Na busca por dignidade muitas mulheres indígenas, que acessaram a Universidade, se veem divididas entre os estudos e a dificuldade em dar continuidade a eles, por conta dos conflitos encontrados para acessar direitos sociais como: alimentação, moradia, saúde, internet, livros, transporte entre outros. O Portal Catarinas conversou com quatro estudantes indígenas, de diferentes Universidades no estado de Santa Catarina, sobre os impactos da Covid-19 no acesso e na permanência aos institutos de ensino superior. Além das implicações cotidianas existentes antes da pandemia, os relatos narram também falta de representatividade indígena no debate sobre Educação a Distância.

A estudante Laura Parintintim, do Povo Parintintim do Amazonas, está no último ano do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarinas (UFSC). Ela conta que o apoio da Universidade ainda é insuficiente e, por esse motivo, no dia 22 de abril os estudantes indígenas que residem em um espaço improvisado dentro da Universidade lançaram uma campanha de doações reivindicando apoio para os que não puderam retornar às suas terras de origem no início da pandemia.

“Pela Universidade não foi oferecida nenhuma segurança alimentar, eles deram umas doações de alimentos que haviam sobrado do restaurante universitário e que foram distribuídas para os estudantes, mas não assim como uma medida continuada e comprometida. O que eles ofereceram como política emergencial foi um auxílio de duzentos reais para quem almoçava no restaurante universitário, que é o nosso caso, que são isentos. E demorou mais de um mês para entrar a primeira parcela, depois tornou regular. Mesmo assim duzentos reais é insuficiente para manter a gente aqui com o mínimo de dignidade”, relata.

Laura Parintintim/ Foto: Ítalo Mongconãnn

Como não há uma política estudantil de apoio a esse tipo de emergência aproximadamente 20 estudantes ficaram na UFSC em uma moradia improvisada chamada de “maloca”, hoje com oito pessoas, sendo quatro adultos e quatro crianças. O local possui apenas energia elétrica e água encanada. “Isso aqui não é uma moradia, na verdade é um alojamento provisório resultado de uma ocupação que nós fizemos a quatro anos atrás de uma ala que foi desativada, que era onde funcionava o antigo restaurante universitário, até a universidade providenciar uma moradia para nós”.

Durante o período regular de aulas o alojamento atende 46 estudantes e sete crianças. Há muitas mães com seus filhos, famílias que acompanham os estudantes, modos de vida de diferentes povos que fazem parte da diversidade cultural do país. “Esse lugar que a gente está não aguenta mais, os quartos são minúsculos, a gente improvisou com divisórias velhas, para separar as mães com as crianças, os casais, as famílias, e não tem janelas. A gente não conta com uma cozinha”, conta a estudante.

“ A gente teve que ocupar um outro espaço e montar uma cozinha, que na morada dos brancos atenderia quatro pessoas, e aqui atende mais de 46 pessoas. A gente, por exemplo, não tem uma pia para lavar louça”,  Laura Parintintim.

Com a campanha conseguiram improvisar uma cozinha, comprar um bebedouro e um filtro, além de doações em álcool em gel, máscaras, cobertores, produtos de higiene, limpeza e alimentos. “A gente conseguiu tudo através de doação. Nada pela instituição. Nem pela UFSC, nem pela Sesai e nem pela FUNAI. A gente entrou em contato. Eles falaram que não poderiam vir aqui porque a gente não morava na aldeia. A Sesai fez uma visita para nos orientar como nós deveríamos nos cuidar. Foi bem importante, mas só isso também. Não ofereceu álcool em gel, nada. Recebemos a visita do Pró-Reitor e da Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (SAAD), mas nada parte de uma ação concreta ou de uma política da Universidade, sem nenhuma política direcionada a nós. A gente está abandonado na verdade neste sentido. A gente não tem segurança de nada”, declara.

Segundo Laura, ao todo são 164 estudantes indígenas de todas as regiões do Brasil matriculados na UFSC. Entre eles estão dos povos: Yawalapiti do Parque do Xingu do estado do Mato Grosso; Krenak de São Paulo, Xakriabá de Minas Gerais; Baré, Munduruku, Sateré Mawé e Parintintim do Amazonas;  Atikum-Umã, Fulni-ô e Pancararu do Nordeste; Guarani (que estão em terceiro maior número com estudantes de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro);  Kaingang (o segundo grupo de estudantes indígenas que vêm dos três estados da região Sul); e Xokleng/ Laklanõ vindos do Vale do Itajaí (SC) que estão em maior número.

 

A questão da Educação a Distância 

Os estudantes indígenas fizeram uma carta explicando toda a problemática para o Conselho Universitário e também a preocupação com o Ensino a Distância. “Em momento algum a gente foi consultado ou sequer foi chamado para participar de algum grupo de trabalho. De acordo com a Constituição brasileira deveria ter um representante indígena pelo menos no subcomitê de assuntos estudantis, que toca diretamente na nossa permanência aqui. A gente não foi ouvido”, conta Laura.

Para ela a política estudantil que contempla os Povos Indígenas se apresenta excludente com ações insuficientes na atualidade. “A gente sempre foi excluído, e a gente está sendo excluído novamente. E por que que eles fazem isso? Porque a gente não representa nada. A gente é 160 estudantes em um universo de 40 mil estudantes, menos de 0,4%”, narra.

“Eu admiro o esforço tremendo que a UFSC tem feito e todo o trabalho realizado pelas equipes para a volta das atividades acadêmicas nesse cenário pandêmico de Covid-19, mas infelizmente esse esforço exclui os mais desfavorecidos que são os indígenas, os negros que entram pelas ações afirmativas, os pobres que entram pelo Sisu, infelizmente, essa é a verdade”, Laura Parintintim.

A estudante Parintintim está preocupada também com aqueles que estão iniciando os estudos, pois se adaptar ao sistema estudantil de uma Universidade é um processo novo para os indígenas, com algumas barreiras e muitos aprendizados que demandam um tempo de adaptação. “Em um primeiro momento o indígena tem muita dificuldade de se adaptar a todo esse universo que é a Universidade, é um outro mundo, é um mundo diferente do dele. Aqui ele vai lidar com a questão do preconceito cara a cara, tem o preconceito estrutural, que é o racismo institucionalizado, ele vai lidar com isso. É uma coisa que ele nem sabe que existe. Tem a questão do choque cultural, tem a questão também da sua própria condição, que ele chega aqui totalmente vulnerável, em todos os sentidos, tanto financeiramente como socialmente”, esclarece.

“A Universidade dá o acesso, mas ela não te dá um suporte quando o indígena chega aqui para garantir que ele seja acolhido com qualidade e que dê condições para que ele possa ir direto para a sala de aula e se preocupar com a aula. Não. São muitas dificuldades que são enfrentadas”,  Laura Parintintim.

A indígena comenta que os estudantes precisam manter um certo rendimento acadêmico para garantir a única bolsa que é oferecida pelo Ministério da Educação, a Bolsa Permanência MEC, e os calouros ainda não conseguiram acessar esse programa porque não houveram novas inscrições. “O Ensino a Distância para os indígenas se torna totalmente inviável por conta de que a maioria dos estudantes eles são da aldeia, pelo menos na realidade aqui da UFSC. E essas aldeias são de difícil acesso de internet e até rede de celular, e são poucos os que têm computador. Em muitas aldeias só tem internet nas escolas”, comenta.

/Foto: arquivo pessoal

A estudante relata que com a aprovação do Ensino a Distância muitos indígenas talvez não retomem os estudos. Muitos deles tiveram toda a sua família contaminada pelo coronavírus e alguns deles perderam seus parentes, como Laura. Seu pai faleceu na última semana vítima do Covid-19. A Plataforma de monitoramento da situação indígena na pandemia do novo coronavírus (Covid-19) contabiliza no Brasil atualmente 22.656 casos confirmados, 639 mortos em 148 povos afetados (Boletim de 06/08).

 

No Vale do Itajaí 

A estudante Nandjá Schirlei da Rocha Xokleng/Laklanõ cursa odontologia, pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ela conta que as aulas teóricas estão acontecendo online e as aulas práticas que estavam acontecendo de maneira presencial precisaram ser suspensas por conta do novo decreto.

“Agora falta só fazer dois seminários e esperar as aulas práticas e não se sabe quando que vão fazer, porque esses decretos impossibilitam a gente de fazer as práticas. A gente foi duas semanas e parou, e agora estamos aguardando novos decretos se cumprirem pra gente voltar. Já vou fazer minha matrícula para o segundo semestre, pegar mais aula teórica do que prática e vamos ver o que que dá. Esperar, paciência”.

Por esta razão ela permanece na ocupação, um prédio público que está sendo reivindicado pelo seu povo para ser moradia indígena estudantil. Conseguiram acesso à energia elétrica, mas estão sem água.“Estamos aqui batalhando, procurando mudar o espaço ainda porque aqui há muita coisa o que se fazer para deixar mais digno o lugar”, comenta.

Nandjá Xokleng/Laklanõ/ Foto: arquivo pessoal

Como em outras instituições de ensino há limitações nas ações da Universidade pelo Centro de Apoio aos Estudantes (CAE). Como a política de acesso aos estudantes indígenas é recente, a instituição está em processo de organização interna e estruturação. No momento ainda não há auxílio permanência, moradia ou transporte para todos os estudantes indígenas.

“Geralmente eu passo lá para ver com a CAE, essas coisas assim que a gente precisa tipo alimentação que a gente estava tendo dificuldade em pagar o almoço, essas coisas, mas agora nesse momento de pandemia não tenho passado na CAE. Eu ganhei um notebook daí eu acabei não passando lá mesmo, porque o que que a CAE vai oferecer pra gente? Não tem isso, não tem aquilo. Porque muitas vezes eu já procurei a CAE antes e não ajuda em muita coisa não. Na alimentação eles ajudaram um bom tempo a gente, mas no resto não temos apoio em nada”, declara.

Este ano ela passou no processo seletivo para o curso Pedagogia no Instituto Federal Catarinense (IFC). “A gente vê uma grande diferença. Lá o Instituto Federal dá uma atenção especial para nós alunos, até cestas básicas eles vem ajudando, ajudaram a pagar internet, e agora nos escreveram no auxílio digital também. Então a gente vê uma grande diferença assim e a universidade está preocupada com a gente. Mas a FURB é como sempre, não dá atenção mínima para o estudante. No mais a gente está bem. Os estudantes Xokleng voltaram tudo para a aldeia por causa dessa pandemia e de estudante sobrou eu aqui na ocupação, aguentando as pontas aqui. A gente está com saúde e o resto a gente vai correr atrás”, afirma.

Em 2018 quatro famílias indígenas Xokleng/ Laklanõ ocuparam o prédio antigo do Centro de Saúde, bairro Vorstadt, em Blumenau, para reivindicar um local em que pudessem se abrigar para vender artesanato na cidade, pernoitar quando necessário (por conta de consultas médicas) e, principalmente, que pudesse servir de moradia para os estudantes indígenas que acessaram à universidade, pois eles vêm acompanhados de suas famílias. O local estava abandonado e desde então os indígenas vem reorganizando o espaço. Legalmente a construção pública está sob disputa judicial em fase de negociação por meio do Ministério Público Federal (MPF) e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e indígenas reivindicam que o Estado seda a construção para que sirva de moradia de apoio ao grupo, como uma casa de passagem. Segundo dados do Povo Xokleng/Laklanõ (05/08) há um surto de coronavírus ocorrido na última semana em algumas aldeias com 44 casos confirmados, 9 casos suspeitos, 167 casos casos monitorados e 3 descartados.

 

O Oeste do estado revela outras experiências

A estudante colombiana Yanderi Josefina Fernandez Pausayu, do Povo Wayuu, está no segundo ano do curso de Relações Internacionais e Integração na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). É a única estudante indígena de sua turma. Ela comenta que a mudança no cotidiano de estudos foi repentina. “A situação é um pouco complexa, não estávamos preparados para mudar abruptamente de aulas presenciais para virtuais, muitos acabaram de chegar este ano e não estão familiarizados com o português, também outro fator é a situação econômica, não há condições ou equipamentos adequados para realizar aulas virtuais”, relata.

Yanderi Wayuu Colômbia/ Foto: arquivo pessoal

Yanderi conta que as aulas estão suspensas por tempo indeterminado e os estudantes aguardam uma decisão dos responsáveis. Ela mora de aluguel atualmente em Foz do Iguaçu, onde os estudantes criaram uma rede de apoio durante a pandemia. “Não temos moradia estudantil, só recebemos auxílio de moradia no valor de trezentos reais, alugamos quartos ou uma casa entre vários estudantes. Recebemos também trezentos reais para alimentação e um cartão de ônibus, que é atribuído de acordo com as aulas correspondentes ao semestre. Há outra bolsa no valor de novecentos reais concedida pelo MEC, alguns dos alunos que ingressaram na universidade no primeiro edital para indígenas no ano passado a possuem, mas não todos”.

A estudante diz que tanto os indígenas quanto a Universidade precisam estar constantemente organizados para que os benefícios sejam coletivos. Ela comenta que sua família mora na Colômbia longe dos centros urbanos e não tem disponibilidade de enviar recursos financeiros. Nenhum caso de coronavírus foi detectado entre seus parentes até o momento. “Acho que precisamos nos organizar, não temos uma organização nesse caso para enfrentar a pandemia, nos falta articulação e laços mais estreitos com a Universidade e vice-versa. Com o auxílio da Universidade tentamos ajudar um ao outro, no caso de estrangeiros fomos afetados porque nossa família não pode nos enviar dinheiro devido à situação atual, tentamos economizar o máximo possível e compartilhar”, conta a estudante.

A partir do ano passado a UNILA iniciou o processo seletivo específico para estudantes indígenas, mas há outros estudantes indígenas que ingressaram na Universidade pelo processo seletivo regular. “Sou muito grata à Universidade por esta iniciativa de dar espaço aos estudantes indígenas e espero que possamos trabalhar juntos para alcançar melhores condições e políticas para o benefício de todos. Acredito firmemente que temos muito a dar da nossa perspectiva e devemos aproveitar esse espaço para a troca de pensamento e cultura”, declara Yanderi .

 

Entre a Pedagogia e as Ciências Sociais

A estudante Kaingang da Terra Indígena Kondá, Luizana Inácio da Silva, cursa o segundo semestre de Pedagogia na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) e o sexto semestre do curso de Licenciatura em Ciências Sociais pela UFSC. À noite faz as aulas pela UFSC e às terças e sábados às aulas pela Pedagogia. Ela conta que em uma iniciativa dos estudantes indígenas em parceria com a professora Teresa Dill da Unochapecó, os estudantes do curso de Pedagogia, a maioria mulheres, conseguiram acessar a estrutura da escola indígena da TI Kondá com acesso à internet. Ao todo são aproximadamente 25 estudantes que se dividem em oito salas, sendo cinco pessoas em cada sala por conta do distanciamento social, que estão conectando o notebook no data show para que possam participar das aulas online.

Liuzana Kaingang/ Foto: arquivo pessoal

“Na verdade pedagogia para o meio indígena é um exemplo, ser professor e atuar nessa área é inspiração para muitos. Eu entrei por causa que eu senti a necessidade de aprender mais sabe, de aprender mais sobre mim mesma, ser indígena, porque a gente é indígena e muitas coisas a gente não sabe sobre nós mesmos. A gente é mais influenciado por nossos kofás, os pagés. E os pagés têm o pensamento totalmente diferente. Para eles ser indígena é saber todos os rituais, as danças, as comidas, os remédios. E eu senti a necessidade de poder aprender mais. Poder ajudar a minha comunidade algum dia. Poder atender a minha comunidade, as minhas crianças, porque eu sei que não é fácil”.

Antes da pandemia de coronavírus as aulas aconteciam aos finais de semana,  o transporte, a alimentação e as aulas eram sem custos financeiros para os indígenas. Agora a realidade se modificou, mas os estudantes continuam acessando os mesmos direitos, receberam cestas básicas entre outros alimentos, máscaras, álcool em gel, além de outros apoios. Liuzana, que é mãe de uma criança de cinco anos, continua os estudos na aldeia, com o apoio dos familiares.

“Quando eu fui para o Ensino Médio é certo que a gente sofre preconceito por ser indígena. Existe muito preconceito. Eu digo por mim. Eu sou mais motivada por essa questão do preconceito. De dar a volta por cima, de ser indígena. Muitas vezes a gente ficava olhando o professor falar palavras estranhas, palavras que a gente nunca havia escutado e que para nós não é familiar. A gente fala uma língua e vai lá no colégio e fala outra língua, outro sentido. Às vezes isso confunde. Então eu sei que não é fácil para uma criança indígena poder ingressar no meio educacional”, lembra.

Ela estudou até a quarta série em uma escola indígena onde aprendeu a escrever e a ler em Kaingang, só depois começou a aprender a Língua Portuguesa. Ela diz que até ingressar na Universidade passou por muitas formas de preconceito. “Entrar em uma sala com quarenta pessoa brancas e só você indígena, quando ia fazer um trabalho quase ninguém queria fazer contigo porque você era indígena. Praticamente você era excluído por ser indígena. E isso não é bom, não é bom para nenhuma pessoa. Só que com o tempo que a gente passou lutando, tentando conseguir conquistar o nosso espaço, a gente acabou conseguindo. Hoje é praticamente super normal para nós estudar no meio não indígena e começar a se relacionar com pessoas não indígenas”, conta.

A estudante comenta que há uma preocupação na TI por conta dos registros de casos de Covid-19 que já aconteceram.“É uma questão um pouco complicada no meio indígena. Os nossos Kofás têm sido o centro das preocupações, porque já houveram muitos casos por aqui. Já tiveram vários casos em crianças, idosos e adultos, inclusive crianças recém nascidas. Conseguiram fazer o tratamento e estão melhor. O cacique fez tipo de um xarope caseiro com os remédios do mato, fez o tratamento dessas pessoas que estavam infectadas e junto com ele o médico receitou remédios para poder completar o tratamento. Curaram. Estão melhores”, relata.

 

Entre a aparência e a essência

Segundo dados do Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), no ano de 2017 o número de matriculados em instituições públicas e privadas cresceu 52,5%, sendo em média 50 mil indígenas estudantes na graduação. Fruto de muitos anos de trabalho na construção de políticas voltadas aos povos indígenas para a capacitação profissional especializada e para o processo de escolarização nas Terras Indígenas (TIs).

As políticas educacionais de graduação e pós-graduação, como as diferentes modalidades de bolsas, auxílio alimentação, auxílio moradia, auxílio transporte, auxílio permanência, tão reivindicadas pelas estudantes indígenas ainda não são uma realidade em todas as Universidades de Santa Catarina. O crescente número de estudantes indígenas em todo o país ainda não foi suficiente para que as instituições se adequem às questões culturais, em uma perspectiva antirracista e decolonial. As raízes são profundas e estruturam um sistema que ainda se mostra excludente.

A problemática entre aqueles indígenas que moram nas Terras Indígenas e aqueles que precisam morar em áreas urbanas para estudar, vender artesanato, ou mesmo pelo processo de desterritorialização, ainda é uma questão pouco considerada nas políticas institucionais e de Estado. É uma questão urgente, pois a  estimativa é que 315.180 indígenas vivem em áreas urbanas e 502.783 em áreas rurais, segundo o Censo Indígena (IBGE, 2010). Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), na América Latina vivem cerca de 45 milhões de indígenas em 826 povos.

 

 

*A série do Portal Catarinas Filhas da Terra: Mulheres indígenas em luta contra a pandemia Covid-19 irá publicar textos que irão abordar o contexto de como as mulheres indígenas estão vivendo na atualidade e de que forma a pandemia de coronavírus vem afetando o cotidiano dos povos indígenas. Acompanhe nossas postagens quinzenais e conheça o que as mulheres indígenas têm a dizer.

Equipe: Vandreza Amante (jornalista), Inara Fonseca (jornalista), Paula Guimarães (jornalista) e Pietra Dolamita Kuawa Apurinã (conselho editorial).

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  • Vandreza Amante

    Jornalista feminista, antirracista e descolonial atua com foco nos olhares das mulheres indígenas. A cada dia se descobr...

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