O ano de 2016 foi intensamente marcado pelo debate político. Amargamos uma derrota extraordinária como nação com o impedimento da primeira presidenta da República, num show de horror midiático que aprofundou a crise política e econômica, além de nos colocar num clima de pessimismo, jamais sentido pelas últimas gerações de brasileirxs.

Nesse cenário global de fim do mundo, em que há guerra em todos os continentes, 2016 será um ano de disputa eleitoral em todos os municípios brasileiros. As cidades vão se debruçar sobre seus temas latentes (ou deveriam) e candidaturas das mais diversas vertentes estimularão os debates sobre os dilemas clássicos de um processo desacreditado pela população. Nessa quadra, como refletir sobre Florianópolis e seus desafios para o período?

Sobre o aspecto da vida das mulheres na cidade, o que esperamos é ver pautada nas propostas ao executivo e ao legislativo a perspectiva da equidade de gênero, numa cidade que, como tantas outras brasileiras, ainda é excludente em questões elementares.

Comecemos pela falta de representação política na Câmara Municipal que desde 2004 não elege uma vereadora. Isso demonstra não só uma característica conservadora de nossa própria população em seu exercício do voto, como deixa evidente a incapacidade (ou desinteresse) dos partidos políticos de investir com seriedade nas candidaturas de mulheres, garantindo estrutura e visibilidade para que elas tenham condições de alcançar o sucesso eleitoral. O jogo do poder econômico recai fortemente sobre as mulheres que fazem parte da parcela mais pobre da sociedade e Florianópolis não é diferente nesta questão.

Aprofundando mais o debate, vamos percebendo que não basta potencializar as candidaturas de mulheres e elegê-las. Os partidos políticos e coligações precisam construir plataformas de campanha que atentem para a pauta das mulheres e para as políticas públicas de equidade, tão essenciais para a garantia de direitos iguais entre diferentes. As mulheres são as mais afetadas quando o assunto é o acesso a cidade, a mobilidade urbana, a violência, o emprego e o cuidado com as crianças. Além disso, o direito ao lazer, à vida digna, ao bem-estar são desafios que necessitam de ainda mais empreendimento público quando fazemos o recorte de gênero e o recorte racial.

Construir uma nova cidade requer empenho, transparência, ampliação de direitos e isso só se efetiva com a participação de toda a sociedade. É premente a participação política das mulheres e políticas públicas que deem a elas condições de acesso a direitos. Partidos e coligações precisam se comprometer com essas pautas. Depois de eleitxs, cumprir o programa é o mínimo que esperamos.

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