Nos últimos três anos, temos acompanhado retrocessos frequentes que começam a fazer parte do nosso dia a dia. E isso sem citar as palavras, anteriormente pouco usadas, que entraram de vez no nosso vocabulário e se tornaram corriqueiras, como eugenia, negacionismo, genocida, entre outras.

Quando parece que não vamos mais nos surpreender com o que pode vir do Governo Bolsonaro, chega nova surpresa. Esta semana, ele sancionou a lei que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, mas simplesmente vetou um dos principais pontos: o que garante a distribuição de absorventes higiênicos para estudantes de baixa renda, mulheres em situação de vulnerabilidade social e presidiárias.

O veto vem coroar o ciclo de maldades ofertado pelo presidente à população. Ele parece desconhecer – e se conhece faz questão de ignorar – estimativas que mostram todo o tabu e a vergonha a que essas pessoas são submetidas quando sangram uma vez por mês. Muitas garotas, sem alternativa, faltam às aulas porque não têm dinheiro para comprar um absorvente. Outras improvisam com panos, toalhinhas, papel e até jornal, submetendo-se ao risco de contrair infecções e passarem vergonha com sangramentos.

Que espécie de distúrbio afeta o presidente para que enxergue essas pessoas com tanto desprezo? Não são poucas as situações em que ele, insistentemente, por meio de sua política genocida, desumana e bárbara, descredencia essa população. Mantém ao seu lado apenas as que estão em sintonia com seu estilo grosseiro e machista de ser.

O veto à distribuição de absorventes higiênicos é mais uma etapa da desconstrução das políticas públicas e sociais deste país. Não podemos esquecer o que tem sido feito com o auxílio emergencial, em que milhares de mães solo continuam negadas ou foram bloqueadas, mesmo tendo direito de receber o benefício, ou ainda a fila de 2 milhões de famílias em lista de espera para o Bolsa Família.

Vale lembrar também todas as vezes em que Bolsonaro faz uso do manterrupting, um tipo de neologismo que define o processo em que homens interrompem, de forma desnecessária, a fala da mulher para a descredenciar. Quantas vezes ele não faz isso com jornalistas, seu alvo principal?

A questão do desprezo de Bolsonaro vai além da misoginia e transfobia. E o tempo vai comprovar e explicar isso. Por hora, vamos nos manter firmes na luta e na defesa dos direitos já conquistados num país como o Brasil de Bolsonaro.

 

 

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  • Paola Carvalho

    Assistente social, especialista em Gestão de Políticas Públicas na perspectiva de gênero e promoção da igualdade racial,...

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