20 filmes para debater a legalização do aborto
Uma lista de filmes, entre documentário e ficção, para debater a legalização do aborto.
Neste 30 de dezembro de 2020, dia histórico para a luta das feministas latino-americanas, quando o Senado argentino aprovou a legalização do aborto no país, o Catarinas publica uma lista de filmes, entre documentário e ficção, para debater o tema. Mande suas sugestões nesta publicação, nas nossas redes sociais ou no e-mail [email protected].
1. Never, Rarely, Sometimes, Always – Nunca Raramente Às Vezes Sempre (EUA/Reino Unido, 2020, ficção)
O filme de Eliza Hittman conta a história de duas adolescentes, Autumn e sua prima Skylar, que viajam para a cidade de Nova York em busca de ajuda médica após uma gravidez não planejada. Autumn tem 17 anos. Ela cresceu em um ambiente de classe trabalhadora na zona rural da Pensilvânia, onde a vida é tranquila.
Agora, diante de uma gravidez indesejada, tem certeza de que não pode contar com a família para obter apoio. O foco do filme está na situação opressora pela qual passam suas protagonistas, desde a introdução na Pensilvânia até a ida à Nova York para realizar o aborto.
Onde assistir: disponível para compra em plataformas de streaming.
2. Roe x Wade: Direitos das Mulheres nos EUA (EUA, 2018, documentário)
Reversing Roe é um documentário americano de 2018, dirigido por Ricki Stern e Anne Sundberg. Por meio de entrevistas, o filme analisa as leis do aborto nos Estados Unidos e os efeitos do caso Roe v. Wade, de 1973.
O caso Roe x Wade: uma mulher grávida, sob o pseudônimo de Jane Roe, pediu o aborto por seu filho ser fruto de um estupro. Henry Wade, que era o representante maior do estado do Texas – onde a história se passa – era absolutamente contra. Esse embate chegou até a Suprema Corte do país, onde finalmente foi decidido e assegurado o direito às mulheres.
Onde assistir: Netflix.
3. Meu corpo, Minha Vida (Brasil, 2017, documentário)
Com direção de Helena Solberg, o documentário ‘Meu Corpo, Minha Vida’ é um debate sobre a questão do aborto no Brasil. Vozes de ambos os lados expressam sua opinião: os que acham que o aborto deve ser descriminalizado e os que defendem a lei como está. O filme personaliza esse debate através do caso de Jandyra Magdalena dos Santos, que recebeu cobertura nacional e internacional e que nos conduzirá dentro desse labirinto de conflitos e opiniões.
Onde assistir: disponível para compra em plataformas de streaming.
4. Sexo, pregações e política (Brasil, 2016, documentário)
O Brasil cria e vende uma imagem de sociedade onde a sexualidade é liberada e a diversidade respeitada. No entanto, este mesmo Brasil se revela um país conservador onde mulheres morrem em decorrência da proibição do aborto e onde há mais assassinatos de homossexuais e transexuais no mundo. Das vítimas até a esfera política, o filme propõe um olhar afiado sobre o paradoxo da liberdade sexual. Dirigido por Aude Chevalier-Beaumel e Michael Gimenez.
Onde assistir: disponível para compra em plataformas de streaming.
5. Corpo Manifesto (Brasil, 2016, documentário)
O documentário de Carol Araújo fala sobre mulheres, seus corpos e suas batalhas. O filme explora de maneira poética as dimensões simbólicas do corpo e sua representação, costurando imagens de uma performance da artista Nina Giovelli, com entrevistas de pensadoras e militantes feministas como Djamila Ribeiro, Margareth Rago, Marcia Tiburi, Laerte, Luiza Coppietters e Jéssica Ipólito.
Paralelo a isso, o documentário acompanha atos públicos feministas e mostra quem são e o que desejam as mulheres que ocupam as ruas e escancaram, com potência, fúria, poesia, humor e alegria, os mecanismos de dominação engendrados pelo poder patriarcal e pelo machismo, lutando por um mundo mais ético e igualitário.
Onde assistir: disponível no Youtube.
6. 24 Wochen – 24 semanas (Alemanha, 2016, ficção)
O longa-metragem alemão, 24 semanas, dirigido por Anne Zohra Berrached, traz discussão sobre o tabu em torno do aborto e da maternidade de forma não romantizada. A trama é permeada por questões de gênero, quebra nos padrões de feminilidade ou masculinidade.
No trabalho, Astrid é admirada por seus fãs como uma famosa artista de cabaré e, em particular, um segundo filho está a caminho para completar a felicidade de sua família. Mas seu mundo vira de cabeça para baixo da noite para o dia quando ela descobre que seu filho ainda não nascido tem um sério defeito cardíaco e vai nascer com síndrome de Down.
Junto com seu marido Markus, ela agora tem que decidir se vai optar por um aborto tardio no sexto mês ou se vai dar à luz uma criança com deficiência física e mental. A outra mulher forte está dividida e faz perguntas agonizantes: “Posso julgar a vida e a morte de meu filho?” Seguem-se longas discussões dentro da família e com sua mãe Beate. No final, há uma decisão – mas não é uma decisão com a qual Astrid e Markus estejam completamente em paz, de qualquer forma, não.
Onde assistir: disponível para compra em plataformas streaming.
7. Clandestinas (Brasil, 2014, documentário)
O documentário conta a história de mulheres que já realizaram aborto por diferentes motivos. Com direção de Fadhia Salomão, roteiro de Renata Côrrea e produção de Babi Lopes, o filme relata como o aborto, é uma realidade no país, mesmo sendo considerado crime. Parte do elenco é composto por atrizes que representam histórias de mulheres anônimas.
Onde assistir: disponível no Youtube (abaixo).
8. She’s Beautiful When She’s Angry – Ela fica linda quando está com raiva (2014)
She’s Beautiful When She’s Angry é um documentário de 2014 que resgata a história do movimento feminista dos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970. Dirigido por Mary Dore e estrelado por figuras fundamentais da construção da episteme feminista moderna, como Kate Millet – autora do clássico Política Sexual – e Eleanor Holmes Norton, primeira mulher a presidir o Comitê de Igualdade de Oportunidades de Emprego nos EUA.
Onde assistir: Netflix.
9. Vessel (EUA, 2014, documentário)
Documentário multinacional de 2014, escrito e dirigido por Diana Whitten como seu filme de estreia, com foco no trabalho de Women on Waves, organização holandesa pró-escolha, fundada pela médica holandesa Rebecca Gomperts em 1999.
A organização feminista tem esse nome por realizar abortos em um navio no mar (pois não sendo território não tem leis que penalizem aborto). Difundiu o uso do misoprostrol como abortivo pelo mundo, e na América Latina deu impulso às linhas de aborto existentes no Peru, Chile, Argentina e Venezuela que orientam mulheres sobre informação de aborto seguro.
Onde assistir: disponível com legendas em português na Netflix ou com legendas em espanhol no Youtube (abaixo).
10. After Tiller (ficção, 2013, EUA)
Após o assassinato do Dr. George Tiller no Kansas em 2009, há um número limitado de médicos restantes no país que realizam abortos no terceiro trimestre para mulheres. After Tiller se move entre as histórias que se desenrolam rapidamente desses médicos, todos os quais eram colegas próximos do Dr. Tiller, e estão lutando para manter este serviço disponível após sua morte.
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Essas quatro pessoas se tornaram os novos alvos número um do movimento pró-vida, mas continuam arriscando suas vidas todos os dias para fazer um trabalho que muitos acreditam ser um assassinato, mas que eles acreditam ser profundamente importante para a vida de seus pacientes. After Tiller mostra-os enfrentando o assédio dos manifestantes, desafios em suas vidas pessoais e uma série de difíceis decisões éticas. Direção de Martha Shane e Lana Wilson
Onde assistir: disponível no Youtube (abaixo).
11. Uma história Severina (documentário, Brasil, 2010)
“Uma História Severina”, vídeo dirigido por Débora Diniz e Eliane Brum, conta sobre o drama vivido por uma mãe pernambucana que durante sua gestação, descobriu que seu feto era anencéfalo. No dia 20 de outubro de 2004, Severina Maria Leôncio Ferreira, grávida de 4 meses, internou no hospital do Recife para interromper sua gestação, mas na mesma tarde em que ela realizava os procedimentos médicos para a cirurgia que seria feita na manhã seguinte, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou a liminar que permitia a antecipação do parto quando o bebê fosse incompatível com a vida.
Mãe do Walmir de 4 anos, Severina, mulher pobre do interior, junto ao seu marido Rosivaldo juntaram forças para fazerem justiça aos menos favorecidos, lavradores de brócolis em terra emprestada, o casal passou por três meses de angústia até conseguirem a autorização judicial e posteriormente comprar a roupa com que o filho seria sepultado.
Severina suportou mais de 30 horas de trabalho de parto com contrações excruciantes, mas a pior dor que a mesma sentiu, foi ao pegar seu filho no colo sem vida após o parto e ao invés de levá-lo para casa comemorando mais uma vida que iluminaria sua família como as mulheres daquele local, Severina saiu com um atestado de óbito e o sofrimento de uma mãe inconformada que teria que enterrar o filho.
Onde assistir: disponível no Youtube (abaixo).
12. 12th & Delaware (EUA, 2010, ficção)
Na mesma esquina de uma rua da Flórida, há uma clínica de aborto e uma clínica da Igreja Católica de apoio à gravidez, que tenta impedir que mulheres façam abortos, espalhando informações erradas e fazendo protestos violentos. Com direção de Rachel Grady e Heidi Ewing.
Onde assistir: disponível no Vimeo (em inglês).
13. O aborto dos outros (documentário, Brasil, 2008)
Dirigido por Carla Gallo, o documentário mostra a experiência de mulheres que viveram o aborto em quatro hospitais públicos do Brasil, e aborda maternidade, afetividade, intolerância, solidão e a questão da ilegalidade.
Onde assistir: disponível no Youtube (abaixo).
14. Lake of Fire (EUA, 2006, documentário)
Lake of Fire é um documentário estadunidense de 2006, escrito e dirigido por Tony Kaye. Completamente em preto e branco, o documentário aborda a questão do aborto nos Estados Unidos, com depoimentos de pensadores como Noam Chomsky e Alan Dershowitz.
15. The abortion diaries – Diários do aborto (EUA, 2005, documentário)
Se o aborto é tão comum, por que nunca é tema de conversas na mesa de jantar? Por que as mulheres que abortam sentem-se tão sozinhas, por que não há espaço para que compartilhem suas experiências? Essas são as perguntas que norteiam os 30 minutos deste documentário da diretora Penny Lane.
Onde assistir: link da íntegra no Vimeo, legendas em inglês.
16. Motherhood By Choice, Not Chance – Maternidade por escolha, não por acaso (EUA, 2004, documentário)
Motherhood By Choice, Not Chance é um documentário de 2004 dirigido pela cineasta Dorothy Fadiman, que traz momentos-chave de cada um dos três filmes da trilogia de Fadiman chamada CHOICE: From the Back-Alleys to the Supreme Court & Beyond, entrelaçando-se cenas selecionadas e entrevistas. O filme vem em duas versões, a ativista e a educacional. Também foi criada uma versão ativista espanhola chamada Maternidad por Elección, No por Obligación, com uma introdução de Dolores Huerta.
Onde assistir: disponível no Vimeo sem legendas.
17. O Segredo de Vera Drake (Inglaterra, 2004, ficção)
Londres, 1950: Vera Drake mora com seu marido Stan e seus filhos Sid e Ethel. Não são ricos, mas formam uma família feliz. Vera limpa casas, Stan é mecânico na oficina de seu irmão, Sid trabalha com um alfaiate e Ethel testa lâmpadas numa fábrica. Mas, secretamente, Vera se dedica a outra atividade: sem aceitar pagamentos, ela ajuda jovens garotas a interromperem uma gravidez indesejada. Quando uma dessas jovens é levada ao hospital depois de um aborto, a polícia investiga Vera e seu mundo começa a desmoronar. Dirigido por Mike Leigh.
Onde assistir: disponível em plataformas de streaming.
18. O Crime do Padre Amaro (México, 2002, ficção)
O recém-ordenado padre Amaro é enviado a uma pequena cidade para trabalhar na paróquia local. Ao se apaixonar pela bela devota Amélia, uma tragédia sem precedentes marcará sua vida. Dirigido por Carlos Carrera.
Onde assistir: disponível em plataformas streaming.
19. Quando o aborto era ilegal: histórias não contadas (EUA, 1992, documentário)
When Abortion Was Illegal: Untold Stories (Quando o aborto era ilegal: histórias não contadas) é um curta documentário americano de 1992, dirigido por Dorothy Fadiman. Ele foi indicado ao Oscar de Melhor Curta Documentário.
O filme conta a histórias de pessoas que revelam as consequências físicas, emocionais e legais de fazer ou fornecer um aborto quando era um ato criminoso. O filme é o primeiro de três filmes chamados de trilogia dos direitos reprodutivos ou “Dos becos sem saída à Suprema Corte e além”.
Onde assistir: disponível com legendas em português no Youtube (abaixo).
20. Une Affaire de Femmes – Um Assunto de Mulheres (ficção, França, 1991)
Durante a 2ª Guerra Mundial, no interior da França ocupada, a analfabeta Marie Latour (Isabelle Huppert) ajuda a vizinha Ginette (Marie Brunel) a fazer um aborto. Ela, agradecida, lhe dá uma vitrola portátil. Por não poder contar com o marido, Paul (François Cluzet), e ter de sustentar a si e duas crianças, Mouche (Aurore Gauvin) e Pierrot (Guillaume Foutrier), Marie passa a abortar rotineiramente por duas razões: existe procura e ela pode usar o dinheiro para melhorar de vida.
Além disto, Marie aluga quarto para prostitutas. Entretanto, quando arruma um amante, Lucien (Nils Tavernier), seus crimes são delatados por Paul. O governo colaboracionista quer pegá-la como exemplo, alegando que os bebês que não deixou nascer tinham alma, se “esquecendo” das milhares de crianças que foram mandadas por este mesmo governo para morrer na Alemanha. Dirigido por Claude Chabrol.
Onde assistir: em plataformas de streaming.