Educação sexual para decidir! Anticoncepcionais para não abortar! Aborto legal para não morrer!
A legalização do aborto na Argentina finalmente é aprovada nesta quarta-feira (30). Por 38 votos a favor e 29 contra, o Senado aprova a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana. A votação que durou mais de 7 horas foi acompanhada por milhares de argentinas que lotaram as ruas ao redor do Congresso argentino.
Setenta e um senadores marcaram presença na sessão, um estava ausente. A votação começou tensa com a primeira mulher a votar contra a legalização. No discurso, a senadora Ines Blas afirmou “não estar contra o presidente” e manteve o mesmo voto dado em 2018 quando o Senado negou o direito ao aborto.
A expectativa era alta para os discursos dos parlamentares que ainda não tinham confirmado voto. Dos 4 indecisos, 3 decidiram a favor da legalização do aborto. Entre eles, as senadoras Stella Ollala e Lucila Crexell, que se absteve na votação de 2018. Desta vez, Crexell discursou: “Mudei o enfoque do que entendo que deve ser abordado. Não se trata de feminismo. (…) A estratégia punitivista do aborto fracassou”.
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Após os votos dos indecisos, a sessão começou a se definir favoravelmente à aprovação da lei. Em um forte discurso, a senadora católica Gladys González fez duras críticas às doutrinas da Igreja Católica e contou um episódio pessoal. “Em 2018, 2 dias após votar pela legalização, tive um aborto. Por um instante pensei que pudesse ser castigo de Deus, mas entendi fundamentalmente que o Deus que acredito não castiga, é um Deus que ama”, disse e completou, “as mulheres católicas também abortam (…) Não estou disposta a fechar as portas da saúde para nenhuma mulher”.
Alguns parlamentares fizeram uso de dados para embasar os discursos. Logo após o senador Claudio Poggi fazer um discurso que passou longe da realidade das mulheres, a senadora Ana Cláudia Almirón informou: “As Socorristas en Red assistiram a 250 abortos apenas na província de Corrientes, na pandemia”.
Às 4 horas da manhã, deu início à votação. Do lado de fora, mulheres feministas se entrelaçaram para acompanhar os votos.
Por 38 votos favoráveis e 29 contra, a maré verde explodiu de alegria do lado de fora do Congresso. As hermanas podem enfim decidir sobre seus corpos.
Fruto de muita luta do movimento feminista e de todas as mulheres, a legalização do aborto se dá com a ajuda do presidente eleito, Alberto Fernández, que se comprometeu com a pauta abortista.
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