Entre 22 e 23 de setembro — quando se comemora o Dia Internacional da Visibilidade Bissexual — a Frente Bissexual Brasileira (FBB) realiza, em Brasília, o 1º Encontro Nacional do Movimento Bissexual Brasileiro. O evento, que teve inscrições de ativistas de todas as regiões, é sediado no Espaço Cultural Renato Russo, na Asa Sul. A organização conta com apoio institucional da Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência da República, Secretaria Nacional dos Direitos LGBTI+ do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e UNAIDS Brasil.

Trazendo para o centro do debate políticas públicas, memória, saúde e intersecções de luta, estiveram presentes na mesa de abertura pela manhã personalidades como Guilherme Cortez, deputado estadual por São Paulo, e Letícia Carolina Nascimento, professora da Universidade Federal do Piauí. Além dessas pessoas, outros e outras ativistas históricas, como Regina Facchini, comparecerão.

O Encontro é um resultado do trabalho que a FBB tem construído desde 2020, quando coletivos espalhados pelo Brasil, em meio ao começo do isolamento social imposto pela pandemia, decidiram se reunir virtualmente para formar uma rede de apoio. Essa primeira reunião, feita em uma sala de vídeo-chamada, aconteceu em 28 de junho daquele ano, no contexto das comemorações do Orgulho.

“Foi uma loucura. De repente, eu me dei conta que tinham mais de cem pessoas naquela sala. Eu nunca tinha visto pela tela tanta gente bissexual na minha vida. Aquilo, para mim e todo mundo que estava ali, foi uma catarse”, conta Ana Paula Mendes, uma das responsáveis por chamar a ação a partir de um mapeamento de movimentos bissexuais em atividade, quando estava se entendendo a sua sexualidade e buscando formas de se organizar politicamente.

Desde então, Ana é membra da Coletiva de Mulheres e Pessoas Não-Binárias Bissexuais (Combi), de Santa Catarina, que compõe a FBB ao lado de outras organizações, que a partir desse contato continuaram a aproximação para formar uma rede nacional: Bi-Sides, de São Paulo; Coletivo Amora, do Rio Grande do Sul; Coletivo BIL, de Minas Gerais; Frente Bi, do Piauí; e Vale PCD, de Pernambuco.

Ainda em 2020, esses movimentos colocaram na prática uma outra ideia: o Festival Bi+, uma celebração on-line, que marcou o dia 26 de setembro como a data em que se reivindica a criação do Dia Nacional do Orgulho Bissexual. Foram nove horas contínuas de programação ao vivo, coordenada pelas mãos de uma produção descentralizada, que se repetiu em um outro formato em 2021.

A articulação da Frente é um reflexo da potência do ativismo digital. Porém, no atual contexto, viram a necessidade da realização de algo que contasse com a presença física, de fazer uma festa com a dimensão maior que os corpos trazem. Nesse esforço, o 1º Encontro do Movimento Bissexual Brasileiro nasce como um marco histórico. Este ano, no Brasil, a organização política de pessoas bissexuais completa 20 anos, tendo como referência o XI Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Travestis (EBGLT), em 2003. Na ocasião, bissexuais foram excluídos pela afirmação de que não se tratava de um segmento organizado. Em 2005, a ONG Estruturação criou o Núcleo Bis — novamente, em Brasília.

Somando ao apoio institucional mencionado anteriormente, estão como apoiadores a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e o Instituto Janelas da Arte, Cidadania e Sustentabilidade. Junto a eles, são parceiros o Coletivo LGBT Sem Terra do MST, a Rede Brasileira de Estudos sobre Bissexualidade e Monodissidência (REBIM) e Rede Brasileira de Pessoas Intersexo.

Durante os dois dias, será elaborada a Carta de Brasília do Movimento Bissexual Brasileiro, a partir das urgências que ativistas pautarem nas discussões. O evento encerra com a sua leitura. A repórter Jess Carvalho estará por lá e, na volta, fará um relato na sua coluna aqui no Catarinas. A programação completa do Encontro pode ser conferida no site ou pelo Instagram, uma das redes pelas quais a cobertura será feita.

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