Associação, sem respaldo do Estado, conta com doações para manter atendimento à população LGBT
No coreto da praça mais conhecida de Florianópolis – a Praça XV, Clô reunia as transexuais e travestis da região e distribuía preservativos. Era o ano de 1993 e os dados de infectadas pelo vírus HIV só crescia. O trabalho voluntário de Clô e mais algumas amigas, concretizou na criação da Fundação da Associação de Direitos Homossexuais, mais tarde rebatizada de Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade (ADEH). Com 25 anos de trabalhos prestados em Florianópolis, a Organização Não Governamental – ONG, resiste com poucos recursos financeiros e quase nada de respaldo do estado. Para buscar verbas que pelo menos paguem as passagens de ônibus e alimentação das voluntárias e voluntários da ADEH, uma campanha permanente de doação foi lançado pela Associação.
“Na nossa fundação o foco era atender as transexuais e travestis, com atuação principal sobre as infecções sexualmente transmissíveis – ISTs, mas com o passar do tempo ampliamos e hoje atendemos toda a população LGBT e mulheres cisgenero”, garantiu Lirous K’yo Fonseca Ávila, assistente social e atual coordenadora da ADEH. De acordo com ela o estatuto garante que alguns cargos da Associação sejam obrigatoriamente ocupados por travestis ou transexuais, mas que a abertura de atendimento foi uma necessidade não coberta pelas políticas públicas da cidade.
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Atendendo cerca de 70 pessoas por mês, a ADEH presta gratuitamente serviço de orientação psicológica com rodas de conversa entre a população LGBT e seus familiares; orientações jurídicas com horário marcado e com atendimento feito por voluntárias e voluntários e orientação à saúde, com uma parceria com o ambulatório municipal do Saco Grande e serviço de atendimento social. Além disso, a sala de quatro cômodos cedida pelo governo do estado na região central da capital, é um ambiente liberado para o uso e aberto para quem quiser e precisar usar.
No mesmo espaço funciona um projeto de economia solidária que produz e vende canecas, bótons, bandeiras LGBT e até lingeries que são feitas e vendidas por voluntárias, o que garante um pouco de recurso para Associação.
Para Guilhermina Cunha Salasário, presidenta do Conselho Municipal de Direitos LGBT de Florianópolis a ADEH desempenha um importante trabalho, visto as escassas políticas públicas existentes no município. “Temos muito o que avançar em políticas públicas para as comunidades LGBT em Florianópolis, como acesso à saúde e assessoria jurídica. Os pequenos avanços que tivemos, foram frutos de muita pressão e organização dos movimentos, como a criação da defensoria pública no estado”. Guilhermina ressalta que Santa Catarina está muito atrasada no debate dos direitos humanos, como exemplo disso, ela cita as Conferências sobre o tema. “O estado só fez a primeira conferência de direitos humanos, quando o Brasil já estava na décima primeira. Isso é muito ruim, pois são nestes espaços que apresentamos diversas demandas, entre elas da comunidade LGBT.
Há mais de dois anos a Prefeitura de Florianópolis não distribui cestas básicas. Para não deixar desassistida, a ADEH arrecada alimentos e distribui cestas básicas para a população LGBT em situação de vulnerabilidade social.
Para contribuir com a ADEH, você pode doar roupas para o brechó ou alimentos não perecíveis para as cestas básicas, bem como doação em dinheiro na conta da Associação:
Banco do Brasil / Agência 5255-8 / Conta 11.086-8