Na semana em que duas parlamentares trans sofreram perseguições, o Espaço Casa 1, organiza evento online feito exclusivamente por pessoas trans.
Eleições de 2020. Em resposta ao conservadorismo brasileiro, a população elege 26 pessoas trans para ocupar cadeiras municipais. Um crescimento de 225% em relação a 2016, de acordo com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). O protagonismo transgênero emerge e entre as eleitas, três entram no rol das mais bem votadas na história da política brasileira: Duda Salabert (PDT/MG), Linda Brasil (PSOL/SE) e Erika Hilton (PSOL/SP).
29 de janeiro de 2021. Dia da Visibilidade Trans no Brasil. A semana é marcada por perseguições políticas contra parlamentares trans. A covereadora negra e travesti, Carolina Iara (PSOL/SP), sofreu um atentado na madrugada de terça- feira (26) enquanto dormia em sua casa na zona leste de São Paulo.
Nesta quarta feira, a vereadora mulher mais bem votada na história do país e primeira trans eleita em São Paulo, Erika Hilton, registrou um boletim de ocorrência por ameaça após ser perseguida por um homem dentro da Câmara Municipal. O homem que usava máscaras com símbolos religiosos foi ao gabinete da parlamentar e se apresentou como “garçom reaça”. Após o ocorrido, Erika contratou um segurança particular.
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Dois episódios que demonstram como a diversidade não é aceita por parte da sociedade brasileira. Não à toa o Brasil é o país que mais mata trans no mundo. Tanto é que quando há uma ascensão do diferente, como o protagonismo trans, os casos de perseguição e transfobia se evidenciam.
O movimento Não Seremos Interrompidas criado como uma forma de chamar atenção para a violência política contra mulheres negras e LGBTQI+ no Brasil tem se mobilizado contra esses ataques.
No site foi criado um campo onde qualquer pessoa pode mandar um email para as instituições públicas como forma de pressionar e pedir uma rápida investigação dos casos.
Arte feita por trans para todes
Com intuito de fortalecer a luta contra a transfobia e jogar luz ao protagonismo trans, a Casa1, espaço de acolhimento e debate sobre a questão da diversidade em São Paulo, decidiu por fugir da realidade dos eventos que costumam ganhar destaque no Dia da Visibilidade Trans (29/01). O evento que vai ser gratuito e online conta com uma programação super diversa.
Ao invés de focar em falar sobre como é ser trans, o evento evidenciará as vivências e os trabalhos protagonizados por essas pessoas. A ideia é exaltar a pluralidade de artistas e profissionais trans e fugir dos estereótipos.
Um dos destaques é o lançamento da coleção “Traviarcado”, pela editora Monstra, com textos de Sara Wagner York, Bruna Benevides e Ian Guimarães Habib. A publicação será digital e a distribuição gratuita.
A curadoria ficou por conta da atriz Renata Carvalho, que explica as escolhas da programação:
“Queremos com essa edição fazer uma ode ao Traviarcado, celebrando nossa transcestralidade, pluralidade e diversidade do ser trans/travesti, reafirmando nosso senso de coletivo e comunidade”.