“Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. Esse é o tema da 7ª Marcha das Margaridas, que acontece nestes 15 e 16 de agosto, em Brasília (DF), com previsão de reunir mais de 100 mil mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades. Considerada a maior ação política de mulheres da América Latina, a Marcha acontece a cada quatro anos. Além dela, o encontro conta com oficinas temáticas, rodas de conversa, espaços culturais, entre outras atividades.

Lucivanda Silva, agricultora e militante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), uma das organizações parceiras da construção da Marcha, compartilha o canto que guiará as mulheres na capital do país: “Pela reconstrução do Brasil. E pelo bem viver. Seguimos em marcha atentas e fortes. Seguiremos eu e você”.

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“Nossa expectativa é ocupar as ruas de Brasília e levar nossa força coletiva que é fundamental para construir o projeto de sociedade que seja feminista, popular, antirracista e que oriente a economia para sustentabilidade da vida”, afirma Sonia Coelho, militante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), organização parceira da Marcha das Margaridas.

Mazé Morais, secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, destaca que o atual contexto político do Brasil faz com que a esperança relacionada às pautas aumente entre as participantes.

“Estamos na conjuntura de um governo do campo democrático popular e, para nós, isso faz toda diferença. Inclusive, nós entregamos a nossa pauta política em 21 de junho e a expectativa é que durante o ato de encerramento da Marcha, possamos ter anúncios sobre políticas públicas, programas e questões que impactem de forma positiva”, expõe.

Para a representante da Marcha Mundial das Mulheres, o significado político desta Marcha de 2023 tem uma dimensão de retomada diante dos últimos quatro anos. “Ocorre logo depois de termos vivido um governo fascista e com um projeto político de morte, então, estaremos nas ruas defendendo um projeto que coloca a vida no centro, essa é a nossa intenção”, ressalta.

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6ª Marcha das Margaridas, em 2019 | Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Efeito nos movimentos territoriais

Integrantes das organizações responsáveis destacam que a Marcha das Margaridas é mais do que os dois dias de evento em Brasília, é um processo contínuo que ocorre ao redor do Brasil. “A Marcha envolve um processo de mobilização nos territórios que é imenso, que movimenta no plano local as trabalhadoras do campo, da floresta, das águas, que impulsiona a formação política, que dialoga com a sociedade local, com os demais movimentos e impacta a sociedade brasileira como um todo”, descreve Verônica Ferreira, da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). “Após os dois dias, continuamos nesse processo, mas esse é o grande momento que a gente se encontra e ocupa as ruas, mostrando nossa capacidade de luta e resistência”, completa Sonia Coelho.

É a partir dos movimentos nos territórios que as pautas que guiam a Marcha são construídas. “A Marcha das Margaridas é uma referência fundamental da mobilização política do país, ela mostra a força das mulheres frente ao Estado brasileiro”, destaca Ferreira. As demandas apresentadas ao longo do evento são monitoradas pela organização, para que seja garantido um compromisso pelo governo. “As patrulhas Maria da Penha e creches no contexto do campo são algumas das iniciativas que foram construídas pela Marcha das Margaridas”, exemplifica.

“A Marcha tem essa grandiosidade porque é formada por uma diversidade de mulheres do campo, das florestas, das águas e tem crescido porque cada vez mais se juntam companheiras que também fazem essa defesa e se somam na luta pela democracia, pela saúde, pela justiça, pela educação”, aponta a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais.

Lucivanda Silva, do MMC, relata que a organização para que as mulheres cheguem em Brasília é grande, mas o momento é muito aguardado. “Estamos tendo uma dificuldade de recursos financeiros para levar as mulheres, mas estamos nos desdobrando, fazendo vaquinha, preparando o próprio lanche para levar, nos organizando e todas as mulheres estão muito animadas”.

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5ª Marcha das Margaridas, em 2015 | Crédito: José Cruz/Agência Brasil.

Programação

No dia 15, a maior parte da programação será concentrada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Na área externa acontece a Mostra Nacional da Produção das Margaridas, com diversos produtos que identificam a cultura, o modo de vida, o território e demais características das mulheres que são consideradas as guardiãs dos saberes. Nesse espaço ocorrerá também troca de sementes e rodas de conversa.

Ainda na área externa, no local do credenciamento, haverá um ponto de coleta da campanha de arrecadação de alimentos não-perecíveis e de roupas em bom estado, principalmente de agasalhos, para doação a entidades que atendem pessoas carentes de Brasília. Na área interna do Pavilhão, ocorre a Casa de Margarida Alves, entre às 9h e 17h, com lançamento de livros, espetáculos, exibição de filmes e documentários.

Paralelamente, às 9 horas, no Plenário do Senado Federal, acontece a Sessão Solene em homenagem à Marcha das Margaridas com a presença de mulheres de todos os estados brasileiros e de outros países.

O ato de abertura político-cultural da Marcha das Margaridas acontece no palco principal do Pavilhão do Parque da Cidade, às 17h, com transmissão no Facebook, YouTube e Portal da Contag, e no Facebook da Marcha das Margaridas. O momento terá a participação de autoridades, personalidades e representantes de organizações parceiras. 

A tradicional marcha em direção à Esplanada dos Ministérios ocorre no dia 16, a partir das 7h da manhã. As mulheres vão sair do Pavilhão do Parque da Cidade e percorrer um trajeto de aproximadamente 6 km.

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6ª Marcha das Margaridas, em 2019 | Crédito: Acervo Contag.

Além dessas atividades, a programação contará com oficinas temáticas e lúdicas, painéis e rodas de conversas, plenárias, partilha de saberes, tenda da cura, atividades autogestionadas e apresentações culturais. Acesse a programação completa.

História

A Marcha tem como força inspiradora a luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que, rompendo com padrões tradicionais de gênero, ocupou, por 12 anos, a Presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.

Por lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária, por educação, por igualdade e por defender direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, foi cruelmente assassinada na porta da casa, em 12 de agosto de 1983.

Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas. É em nome desta luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todo o país marcham em Brasília, pedindo justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.

“A Margarida Alves foi uma mulher lutadora que foi assassinada no conflito pela terra. É superimportante relembrar, exigir justiça e lutar contra a violência que as mulheres sofrem no campo, nas florestas, nas águas e nas cidades”, enfatiza Coelho.

Organização

A 7ª Marcha das Margaridas é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), pelas Federações e Sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras: Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Confederação de Produtores Familiares Campesinos e Indígenas do Mercosul ampliado (Coprofam), GT de Mulheres da ANA, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes Nacional), Regional Latinoamericana de la UITA (Rel-UITA), Movimento Articulado das Mulheres da Amazônia (Mama), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Central Única das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CUT Brasil), Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE), Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), União Brasileira de Mulheres (UBM), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), e Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem Brasil). Conheça mais sobre as organizações.

Serviço

O que: 7ª edição da Marcha das Margaridas.

Quando: 15 e 16 de agosto de 2023.

Onde: Dia 15 no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília (DF), durante todo o dia; Dia 16, às 7 horas, saída do Pavilhão do Parque da Cidade em direção à Esplanada dos Ministérios.

Mais informações: https://www.marchadasmargaridas.org.br/?pagina=homepage

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    Jornalista dedicada à promoção da igualdade de gênero para meninas e mulheres. Atuou como Visitante Voluntária no Instit...

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