Começa nesta quarta-feira (27), a 1ª Mostra Dissidente de Teatro Político, em Florianópolis. Produção independente realizada em parceria com SESC, a mostra segue até segunda-feira (2), entre 19h e 21h, no SESC Prainha e Travessa Ratcliff, no centro de Florianópolis. Toda a programação é gratuita. Como se propõe ser um espaço de estímulo ao pensamento político, grande parte da programação vai contar com debate após as apresentações.
De acordo com as/os curadoras/es, Elaine Salas e Gustavo Bieberbach, a ideia do festival nasceu de uma conversa informal em um dos bares da Travessa Ratcliff, no Centro Histórico de Florianópolis – região que ficou conhecida como Centro Leste e tem passado por um novo processo de ocupação dos espaços. “A atenção foi tanta que estas manifestações se tornaram objeto da repressão policial por conta do Estado e da prefeitura, pois os corpos em audiência e em evidência deixam os poderes em alerta”, destacam no informe sobre a mostra.
Conforme Salas e Bieberbach, este local, onde circulam artistas de todas as classes, raças, gêneros e orientações sexuais, junto com representantes dos movimentos sociais, da classe trabalhadora e dos moradores em situação de rua, torna-se espaço de inúmeras inspirações para a realização de manifestações artísticas que buscam reforçar a representatividade de cada um dos sujeitos que compõem o povo brasileiro.
“Se pensarmos que tudo é representado a partir de nossa perspectiva e que idealizamos o mundo à nossa volta, podemos chegar à conclusão de que todos fazemos parte de uma narrativa e somos todos atores sociais? A fim de tornar visível e ouvir a voz destes sujeitos, contar e descortinar histórias que não movem os interesses do mercado em nossa era neoliberal, ou que tendem a ser apagadas e sumariamente esquecidas, é que pensamos nesta seleção de espetáculos da 1ª Mostra Dissidente de Teatro Político”, explicam.
Para além da crítica ao processo de higienização dos espaços públicos, a escolha do nome “dissidente” tem relação com a proposta política de uma ação independente que se insere fora dos eixos de circulação. “Ora, o que não é político no ambiente em que vivemos? Precisamos transgredir os discursos homogeneizantes e conservadores que perpassam por boa parte da sociedade contemporânea. Esperamos que esta seja uma das funções desta mostra que começa pequena, mas desenterra histórias não-contadas a fim de restituir narrativa(s) que se faça(m) abrangente(s) para a cena artístico-política atual. Afinal, o teatro político se remonta ao que acontece em nosso entorno, porém depende de como utilizamos os fatos a fim de transformá-los numa crítica social”, manifestam as/os produtoras/es e curadoras/es.
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Entre os espetáculos que abordam temas como direito à cidade e à memória política, e direitos das minorias sociais como mulheres, população negra e LGBTI, está o “Sob Medida”, do Coletivo Manada, que levanta reflexões sobre os padrões estéticos e a gordofobia. Trata-se de uma performance-manifesto que reivindica, através da beleza do ser gorda, os espaços negados dentro do teatro e da dança. O espetáculo não é sobre aceitação, e sim sobre refletir como são agressivos os padrões impostos por aqueles que ditam formas e formatos. Nele o corpo gordo dança, toca e remexe os pensamentos quadrados, expande as medidas junto com as banhas que batem de forma sutil gerando impacto.
Confira a programação completa:
Ficha técnica do evento:
Mostra Dissidente de Teatro Político:
Curadoria e produção: Elaine Sallas e Gustavo Bieberbach
Identidade Visual: Ricardo Goulart
Assistência de produção: Andrea Padilha
Produção Independente realizada em parceria com SESC Prainha.
Serviço:
O que? 1ª mostra dissidente de teatro político
Quando? 27 de novembro a 02 de dezembro
Local: SESC prainha (27/11 a 01/12) e Travessa Ratcliff (02/12)
Evento gratuito!