Com foco na candidatura de mulheres feministas, o Portal Catarinas ampliou a cobertura da disputa e enviou questionários para todos os candidatos ao governo do Estado que tiveram sua candidatura deferida pelo TRE-SC, perguntando sobre suas propostas voltadas para a redução da desigualdade de gênero em Santa Catarina.
Os candidatos contatados foram: Carlos Moisés da Silva (PSL), Décio Lima (PT), Gelson Merisio (PSD), Jessé Pereira (Patri), Leonel Camasão (PSOL), Mauro Mariani (MDB) e Rogério Portanova (Rede). Ingrid Assis (PSTU) foi entrevistada pessoalmente por ser a única mulher concorrendo ao cargo. O primeiro candidato a enviar as respostas foi o Comandante Moíses (PSL).
Catarinas: Quais as pautas prioritárias da sua campanha?
Comandante Moisés: Sabemos que a educação de qualidade, a excelência nos serviços públicos de saúde, além de estratégias eficientes para a segurança pública, são considerados parâmetros de equilíbrio nas sociedades desenvolvidas, elevando a qualidade de vida e o bem-estar. Quando tratamos deste assunto, vivemos apenas na esperança, pois a situação vivenciada em nosso Estado é mais complicada do que se imagina. Precisamos de espírito público e valores como honestidade, ética, liderança, capacidade e integridade, para trabalhar em defesa das famílias catarinenses, levando a palavra mudança sempre à frente. Juntamente com a candidata a vice-governadora, Daniela Reinehr, teremos desafios para atuar nas políticas públicas com efetividade, na luta por um cenário futuro diferente do que vemos hoje. Pretendemos atuar nas três principais áreas de vocação do Estado, quais sejam, saúde, educação e segurança, sempre com foco no combate à corrupção, que é a causa de todos os desmandos nessas áreas de atuação do Estado. Temos a plena consciência de que sem saúde, educação e segurança, não há ordem e progresso, o Estado não sai do lugar. É necessário parar de viver na esperança. Precisamos de uma mudança de direção.
Catarinas: Santa Catarina é o segundo estado do País com maior número de estupro, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o mesmo relatório, em 2017, foram registrados 48 feminicídios. Como pretende atuar para a redução da violência contra as mulheres em SC?
Comandante Moisés: Recentemente a Polícia Militar de Santa Catarina lançou um Programa chamado Rede Catarina de Proteção à Mulher e este é um dos programas aos quais estaremos fortalecendo, aumentando os investimentos na prevenção a violência doméstica contra as mulheres. Neste sentindo, estaremos fomentando tanto este, como outros projetos que estão em nossa pauta para serem lançados e que irão proporcionar para a mulher uma atenção rápida, uma proteção policial e um trabalho focado na prevenção, dando mais acessibilidade de intervenção policial para que possamos preservar a vida dela, da melhor forma possível. É necessário que se faça mudanças, rapidamente, na busca de se conservar e preservar a mulher, este é o caminho para que a vida comece a ser respeitada, valorizada e protegida.
Catarinas: Quais as principais propostas para diminuir as desigualdades entre homens e mulheres no estado e garantir recursos para diminuir esse fosso?
Comandante Moisés: Em sintonia com nosso presidenciável Jair Bolsonaro e com o postulante ao Senado, Lucas Esmeraldino, vamos implementar, no currículo escolar, temas que tragam reflexões para condições de igualdade entre mulheres e homens, de forma a trabalhar na prevenção e diminuição da violência de origem cultural, bem como trabalhar para que o tema ideologia de gênero não faça parte dos planos municipais de educação, além da criação de uma política de planejamento e proteção às famílias, que são a base da sociedade. Este é o caminho para que a vida comece a ser respeitada, valorizada e protegida.
Catarinas: A Lei Maria da Penha determinou a implantação de atendimento policial especializado para mulheres por meio das delegacias exclusivas. Mais de uma década depois, Santa Catarina ainda é o único Estado da região Sul que une quatro urgências em uma mesma unidade. De que forma você pretende agir para cumprir o que determina a lei?
Comandante Moisés: Nosso Estado é um dos poucos que ainda não se enquadra ao cumprimento da Lei Maria da Penha, estipulada em 2006, que solicitava a criação de delegacias exclusivas no atendimento às mulheres vítimas de violência. Santa Catarina, 12 anos depois, possui apenas a Delegacia de Polícia de Proteção da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso, ou seja, quatro urgências de alta demanda juntas, só nos leva a entender que há a falta de um bom funcionamento frente à prevenção e defesa da mulher. No nosso governo vamos desmembrar essas quatro especialidades e criar delegacias especializadas, voltadas para cuidar da política da mulher, exclusivamente. É de políticas públicas como estas que precisamos para oferecer maior segurança, respaldo e valorização à vida da mulher.
Catarinas: Especialistas defendem que não basta atuar depois da violência, é preciso preveni-la. Uma das formas se dá por meio de uma educação não sexista. É prioridade para o seu governo a promoção de uma educação não machista e que respeite a diversidade?
Comandante Moisés: Esta é uma luta que tanto eu, quanto nosso candidato ao Senado, Lucas Esmeraldino, viemos travando durante essa campanha. Vamos valorizar a mulher na mesma proporção que já viemos fazendo durante esta campanha, através da Daniela Reinher como Vice-Governadora, bem como com a participação feminina em candidaturas a deputada pelo PSL/SC, que é considerada a maior entre todos os partidos, nesta eleição. Como falei anteriormente, vamos incluir temas que visam oferecer uma educação que promova reflexão sobre questões culturais pouco tratadas atualmente, além de promover a igualdade entre todos e, para que isso seja possível, é preciso implementar novas ideias e valores que não reforcem a concepção de um mundo masculino superior ao feminino, que não limite a capacidade e nem mesmo a autonomia feminina, mas sim ofereça condições de igualdade de oportunidades para ambos os sexos.
Catarinas: Há uma luta permanente do movimento de mulheres para que haja uma pasta específica, com status de secretaria, voltada às políticas para mulheres. Mesmo contrariando as demandas do movimento, a pasta vinculada diretamente ao governo passou a ser de competência da secretaria de assistência social, para a qual não são garantidos recursos. Como o seu governo pretender atuar para a garantia de políticas públicas para as mulheres?
Comandante Moisés: O PSL chegou em Santa Catarina defendendo uma nova forma de se fazer política. Vejo que, hoje, a maior parte dos problemas do Estado está na corrupção. Onde há corrupção instalada, há falta de dinheiro para o que realmente importa. Portanto, nosso plano de governo tem como finalidade atender a todos os anseios da sociedade, dando continuidade aos projetos que são bons para o nosso povo, aperfeiçoando-os e garantindo a sua real eficácia, ao tempo que pretendemos também instituir as nossas políticas públicas já sinalizadas em nosso plano de governo. É fato que, tendo uma máquina pública mais enxuta, teremos condições de ampliar os recursos destinados às competências de cada secretaria. Uma de nossas lutas será exatamente essa, enxugar a máquina para sobrar e ter dinheiro para investir em políticas públicas para as mulheres.