A Rede de Jornalistas e Comunicadoras com visão de Gênero e Raça, lançada neste 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres, está aberta para a filiação de pessoas e organizações interessadas em atuar na sua organização. A Rede surge a partir da articulação de jornalistas brasileiras ligadas à perspectiva e em diálogo com a Red Internacional de Periodistas con Visíon de Género (RIPVG).

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Formam a Coordenação Colegiada da Rede: Cynthia Mara Miranda, Michelly Santos de Carvalho e Rose Dayanne Santana Nogueira. O Conselho Consultivo é integrado por Rachel Moreno, Jessica Gustafson, Cecília Bizerra Sousa, Paula Guimarães, Ana Veloso, Leonor Costa e Samira de Castro.

“A Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadoras com Visão de Gênero e Raça surge num panorama desafiador de luta para a garantia da liberdade de expressão, dos direitos humanos, dos direitos das mulheres e da luta antirracista. Emergimos numa data extremamente importante para a luta feminina, o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, em um país que mata uma mulher a cada duas horas, especialmente, as mulheres negras. Lembramos aqui que enquanto jornalistas e comunicadoras nosso papel é defender espaços diversos promovendo vozes de mulheres, pretas, indígenas, LGBTI+, mulheres com deficiência, e outras maiorias minorizadas”, afirma a jornalista, professora e feminista negra Michelly Santos de Carvalho. 

As articuladoras da Rede buscam fomentar o engajamento de profissionais e ativistas comprometidas com os princípios da igualdade entre os gêneros, a partir de uma perspectiva interseccional, que conecta gênero a outros marcadores sociais como raça, classe, sexualidade e etnia.

“Também prezamos pelo entendimento de que a construção da democracia exige a adoção de uma comunicação na perspectiva de gênero e da democratização dos meios de comunicação. Construir essa visão e ampliar a sua abrangência a partir do diálogo com outras jornalistas, observando atentamente as especificidades do nosso País, é a nossa proposta”, informam.

Academia, ativismo e atuação profissional

A formação de redes de jornalistas com perspectiva de gênero tem sido impulsionada nos últimos anos por uma articulação entre os Estudos de Gênero, o ativismo feminista e os saberes da profissão, em um contexto complexo vivido por diferentes países, principalmente na América Latina. Se por um lado, o crescimento de grupos anti-direitos questiona os marcos conquistados por lutas históricas de redução das desigualdades, incluindo as de gênero, por outro, temos a expansão dos movimentos feministas, anti-racistas, LGBTQ+, entre outros, que fazem frente ao momento de retrocessos.

Neste sentido, a criação da Rede de Jornalistas e Comunicadoras com visão de Gênero e Raça é histórica e demonstra a maturidade das discussões no âmbito da comunicação, entendendo o jornalismo tanto como um reprodutor dos preconceitos sociais quanto como um agente transformador da sociedade em que está inserido.

“A Rede Brasileira surge para ampliar o debate sobre a democratização da comunicação na perspectiva de gênero. No campo da comunicação e do jornalismo a desigualdade entre os gêneros é visível e mesmo com a ampla articulação dos movimentos feministas, pouco avançamos no campo das políticas públicas, no combate ao machismo e ao sexismo no exercício profissional do jornalismo e também na inclusão da perspectiva de gênero nos currículos dos cursos de jornalismo, por exemplo”, assinala Cynthia Mara Miranda, jornalista, professora e pesquisadora feminista.

Conforme a jornalista, a articulação para a criação da Rede ocorreu a partir da construção de um informe para Red Internacional de Periodistas con Visíon de Género (RIPVG), onde foi apresentado o panorama da atuação das mulheres no jornalismo brasileiro e caminhos para a construção de uma comunicação na perspectiva de gênero.

Leia o informe “Panorama da atuação das mulheres no jornalismo brasileiro e caminhos para a construção de uma comunicação na perspectiva de gênero”.

“A rede vai atuar nessas frentes de luta buscando um amplo diálogo entre movimentos feministas, mercado profissional de jornalismo, sindicatos e academia”, conclui.

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