Dezesseis blocos feministas desfilaram suas pautas políticas durante o cortejo 8M, ao redor da Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), no último 8 de março. Manifestantes se concentraram no Gramado Central em frente à Rodoviária do Plano Piloto às 16h, e seguiram até Praça dos Prazeres. Cerca de cinco mil pessoas, segundo estima a organização, participaram do cortejo de fanfarras conduzido pelos coletivos Malu Vidas, Fanfarra Tropicaos, Calango Careta, Leoas de Barca e Vai quem Fica. A banda Batalá, formada somente por mulheres, também fez uma participação com seu batuque de resistência.

A manifestação terminou por volta da meia noite, na Praça dos Prazeres, antigo “Balaio”, local que sempre sofreu perseguição política da comunidade por ser um ponto de cultura LGBTI e feminista, como relatou Masra de Abreu, do CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria, organização que atuou na construção do ato. “Foi bem bacana o cortejo ter acabado lá”, diz a ativista.

De acordo com Abreu, o ato foi construído unificadamente entre coletivos e movimentos de Brasília. Desde janeiro ocorreram várias plenárias para organização do 8 de março. “A organização buscou limitar a participação dos partidos e sindicatos para garantir a efetiva participação dos coletivos de feminismo popular,  principalmente aqueles que integram o Fórum de Mulheres do DF, como Casa Frida, Coturno de Vênus, AMB Canganda, Marcha Mundial de Mulheres, entre outros.”

Durante a concentração, manifestantes fizeram posicionamentos políticos, tiveram espaço garantido também mulheres que ocupam lugares na política institucional, como as deputadas federais Gleisi Hoffmann e Erika Kokay, ambas do PT.

“Justiça para Marielle”, “Estado Laico”, “Noiva Cadáver”, “Lula Livre”, “Latinas: solidariedade à Venezuela”, “Lesbitrans” e “Negras” estiveram entre as 16 alas temáticas do cortejo. Uma das manifestantes vestida de noiva trazia a placa com a frase “Morta pela tradicional família brasileira”, em alusão aos feminicídios, em grande parte cometidos por companheiros das vítimas.

A entrevistada explica que o ato buscou dar sentido à resistência lúdica do carnaval para denunciar todos os retrocessos em relação aos direitos das mulheres. “Denunciamos os retrocessos nesse Estado fascista que a gente está vivendo, onde não há políticas públicas, e que tudo que está se construindo é antagônico à nossa existência”.

A integrante do 8M lembra que este foi o primeiro ato de resistência após a eleição do governo fascista. Ela ressalta a importância da unificação de todos os coletivos, movimentos e sindicatos para estar “presente num momento de retrocessos e violências” como esse. “Importante pensar que foram as mulheres com o movimento ‘Ele Não’ que denunciaram o fascismo desse governo antes mesmo de ele se eleger, e hoje a cada dia conseguimos ver isso nas suas medidas. Não vamos abrir mão do nosso poder de resistência, todo mundo de mãos juntas para resistir”, assinalou.

Esse material integrou a cobertura colaborativa Catarinas do 8M.

Fotos: Werbert Cruz

Atualizada às 11h17 de 10 de março.

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