Frente que integra organizações feministas reivindica que judiciário catarinense devolva a criança à mãe
A frente feminista 8M Florianópolis convoca para o “Ato por justiça para Andrielli e devolução da sua bebê”, que ocorre neste sábado (18), às 10h, no Largo da Alfândega, centro da capital.
Há quase 50 dias, Andrielli Amanda dos Santos, 21 anos, está afastada da filha Suzi, a qual amamentou uma única vez. A bebê tem sido hospitalizada com frequência com sintomas de broncoaspiração, que é a entrada de alimentos na via respiratória, e em situações graves pode levar a apneia. A gravidade da situação é demonstrada no fato da bebê continuar internada sob cuidados na UTI do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis.
O afastamento de mãe e filha ocorreu logo após o nascimento no Hospital Universitário Prof. Polydoro Ernani de São Thiago (UFSC), em 28 de julho. Sob ordens do Conselho Tutelar de Florianópolis, Suzi foi retirada da sua mãe, três horas após o parto e, desde então, não pôde sequer ser amamentada. Além disso, durante o parto, Andrielli foi esterilizada por meio de uma laqueadura sem seu consentimento.
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O 8M demanda que o Judiciário catarinense devolva, imediatamente, a filha de Andrielli. “Foi negado à Andrielli o direito de exercer a maternidade. Foi negado à Suzi o direito de ser amamentada pela própria mãe, desde o dia em que nasceu. A justiça catarinense tem sido conivente com as violências cometidas contra Andrielli quando limita o acesso de ver a Suzi, mesmo estando hospitalizada, e com idas recorrentes à UTI. Tudo isso fere os direitos humanos da mãe e da criança. Venham pedir justiça por Andrielli e Suzi”, conclamam.
Segundo o chamado do 8M, a luta é também para que mulheres periféricas, negras, possam exercer a maternidade e para que acabe o racismo institucional e a violência obstétrica. Leia o chamado!
Diálogo A-mãe-ser
Para discutir as diferentes violências envolvidas neste caso, incluindo racismo e violência obstétrica, e refletir sobre o direito à maternidade e à amamentação, será realizado o diálogo “A-MÃE-SER”, na próxima sexta-feira (17), às 19h, no Canal do youtube do Instituto de Estudos de Gênero (UFSC).
A proposta é também manifestar apoio à Andrielli e a todas mães e crianças que tiveram seu direito ao vínculo limitado de maneira arbitrária. O diálogo é resultado da iniciativa de professoras e pesquisadoras/es do Programa de Pós-Graduação de Antropologia Social (PPGAS) da UFSC: Alexandra Alencar, Flavia Medeiros, Bruna Fani Duarte, Thiago Santana e Vânia Cardoso.
A atividade contará com a participação de três convidadas: Kaionara dos Santos – militante antirracista e assistente social; Raquel Mombelli – assistente social e antropóloga, e Walderes Coctá Priprá – indígena Laklãnõ/Xokleng, professora e historiadora. Assista no canal @institutodeestudosdegeneroufsc.