A primeira vez que eu ouvi a palavra queer, eu estava em um ônibus voltando para minha cidade natal após uma semana cansativa na faculdade.
Quem me contou sobre tal palavra foi um colega que, na época, estava começando a estudar teoria queer. Brevemente, ele me explicou o contexto do termo e a história da ressignificação dos sentidos que ele evocava.
Para ser sincera, eu não entendi muito bem na época e acredito que até agora não compreendo totalmente. Seis anos após essa conversa, eu me encontro em Brighton, na Inglaterra, capital LGBTQIA+ do Reino Unido, cursando o mestrado em Gênero e Mídia na Universidade de Sussex.
Mais uma vez, a palavra queer cruzou meu caminho, mas desta vez ela ficou perambulando em todos os aspectos da minha vida social. O primeiro estranhamento com o qual me deparei nessas novas terras aconteceu quando me apresentei para alguém que tinha acabado de conhecer e ao falarmos sobre nossas identidades a pessoa se apresentou como queer.
Pensei em silêncio: “O que é ser queer e o que significa ser queer?”.
Conforme fui conhecendo mais pessoas e me introduzindo na cena LGBTQIA+ em Brighton, fui criando coragem para questionar e em tantos questionamentos a pergunta que vinha e ficava era sempre a mesma: “O que é queer no Brasil?”.
A partir dessa pergunta tantas outras vieram: faz sentido queer no Brasil? Queer é uma identidade? Qual a relação entre queer e política? Precisamos de uma palavra da língua inglesa para traduzir? O Brasil é queer?
Queer surge como uma ofensa, uma injúria e algo do qual você não gostaria ser chamado. Para contextualizar melhor, esse era um termo bastante ofensivo e que causava muito desconforto.
Na língua portuguesa, isso não nos diz nada, pois não é uma palavra do nosso vocabulário e, por isso, o choque que é causado na língua inglesa não nos alcança.
Assim como acontece com palavras como “bicha” e “sapatão” no português, queer foi reinvindicada por grupos cujas identidades de gênero e/ou de sexualidade não correspondiam às ideias estabelecidas, ou seja, às normas heterossexuais e cisgênero.
Queer é o diferente, é o que não se explica, o que não se encaixa, é a incoerência, é aquilo que a sociedade não reconhece, é a indeterminação, é o rompimento das identidades estabelecidas…
Mas, ainda assim, eu pergunto de novo: o que é queer no Brasil?
Pensar em tantas perguntas e buscar essas respostas me fez relembrar meu passado. Eu cresci em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul bastante conservadora, mas com muitas incoerências.
Quando eu era criança, ouvia muitas histórias sobre uma personalidade muito famosa da cidade entre os anos 1940 e 1950, chamada Ivo Rodrigues. A Ivo foi uma das primeiras personalidades trans do Rio Grande do Sul e, o fato de ela ser do lugar onde eu nasci me impressionava e continua me impressionando.
Enquanto eu brincava com minhas amigas na rua da minha casa, lembro de ouvir minhas vizinhas que a conheceram comentando sobre os vestidos caros que Ivo usava e como era incrível vê-la em seu carro luxuoso puxado a cavalo pelas ruas da cidade.
Ivo era dona de um bordel no centro da cidade e de tempos em tempos ela se juntava às mulheres que trabalhavam em seu estabelecimento e saía pelas ruas para realizar atos de caridade como doações de roupas, comidas e brinquedos para as crianças.
A memória de Ivo permanece até hoje em uma cidade tão conservadora como a minha e seu túmulo cor-de-rosa é destinado a oferendas, promessas e continuidade de sua memória.
Não posso deixar de pensar: há algo mais queer que isso?
Pensar sobre meu passado me traz de volta ao meu presente. O professor da Universidade Federal de São Paulo, Mário Lugarinho, entrevistado para esse projeto, mencionou na conversa que tivemos que não existe um projeto queer que não seja coletivo.
E eu não poderia concordar mais.
O Projeto Cuíer nasceu de questionamentos que foram compartilhados com várias pessoas que me acompanharam nos meus estudos acadêmicos, na militância e em tantos trabalhos que realizei.
Este projeto nasce do coletivo.
Quem trilha esse caminho comigo de perto e constrói toda a representação visual do projeto é o artista brasileiro Miranda Almeida, com quem troquei experiências e ideias que constituem o Projeto Cuíer.
Cada palavra do Projeto Cuíer foi escrita no The Queery, uma cooperativa LGBTQIA+ em Brighton da qual faço parte e lugar onde eu expliquei várias vezes para diferentes pessoas o que era esse projeto e quais questões eu estava tentando responder.
O que estamos construindo é uma tentativa de compreender o que é queer no Brasil e seus significados; se podemos pensar em um projeto queer que dê conta das especificidades do nosso país e como queer está relacionado com a política brasileira.
Para isso, eu entrevistei pessoas que estão pesquisando e trabalhando com o tema no Brasil. Mesclando suas vozes com pesquisas, dados e histórias, nós traremos possibilidades de respostas para perguntas que são muito complexas, mas necessárias.
Uma das principais barreiras para o entendimento de queer no Brasil é a língua, pois como aponta levantamento realizado pelo British Council, apenas 5% da população brasileira sabe falar inglês.
Queer apresenta não apenas uma dificuldade de compreensão de seus significados e contextos, mas também uma adversidade em sua pronúncia. Afinal, em um país em que inglês não é consenso, como queer faria sentido?
“Cuíer”, como escrevemos, é, portanto, uma possibilidade de ressignificação para o contexto brasileiro.
Uma das muitas possibilidades.
Apresentaremos neste projeto possíveis caminhos para pensar cuíer no Brasil.
Para isso, precisamos discutir primeiro o que é esse tal de queer.
O que significa queer?
Quando mencionei a palavra queer para um dos meus amigos, a resposta que recebi foi: “Mas o que é esse tal de queer?”. A estranheza que o termo causa em outras línguas que não o inglês é compreensível.
Na língua portuguesa, não há uma palavra que equivale aos significados e efeitos que queer traz.
A própria ambiguidade do termo é trazida em sua definição no dicionário. Segundo o Dicionário de Língua Inglesa de Oxford, queer significa “estranho, esquisito, peculiar, excêntrico; também: de caráter questionável, suspeito”. Além disso, a mesma palavra foi usada inicialmente para significar “homossexual” pelo Marques de Queensbury em 1894, na Inglaterra.
Justamente por isso, para muitas pessoas, há uma ideia de que queer está relacionado apenas com questões do movimento LGBTQIA+. E faz sentido, por um lado.
Na década de 1990, por exemplo, em resposta à utilização de queer como uma ofensa, alguns ativistas — principalmente da comunidade gay — começaram a se autodenominar queer em forma de protesto.
Atualmente, em universidades e em movimentos sociais a palavra continua sendo reivindicada por pessoas LGBTQIA+. A própria sigla do movimento, por exemplo, traz essa correlação, já que o Q corresponde a queer.
Mas o que é queer?
Há inúmeras definições de queer que se diferem, mas também se entrecruzam. Uma delas é a da pesquisadora norte-americana de estudos de gênero e teoria queer, Eve Sedgwick, que explica o termo como “uma malha aberta de possibilidades e lacunas”.
Queer, para ela, demonstra que os elementos que constituem gênero e sexualidade de qualquer pessoa não são feitos — e não podem ser feitos — para significarem algo estático e que não muda.
Para a filósofa norte-americana Judith Butler, queer é um termo que desafia noções tradicionais de gênero e sexualidade. Na sua visão, queer não é uma identidade fixa ou categoria, mas um processo fluido.
O termo queer também é atrelado à palavra teoria. Essa junção das duas palavras surgiu de forma polêmica. “Teoria queer” foi utilizada pela primeira vez em 1990 pela pesquisadora italiana Teresa de Lauretis, reconhecida pelos seus estudos na área de psicanálise, semiótica, feminismo e teoria queer.
Ela usou o termo como título de uma conferência na Universidade da Califórnia, onde trabalhava como professora. Ela havia escutado a palavra queer sendo usada por ativistas do movimento gay e artistas e achou uma mescla interessante. Contudo, essa união foi vista de forma muito ofensiva por vários pesquisadores.
O objetivo de Lauretis era problematizar os conhecimentos e pesquisas que estavam sendo desenvolvidos sobre identidades gays e lésbicas e ir além.
No entanto, é importante ressaltar que a teoria queer não foca apenas nas questões referentes a sexualidade e gênero, mas se apresenta enquanto uma oposição aos modos normativos e dominantes que ultrapassam esses âmbitos. Basicamente é uma forma de questionar a sociedade como um todo.
A chegada de queer no Brasil
Em 1984, Mário César Lugarinho começa seus estudos em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro, sem imaginar que veria de perto o surgimento de dois campos de estudo muito importantes.
A década de 1980 marca a chegada — bastante lenta — dos estudos de gênero no Brasil. Só que inicialmente eles não se apresentam com esse nome, mas sim como “estudos de mulheres”.
No Brasil, esse é um momento significativo para o direcionamento e uma discussão mais profunda sobre questões vivenciadas por mulheres, mas também ressalta uma demanda reprimida vivida por pesquisadores LGBTQIA+ que não se sentiam amparados por esses estudos.
“A gente tinha se acostumado a viver dentro do armário e essas questões de gênero e sexualidade estarem circunscritas nos estudos de mulheres nos colocava em uma posição de continuar no armário”, explica Lugarinho, hoje professor de Literatura da Universidade Federal de São Paulo.
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Aos poucos, os estudos sobre gênero e sexualidade, que já vinham sendo desenvolvidos em países do Norte, passam a ser introduzidos no Brasil por pesquisadores de diferentes áreas.
Contudo, quando a teoria queer começa a ser desenvolvida na academia brasileira, ela chega causando um grande estranhamento. E uma das principais razões estava na própria estrutura da palavra e sua fonética .
“A palavra era muito complicada de ser usada, o pessoal não entendia o que era. Não era uma expressão recorrente, mesmo sendo um ‘palavrão’ na língua inglesa. Ela não era conhecida no Brasil, mesmo em filmes… Não era utilizada”, conta Lugarinho.
Esse era apenas um dos desafios que queer trazia.
Desafios
“Minorias exigem em São Paulo: Felicidade deve ser ampla e restrita! Verushka vai à luta pelo direito de ir e vir”, essa é a manchete da capa da edição número 10 de 1979 do Lampião da Esquina, um jornal voltado ao público homossexual brasileiro que circulou entre 1978 e 1981.
Na página três do jornal, o jornalista Aguinaldo Silva escreve sobre a história da travesti Verushka e as ameaças que sofria do síndico do edifício no qual morava no Rio de Janeiro, onde era proibida de usar o elevador social.
Histórias como essa não são surpreendentes em um país marcado por preconceito. Contudo, para o Brasil conservador que estava sob os olhos vigilantes da ditadura essa reportagem era no mínimo polêmica e se apresentava como exemplo de uma das muitas peculiaridades do país.
O jornal Lampião da Esquina nasceu em um contexto de imprensa alternativa, no período da abertura política de 1970, durante o processo de liberação da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 a 1985.
Em 37 edições publicadas, o veículo trouxe para o debate questões do movimento gay, mas também deu espaço para discussões sobre gênero, raça e classe.
As reportagens e textos publicados no Lampião da Esquina abordavam questões polêmicas para uma sociedade vivendo em um regime autoritário, que difundia fortemente uma ideia de moral e bons costumes a serem seguidos.
Contudo, o Lampião da Esquina interrompeu sua circulação paralelamente a um momento muito marcante da história brasileira: a luta contra a Aids.
Pessoas LGBTQIA+, associações de prostitutas e travestis, hemofílicos e profissionais da saúde precisaram se unir para lutar contra a desinformação que circulava e que resultou em uma ideia errada de que a Aids estava atrelada apenas à população LGBTQIA+.
Como explica a pesquisadora e professora de antropologia Larissa Pelúcio, a luta contra a Aids no Brasil não deixou apenas muitas vítimas, mas também resultou em um luto acadêmico.
“Matou conhecimentos que estavam sendo gestados pelas travas, pelos viados, pelos esquerdistas, pelos artistas marginais. Ficou um vazio. Talvez por isso nós tivéssemos, naquele momento, tanta vontade de saber”, escreve em sua pesquisa.
A vontade de saber abriu caminhos para a chegada de novos conhecimentos.
Que país é esse que recebe queer?
Brasil: um país conservador, terra do futebol e do Carnaval, o país que mais mata pessoas transgênero no mundo, lugar de enorme diversidade racial, país colonizado e com uma história de mais de 20 anos de ditadura.
É nesse contexto que o termo queer chega ao Brasil.
Mas como essa palavra é entendida pela população brasileira? É isso que eu não paro de me perguntar.
De acordo com Mário Lugarinho, um dos principais problemas observados na chegada da teoria queer no Brasil estava na forma como ela foi trazida: não houve uma devida problematização e adaptação da teoria e do termo aos contextos específicos do Brasil.
Diferente dos Estados Unidos, por exemplo, os estudos queer adentraram o Brasil através das universidades e não pelo ativismo e movimentos sociais. Essa é uma marca que define tanto o entendimento quanto a disseminação de queer no país.
Na academia, por exemplo, o termo vem sendo muito trabalhado, mas fora dela, nem tanto.
E o que isso quer dizer?
Em resumo, o queer do Norte global não é o mesmo queer da América Latina.
Essa transposição direta e imediata da teoria queer do Norte global para o Brasil causa confusões linguísticas e políticas até hoje.
A professora e pesquisadora italiana Caterina Rea se mudou para o Brasil em 2012 para realizar um pós-doutorado interdisciplinar em Ciências Humanas na Universidade Federal de Santa Catarina.
Atualmente professora na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), ela trabalha diretamente com teoria queer, mas com uma pitada diferente, uma teoria queer que pensa em raça e classe, conhecida como ”queer of color”.
Trabalhar com o conceito de queer na sala de aula não é uma tarefa fácil. E uma das principais barreiras é a língua. Como explica Rea, quando se fala em queer em um contexto de falantes da língua inglesa, imediatamente uma história é acionada a partir da palavra.
Queer não tem apenas significado para quem fala inglês, mas também tem um passado e uma história marcada por militância e por desenvolvimento teórico por ativistas e pesquisadores.
“Aqui no Brasil, a maioria das pessoas que podem vir a utilizar esse termo não tem uma relação forte com a língua inglesa, essa palavra queer se torna apenas uma palavra estrangeira. Parece até um gesto chique, porque é um termo estrangeiro, mas que perde toda essa carga afetiva e emocional que ela tem na língua inglesa…”, explica Rea.
Isso me lembra justamente a reação do meu amigo, sobre quem escrevi no início desse texto: “O que é esse tal de queer?”. Quando eu, jornalista e pesquisadora estudando em um país do Norte global, não soube explicar o que era queer, me dei conta que essa discussão estava longe de terminar no Brasil.
E qual a saída em termos linguísticos?
As respostas, na verdade, são mais complexas do que eu esperava.
Possibilidades e caminhos
Minha colega inglesa me observava confusa enquanto eu tentava explicar o porquê de queer — enquanto palavra e movimento político — não fazer tanto sentido no Brasil. A resposta dela veio com confiança: “É só traduzir a palavra ou criar o queer de vocês”.
Quem dera fosse tão fácil… Ao longo das pesquisas, leituras e entrevistas realizadas para o Projeto Cuíer, eu me deparei com uma complexidade muito maior do que eu imaginava.
No início dos anos 2000, Mário Lugarinho publicou um artigo sobre como traduzir teoria queer para língua portuguesa. Quando eu o entrevistei,repeti a mesma questão que sua pesquisa trazia. A diferença é que em 20 anos muitas coisas mudam.
Lugarinho explica que para pensar a tradução da palavra queer é preciso focar em dois alvos. O primeiro deles é o acadêmico, que a princípio não está disposto a abrir mão do termo queer. O segundo é o popular, que não faz tanta questão de usar uma palavra estrangeira em seu vocabulário.
Vários pesquisadores já tentaram encontrar uma tradução de queer para a língua portuguesa. Essa busca foi feita inclusive no Pajubá, linguagem criada a partir de misturas do Iorubá, de línguas indígenas do território latino e da língua portuguesa, mas sem sucesso.
Uma das principais vantagens da palavra queer, como aponta Lugarinho, é o fato de que ela se torna verbo facilmente tanto na língua inglesa quanto na portuguesa, já que o verbo em nossa língua sempre termina em “r”.
“Eu penso que um caminho é assumir a palavra, porque a estranheza que as pessoas têm ainda é a mesma de quando apresentei um trabalho em 1998, por exemplo”, diz Lugarinho.
“Certo, então é só continuar usando a mesma palavra”, você deve estar pensando. Continuar usando a mesma palavra é de fato o caminho mais fácil. No entanto, como aponta Lugarinho, os sentidos que uma palavra tem vêm da forma como ela é usada, mas o uso de queer no Brasil ainda é contraditório e desordenado.
Uma outra possibilidade seria “aportuguesar” a grafia, como o “cuíer”, que trazemos aqui, ou “cuír”, usado por outros grupos.
Mas queer em língua inglesa vem acompanhado de um detalhe muito importante, que em português não encontramos: o choque, o estranhamento e a confusão.
É possível traduzir esses sentimentos para alguma palavra em português?
Há perspectivas.
Teoria Cu e Teoria Transviada são algumas delas.
Alguns pesquisadores defendem que Teoria Cu ou Teoria Transviada seria uma forma de restabelecer o choque entre termos vindos de duas linguagens opostas.
Uma linguagem que é mais popular e uma que é mais acadêmica misturadas. Exatamente como acontece com a teoria queer em países do Norte global.
Como explica Caterina Rea, o processo de tradução também precisa levar em conta o contexto do Sul global, onde sexualidade e gênero são elementos de opressão e discriminação, mas que se entrecruzam também com questões de raça e classe.
Além disso, devido aos processos de colonização e imperialismo vividos em países do Sul, apenas a importação de uma teoria do Norte aplicada de forma universal não seria a melhor solução.
Em conversa com a pesquisadora, ativista e assistente social Bruna Irineu, ela apontou como o Brasil, apesar de ainda não reconhecer o termo queer na língua, já vem apresentando práticas queer em diversos âmbitos da sociedade.
A luta dos movimentos de pessoas trans no Brasil, o reconhecimento das identidades não binárias e a criação recente do Conselho Nacional dos Direitos LGBTQIA+ adicionando, inclusive, a letra Q na sigla, são apenas alguns exemplos de como as discussões de teoria queer aparecem na política e cultura brasileira.
“As práticas já existem há muito tempo, é que a gente demora um pouco a nomear algumas coisas. Há uma dificuldade de dar inteligibilidade para essas coisas se a gente não nomear”, explica Irineu.
Traduzindo ou não traduzindo a palavra queer.
Encontrando ou não encontrando um novo termo.
Nomeando ou não nomeando.
A verdade é que não importa, pois o Brasil já está queerizando.
E em termos políticos, como fica essa história?
*Miranda Almeida é produtor cultural e colagista, pós-graduado em arte e tecnologia. Terrorista de gênero nas terras candangas de Brasília e Assessor Administrativo no Instituto Cultural e Social No Setor.