Nas últimas semanas, as redes sociais exibiram fotos de estudantes de Medicina em dois estados brasileiros – Santa Catarina e Espírito Santo – fazendo gestos de menção a vaginas, em apologia ao machismo e a misoginia. No Espírito Santo, foram pelo menos duas situações: na primeira, estudantes da Universidade de Vila Velha (UVV) aparecem fazendo tais gestos com as calças arriadas e, na segunda imagem, veiculada no dia 19 de abril, estudantes do Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc/Colatina) repetiram a cena.

Em Santa Catarina, os estudantes pertencem ao curso de Medicina da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e, após a divulgação do conteúdo, processam a ativista Rosane Magali Martins, do Instituto Feminista Nísia Floresta. Os estudantes contam com assistência judiciária gratuita e o processo tramita em segredo de justiça. Rosane teve que retirar as postagens sobre o tema e está proibida de falar sobre o assunto, numa atitude de deliberada censura, o que reforça o histórico silenciamento feminino, mesmo diante das estarrecedoras estatísticas de violência de gênero. O Brasil aparece em quinto lugar no ranking mundial em feminicídio.

Participantes da 1ª Conferência Livre de Comunicação em Saúde do Conselho Nacional de Saúde (CNS), reunidos/as em Brasília, entre os dias 18 e 20 de abril, repudiam a ação destes estudantes que atentam contra a dignidade das mulheres. É inconcebível que futuros profissionais da saúde, que devem zelar pela integridade dos usuários e o atendimento humanizado, sejam protagonistas de um ato que atenta contra os direitos humanos e a dignidade física, psicológica e simbólica das mulheres.

 

Brasília, 20 de abril de 2017.