Democracia, Saúde Das Mulheres, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos são os temas centrais do Dossiê

“Não me venha com conversa mole
Que sua hipocrisia não se sustenta

A gente aborta já faz é tempo
Seu fundamentalismo que não aguenta
Somos donas do nosso corpo
E pra esse blá blá estamos bem atentas”
.

É esse poema, de autoria de Cidinha Oliveira, que abre o Dossiê de 30 anos da Rede Feminista de Saúde: democracia, saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos, lançado como uma forma de celebrar e marcar as três décadas de atuação e luta da organização. O material já pode ser acessado online, de forma gratuita.

O dossiê tem como objetivo resgatar a trajetória da Rede Feminista de Saúde e da luta pelos direitos e pela saúde das meninas e das mulheres no Brasil e na América Latina nos últimos 30 anos. Os temas que integram a publicação são saúde materna, humanização do parto, aborto, saúde das mulheres negras e saúde das mulheres vivendo com HIV/aids. Somada às temáticas, é apresentada uma análise de conjuntura política e saúde pública, com ênfase para os avanços e as conquistas, os retrocessos e os desafios para a saúde das mulheres, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos.

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Capa do Dossiê | Imagem: Divulgação.

Todos os textos que compõem o dossiê foram escritos por mulheres integrantes da rede, entrelaçadas e que juntas sustentam uma luta de 30 anos. Elas são trabalhadoras, pesquisadoras e ativistas que dedicam suas vidas e suas forças de trabalho em defesa da saúde integral das mulheres, pelos direitos sexuais reprodutivos. O projeto foi realizado em parceria com a Casa da Mulher Catarina (SC) e teve o apoio institucional do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no âmbito do Edital Nas Trilhas de Cairo.

“Narrar os 30 anos da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, desvela um inumerável conjunto de memórias, lembranças, afetos, decisões políticas, posições ideológicas e balanços de realizações”, relata Clair Castilhos Coelho, Secretária Executiva da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos no período de 2011 a 2019, no capítulo de introdução do Dossiê.

Coelho fala, ainda na introdução do Dossiê, que a busca do conhecimento sobre a trajetória histórica da humanidade e a relação das mulheres com as diferentes interfaces da vida em sociedade foi a principal preocupação que uniu os diferentes grupos e mulheres que compõem a Rede. “Entre as preocupações destaca-se o entendimento da evolução dos processos reprodutivos e sexuais. Este conhecimento sustenta uma militância com forte e qualificada incidência alinhada com as teses centrais do feminismo, entre elas, o questionamento da ordem sexual dominante”, ressalta.

Sobre o Dossiê

Em 2021 a Rede Feminista de Saúde comemora 30 anos de história e luta pela saúde e pelos direitos das mulheres, com ênfase para os direitos sexuais e os direitos reprodutivos no Brasil e na América Latina. O presente dossiê emerge da insurgência de articular e fomentar reflexões, diálogos e ações a respeito dos fatores que são determinantes para a saúde das meninas, mulheres e pessoas com útero, como, a violência de gênero, a mortalidade materna, a violência obstétrica e a desumanização do parto, a criminalização do aborto, os impactos do racismo na saúde das mulheres negras e da sorofobia na saúde das mulheres vivendo com HIV/aids.

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Lançamento do Dossiê em Curitiba (PR) | Imagem: Rede Feminista de Saúde.

O Estado patriarcal, colonialista, machista, racista e capitalista exerce a dominação biopolítica sobre os nossos corpos. Nesse sentido, os direitos e a saúde das mulheres estão em constantes disputas de poder e transformação, entre conquistas e progressos, desafios e retrocessos.

“O dossiê em homenagem aos 30 anos da Rede Feminista de Saúde é um chamado para todas as pessoas que tem como o horizonte a erradicação das violências, desigualdades, descriminações e violações dos direitos das mulheres”, destacam as organizadoras do Dossiê.

A Rede espera que a publicação contribua com a luta pela saúde pública, universal e integral para todas as mulheres por uma perspectiva feminista e interseccional de gênero, raça e classe.

Sobre a Rede Feminista de Saúde

A Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos é uma articulação política nacional do movimento feminista e de mulheres. Fundada em 1991, a Rede possui abrangência nacional, e atualmente, é composta por nove regionais: Pará, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Rede é articulada por trabalhadoras, pesquisadoras e ativistas pela saúde e pelos direitos das mulheres, especialmente, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos.

A Rede Feminista de Saúde atua em espaços de participação e controle social, como conselhos municipais, estaduais e nacionais. A Rede também desenvolve ações, advocacy, pesquisas e projetos com enfoque na saúde e nos direitos das mulheres no Brasil e na América Latina.

Ao longo das últimas três décadas, a Rede Feminista de Saúde esteve ao lado de grupos, coletivos, redes, frentes e movimentos feministas e de mulheres que atuam pela erradicação das violências, desigualdades, discriminações e violações dos direitos de meninas, mulheres e pessoas com a capacidade de gestar.

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Lançamento do Dossiê em Curitiba (PR) | Imagem: Rede Feminista de Saúde

É integrante da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe – RSMLAC e da Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto – FNPLA. Entre as principais reinvindicações da Rede Feminista de Saúde estão os direitos sexuais, os direitos reprodutivos e o direito à saúde pública, universal e integral para todas as mulheres por uma perspectiva feminista e interseccional de gênero, raça e classe.

Sobre as organizadoras

Emilia Miranda Senapeschi é psicóloga pela FAE Centro Universitário. Pós-graduanda em Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ). Integrante da Rede Feminista de Saúde.

Leina Peres Rodrigues é cientista social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Especialista em Saúde Pública Internacional pela Escola Nacional de Saúde da Universidade Carlos III de Madrid (ES). Integrante da Rede Feminista de Saúde.

Clique aqui para acessar o Dossiê de 30 anos da Rede Feminista de Saúde: democracia, saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos

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