
Em uma noite de música e poesia com presença da cantora Renata Swoboda, da poeta Clara Baccarin e do cantor Jean Mafra, Catarinas lançou oficialmente uma forma de financiamento contínuo da sua mídia digital. A Comunidade Catarinas vai permitir que jornalistas e outros profissionais envolvidos no portal tenham estrutura para produzir e distribuir o conteúdo por meio do exercício profissional do jornalismo, de uma forma independente, como foi o objetivo desde o início do projeto. Integrantes da comunidade vão participar periodicamente de sorteio de livros, camisetas personalizadas, obras de arte, entradas para eventos e outros bens culturais sob curadoria de Catarinas, além de receber antecipadamente o boletim eletrônico com os principais destaques da semana (apoie aqui) O evento aconteceu na última quinta-feira, (10), no Tralharia, em Florianópolis.

A comunidade pode ser apoiada por meio de doação de qualquer valor ou assinatura diretamente no portal, no botão “Apoie Catarinas”. Com R$ 10 já é possível assinar. Quase 200 pessoas apoiaram a realização do Portal Catarinas na campanha de financiamento coletivo, no Catarse, realizada de março a abril deste ano. A ideia é mobilizar essas e outras pessoas para continuir apoiando o jornalismo independente voltado à temática de gênero, feminismos e direitos humanos, em Santa Catarina. Outra forma de contribuir para o financiamento da mídia é aderir ao leilão virtual com a aquisição de uma obra de arte. As obras estão listadas também no portal (acesse). No evento, a artista plástica Narcisa Amboni doou a obra “Fe-menino” que passa a integrar o leilão.

“Eu apoiei e continuarei apoiando o projeto Catarinas não só pela relevância do tema proposto: mulheres debatendo o feminismo e, por meio de arte, conteúdo e educação, ajudando a transformar a sociedade. Apoio também a iniciativa do jornalismo independente que surge como uma luz em meio ao conservadorismo e ao domínio capitalista da grande mídia catarinense e brasileira. O jornalismo precisa de liberdade e de relevância, e a sociedade de mais Catarinas!”, afirma uma das primeiras integrantes da comunidade, a jornalista Keli Magri que também apoiou o projeto no Catarse.
Contraponto às narrativas hegemônicas
As representantes explicaram que o Portal não terá lucros como uma mídia tradicional (empresa). Ele será uma associação voltada ao diálogo entre artes e jornalismo. As jornalistas abordaram ainda a importância do financiamento da mídia independente para reduzir o grave déficit de comunicação democrática no Brasil. Segundo Paula Guimarães, os espaços digitais permitem novas formas de exercer o jornalismo, construindo zonas de tensão entre o fazer tradicional – vinculado aos modelos mercadológicos – e a perspectiva do exercício do jornalismo em sua essência. Mas, é preciso, porém, que essas mídias possam se manter atuantes e profissionais, propondo o contraponto às narrativas hegemônicas. “Não é possível haver democracia em um país que concentra seus veículos nas mãos de poucas famílias que são verdadeiras latifundiárias da mídia. É preciso pluralizar as vozes, que são muitas, para que a população possa realmente ter representação nos espaços de poder. A maioria da população brasileira é formada por mulheres, mas elas não têm representatividade para decidir sobre seus direitos e corpos”, afirma Paula.

Discussão sobre recursos municipais para mídias
Na próxima quinta-feira (17), acontece uma Audiência Pública sobre Comunicação Independente que, às 14 h, no Plenarinho da Câmara Municipal de Vereadores de Florianópolis, promovida pelo mandato do vereador Lino Peres. Catarinas se integra às mídias independentes de Florianópolis nesse debate. A discussão é uma forma de levantar os valores repassados aos veículos locais e atentar para as assimetrias orçamentárias favoráveis à mídia conservadora e o prejuízo que significa para a população que não consegue, de forma completa, receber todas as versões de um fato.
