As imagens dos estudantes de medicina de universidades do Espírito Santo e de Santa Catarina fazendo gestos que simulam a genitália feminina vêm gerando reações institucionais e populares. Jornalistas, profissionais de saúde e representantes do controle social do SUS de todo o país reunidos durante a 1ª Conferência Nacional de Comunicação em Saúde, em Brasília, aprovaram uma moção de repúdio aos episódios protagonizados pelos aspirantes à profissão médica. O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina também manifestou repúdio à atitude dos alunos catarinenses.

“O CRM-SC repudia as manifestações gestuais de cinco alunos de medicina da FURB quando publicamente assumiram atitude considerada indecorosa. Este CRM-SC não tem qualquer ingerência disciplinar sobre os ditos estudantes, deixando a devida intervenção a cargo daquela prestigiosa Universidade catarinense”, afirmou a instituição, por meio da sua assessoria de imprensa.

Censura nas redes
A primeira foto a ganhar repercussão foi a dos alunos da Universidade de Vila Velha (UVV). Os estudantes posaram de calças arriadas, enquanto simulavam o formato da genitália feminina sobre a própria pélvis e publicaram a foto com a legenda #pintosnervosos. A denúncia pública, feita pelo Sindicato dos Médicos d0 Espírito Santo, que acusou os estudantes de apologia ao estupro, gerou manifestação do Conselho Regional de Medicina daquele estado e da UVV. Mesmo assim, o gesto foi repetido por estudantes do Centro Universitário de Colatina, na última quarta-feira (19).

No entanto, uma imagem veiculada em grupos de redes sociais em que estudantes do 11º período de Medicina da Universidade Regional de Blumenau (Furb) faziam o mesmo gesto é que teria inspirado os capixabas. Após denunciar o ato na própria rede social, a advogada e ativista Rosane Magaly Martins foi surpreendida com intimação da 3ª Vara Cível de Blumenau. A ordem judicial determinava a exclusão dos posts em que Rosane tratava do tema. A ativista foi proibida de se manifestar publicamente sobre o caso e o processo corre em segredo de justiça. Dois atos públicos em apoio à ativista foram realizados na Furb denunciando a questão também como censura. A advogada ficou surpresa com a “rapidez da Justiça” em acolher o pedido dos futuros médicos. A postagem ocorreu no dia 10 de abril e no dia 13, Quinta-Feira Santa, ela foi intimada em casa.

Ativistas protestam contra decisão da Justiça/Foto: divulgação

Para a conselheira do Conselho Nacional de Saúde Carmem Lucia Luiz, que representa as mulheres no órgão máximo do controle social da saúde, as fotos representam clara violência simbólica que se alinha com as estatísticas de assédio, estupro e feminicídio, crimes que vitimam mulheres em grande medida no Brasil. “É fundamental que os/as profissionais de saúde sejam preparados para o acolhimento das pacientes e lamentável que, ao contrário, estejam tomando atitudes que ferem a dignidade das mulheres”, disse a sanitarista.

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