Após mais um ataque à democracia do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) se manifestou nesta sexta-feira (30) denunciando o racismo de gênero presente no caso. O governo federal tenta criminalizar a líder indígena Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e o movimento indígena através de um inquérito aberto pela Polícia Federal.

“O RACISMO DE GÊNERO nesse governo é visível, imagina então para uma indígena mulher que leva consigo milhares de vozes de outras mulheres que sonham com dias melhores e vem violações de seus corpos territórios. A violência praticada por essa instituição chamada “FUNAI”, órgão que deveria proteger os direitos indígenas, nos envergonha enquanto mulheres”, afirma a Anmiga em carta.

De acordo com a Apib, no dia 26 de abril, a Polícia Federal intimou Sonia Guajajara em um inquérito sobre difamação aberto a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai). O órgão acusa Sonia e a própria Apib de ter difamado o governo federal durante a série na web “Maracá”, em 2020, por ter exposto as violações de direitos cometidas contra os povos indígenas durante a pandemia da Covid-19. As denúncias divulgadas na série já foram reconhecidas pelo próprio Supremo Tribunal Federal (STF), através da ADPF 709.

“Essa intimação da Polícia Federal mostra que o governo quer deslegitimar a luta dos nossos povos pela vida com essa política genocida. Isso é patético e criminoso. O governo é quem tem que responder por todos os seus atos e por sua omissão e negligência durante a pandemia. E tudo isso acontece  justamente no mês de abril, que a gente sempre esperava do governo um pacote de boas ações, mas agora nós somos presenteados com esse pacote de maldades e intimidação”, afirmou Sônia Guajajara,  durante encerramento do Acampamento Terra Livre.

A face autoritária do governo Bolsonaro tem crescido nos últimos meses. No dia 18 de março, o militante Rodrigo Pilha foi preso por estender uma faixa chamando o presidente Jair Bolsonaro de genocida. Conforme apurado em matéria pela Revista Fórum, Rodrigo tem sido espancado e torturado na prisão.

É importante lembrar que Bolsonaro é defensor do regime militar que torturou e executou brasileiros. Segundo o relatório “Brasil: Nunca Mais”, pelo menos 1 918 prisioneiros políticos atestaram ter sido torturados entre 1964 e 1979.

Confira a carta da Anmiga, em solidariedade à Sonia Guajajara na íntegra.

O Governo, a Funai, ainda acham que podem nos tutelar! Dizemos não a ataques.

No Brasil, desde a colonização e contato violento com os não indígenas, a questão de gênero, no caso de presença de indígenas mulheres, tem pouco ou quase não tem presença na narrativa histórica, dos povos indígenas, em algumas linhas de história aparecem como apenas mulheres complemento de caciques, pajés e guerreiro.

As nossas vozes enquanto indígenas mulheres nos espaços e telas de comunicação – redes sociais demarcadas, só foi possível com a construção e dialogo realizado entre várias lideranças mulheres e caciques a nível de base da APIB. E nesse processo a voz da SONIA GUAJAJARA foi, e, é fundamental, dizer que ela, nos representa e representa as anciãs, mulheres, mães e indígenas, que são as guardiãs de ciência indígena, por realizar maior parte de formação e gerar vida e continuação dos povos no Brasil.

O RACISMO DE GÊNERO, nesse governo é visível, imagina então para uma indígena mulher que leva consigo milhares de vozes de outras mulheres que sonham com dias melhores e vem violações de seus corpos territórios. A violência praticada por essa instituição chamada “FUNAI”, órgão que deveria proteger os direitos indígenas, nos envergonha enquanto mulheres.

A ANMIGA -A Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) é uma grande articulação de Mulheres Indígenas de todos os biomas do Brasil, com saberes, com tradições, com lutas que se somam, convergem, que juntou mulheres mobilizadas pela garantia dos direitos indígenas e da vida dos nossos Povos.

A ANMIGA conta uma rede de articulação é continuação das lutas das mulheres que participam de frentes de voz desde suas comunidades, presidentes de associações, professoras, anciãs, benzedeiras e lideranças destaques a nível nacional, regional e locais.

As Mulheres indígenas se solidariza – com a SONIA GUAJAJARA, contra os ataques sofridas nesse governos e seus aliados.

É nós por nós, e nós por ela e ela por nós, para geração de hoje e pelas muitas que virão, nós mulheres somos os guardiães de saberes milenares, nunca estaremos só, estaremos sempre nos erguendo a cada ataque e saindo de umas mais fortes e fortalecidas espiritualmente, seguimos firmes na luta pela vida.

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