés é o único que tem na chapa uma mulher postulante à vice-governadora, a advogada e produtora rural Daniela Reinehr.
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Sobre a questão da prevenção da violência de gênero, a partir da reflexão sobre as desigualdades dentro de sala de aula com foco na educação não sexista, Comandante Moisés (PSL) afirmou que entre suas propostas a implementação no currículo escolar de temas que tragam reflexões para condições de igualdade entre mulheres e homens, no sentido de obter a prevenção e diminuição da violência de origem cultural. E, em contrapartida, disse que em sintonia com Jair Bolsonaro, vai “trabalhar para que o tema ideologia de gênero não faça parte dos planos municipais de educação”.
A suposta “ideologia de gênero”, termo cunhado de forma a criminalizar os professores e os debates sobre a redução da desigualdade de gênero e aterrorizar a população, tem sido utilizado para camuflar o que realmente trata a discussão de gênero em sala de aula: um debate qualificado sobre as assimetrias históricas entre homens e mulheres e sobre a valorização da diversidade sexual na prevenção das diversas formas de violência.
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Já o candidato Gelson Merísio (PSD) disse que a grande preocupação é com a área da segurança no estado e que aposta no reforço policial como solução da violência. Nos casos de violência contra mulher, a solução para ele é “punir o agressor imediatamente” e “educar as crianças para que não se tornem adultos agressores e conscientizar as mulheres para que denunciem qualquer tipo de abuso, mas sem ideologias partidárias”.
As ideologias que ele chama de partidárias indicam ser as discussões sobre as relações de poder que estruturam a sociedade e inferiorizam uma grande parcela da população, entre elas as mulheres. O candidato que promete colocar mulheres em 50% dos principais cargos de seu governo, se eleito, apresenta assim a mesma contradição, de acreditar que pode existir transformação social sem engajamento e pensamento crítico.
Confira as entrevistas na íntegra:
Comandante Moisés (PSL) defende reflexão sobre igualdade entre mulheres e homens na escola
Merisio (PSD) propõe que 50% das funções de chefia do governo sejam exercidas por mulheres