Pra quem tem fome e sede de boas novas, hoje tenho algo pra dizer: a Margarida Salomão é a nova prefeita de Juiz de Fora, uma cidade que tem hoje quase 600.000 habitantes.

E mais: ela se elegeu com a campanha municipal mais loucamente linda que já vi por aqui. Muitas lutas justas concentradas por décadas vindo à tona, confluindo, reunindo e eletrizando pessoas pela cidade inteira.

Não se trata só da primeira prefeita que esta cidade vai ter em seus 160 anos, num contexto em que sempre foi tão fácil difamar violentamente as mulheres que se erguem para além da posição de enfeites ou fantoches na política e na vida.

Não se trata só de uma mulher de 70 anos que está em plena e vigorosa flor da idade.

Não se trata só de uma mulher à frente do PT, partido que mais fez pelo povo brasileiro e que por isso mesmo foi perseguido por todas as forças do dinheiro encobertas por seus mil disfarces.

Trata-se também da eleição de alguém que dedicou sua vida inteira à ciência, à educação, à administração pública. Enfim a pessoa certa no lugar certo, ainda que a gente siga vivendo num mundo regido por tantas enganações fáceis, tantos mitos rasteiros, tanto poder bruto e sem qualquer mérito.

Trata-se também da professora que mais me inspirou e que mais admirei na vida. Que conheci há mais de 30 anos, sempre presente em todas as aulas que dava do primeiro ao último minuto. Sempre com a palavra mais viva e consistente nos abrindo o mundo, sempre com a generosidade e a dedicação de quem se dava ao trabalho de ler e comentar cada linha do que os alunos escreviam.

Alguém que há décadas vem dizendo que um intelectual, no Brasil, não deveria ser alguém dedicado a falar pra públicos cada vez mais restritos, mas justamente o contrário: alguém que deveria se dedicar a falar pra públicos cada vez maiores – e a ouvir. Longa e fundamental aprendizagem.

O lema da campanha dela foi resumido nesta ideia simples, cheia de desejo e atrevidamente revolucionária: “Tudo é para todos”.

Que assim seja, que assim sigamos. Outra história começa hoje, aqui – como aliás pode vir a acontecer, afinal, em todos os lugares.

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  • Cristiane Brasileiro

    Doutora em Literatura pela PUC- Rio, professora adjunta na UERJ. Coordena projetos na área de formação continuada para p...

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