O Portal Catarinas e o The Intercept Brasil são finalistas do 11º Prêmio Gabo, com uma reportagem que mobilizou o Brasil em 2022: o caso da menina de 11 anos que, após ser estuprada, teve o direito de abortar violado por agentes da justiça catarinense. A cerimônia de premiação está marcada para o dia 30 de junho, no Teatro Colón, em Bogotá, na Colômbia.

Ao todo, de acordo com a Fundação, foram 1.943 trabalhos inscritos e avaliados por um júri autônomo formado por 65 jornalistas, fotógrafos e escritores de ampla trajetória e reconhecimento, de todos os cantos da América Ibérica. Destes, foram selecionados 15 trabalhos, três de cada categoria. O Catarinas é um dos finalistas da categoria cobertura.

Também são finalistas nesta categoria, a cobertura brasileira “Nome aos Bois”, de Ana Magalhães e Marina Rossi, que expõe os problemas ambientais e trabalhistas que envolvem dez dos principais pecuaristas do Brasil, e a cobertura do Equador “O Grande Padrinho”, realizada por uma equipe de nove jornalistas e que trata sobre corrupção e narcotráfico que levou ao impeachment do presidente do Equador, Guillermo Lasso.

“Ser finalista do Prêmio Gabo é uma resposta sobre o fazer jornalístico sério, comprometido com os direitos humanos, com a igualdade de gênero e com a não-violência. Comprometido com a Constituição Federal, pautado pelo Código de Ética profissional e pelos valores humanitários que deveriam guiar o exercício da profissão. É, também, uma resposta diante da perseguição que estamos sofrendo pelos grupos ultraconservadores, de extrema direita”, diz Paula Guimarães, diretora executiva do Catarinas e uma das autoras da reportagem.

“O jornalismo tem o poder de mudar o mundo, e no caso desta reportagem causou grande impacto na vida dessa menina e da família dela, violadas pelo sistema de justiça. Ainda há muita transformação a fazer neste país de grandes desigualdades, onde cerca de 20 mil meninas de até 14 anos dão à luz anualmente. As melhores práticas jornalísticas apontam para o agora e para um amanhã de esperança para as meninas brasileiras”, afirma a jornalista.

Bruna de Lara e Tatiana Dias, ambas editoras no The Intercept Brasil, também assinam a cobertura. Daniela Valenga, Fernanda Pessoa e Schirlei Alves, do Portal Catarinas, colaboraram com a produção da reportagem. A ilustração de capa é de Amanda Miranda.

“Essa indicação ao Prêmio Gabo é uma honra. Estar entre os 50 melhores trabalhos do jornalismo iberoamericano já é uma vitória enorme, e é especialmente importante porque ajuda a dar visibilidade internacional ao caso que denunciamos e que gerou uma série de ataques aos direitos das mulheres e à liberdade de imprensa”, comenta Dias.

Para ela, o trabalho estar entre os finalistas da premiação também reflete o sucesso da colaboração entre Catarinas e Intercept. “O trabalho em conjunto com o Catarinas foi fundamental, e é um modelo de parceria que acreditamos e queremos seguir fazendo com o site e outros veículos. Com o profundo conhecimento das jornalistas do Catarinas em questões de gênero, combinado com a experiência no jornalismo local, conseguimos uma história exclusiva e impactante. Do outro lado, contribuímos com nossa experiência com apuração, edição e assessoria jurídica, que foram fundamentais para contar essa história com a velocidade e o rigor necessários, garantindo um enorme alcance nacional e internacional e impactos imediatos na vida daquela criança”, finaliza.

O prêmio

O Prêmio Gabo é promovido pela fundação criada pelo jornalista e escritor colombiano Gabriel García Márquez. Em 2023, o tema da tradicional premiação é “Jornalismo vive”, e busca reconhecer e dar destaque ao jornalismo de excelência feito na América Ibérica, apesar de profissionais e veículos de imprensa serem alvos de ameaças, ataques e perseguições.

Os trabalhos inscritos serão premiados em cinco categorias: texto, para o autor ou autores do melhor trabalho de jornalismo escrito; fotografia, para o autor ou autores do melhor trabalho de cobertura fotográfica; áudio, para o autor ou autores do melhor trabalho de jornalismo sonoro; imagem, para o autor ou autores do melhor trabalho jornalístico em formato de audiovisual, vídeo, animação ou outras formas de visualização digital; e cobertura, para o autor ou autores do melhor trabalho sobre notícias, investigações, e temas da atualidade em qualquer tipo de plataforma ou linguagem. 

Os cinco vencedores vão receber 35 milhões de pesos colombianos (cerca de R$39 mil) e o prêmio para cada finalista será de 8 milhões (por volta de R$8,8 mil). Os finalistas estarão no 11º Festival Gabo, que será realizado entre 30 de junho e 2 de julho, e os prêmios serão entregues em uma noite de gala no Teatro Colón, no primeiro dia de festividades.

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  • Jess Carvalho

    Jess Carvalho é jornalista e pesquisadora da bissexualidade. Atua como editora, repórter e colunista no Portal Catarinas...

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