As questões relacionadas à igualdade de gênero vão pautar uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, 26, quando a população de Blumenau (SC) terá uma oportunidade a mais para comparar as propostas dos dois candidatos que disputam o segundo turno nas eleições municipais em Blumenau. Um grupo composto totalmente por jornalistas mulheres fará a entrevista coletiva com os dois candidatos à prefeitura João Paulo Kleinübing (DEM) e Mário Hildebrandt (Podemos). A promoção é do Coletivo 8M Blumenau, que pauta a discussão sobre a luta por direitos das mulheres no município. A entrevista coletiva terá a tradução da intérprete de libras Marineide Santos para ampliar a inclusão e a transmissão também poderá ser acompanhada pelo perfil no Facebook do 8M Blumenau, Mulheres Plurais de Blumenau e Portal Catarinas.

“Sentimos na pele, diariamente, quais as principais demandas da população. Por isso, essa entrevista coletiva é tão importante. É a oportunidade de questionarmos os candidatos sobre o que fizeram e o que pretendem fazer para melhorar a cidade e a vida das pessoas – principalmente as demandas voltadas às mulheres”, analisa a jornalista Danubia de Souza, mediadora da entrevista.

Com 45 minutos de duração, o encontro terá a participação das jornalistas Alice Kienen, Gabryella Garcia, Karin Bendheim Magali Moser e Roseméri Laurindo, membra da Comissão de Ética da nova diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC). Todas elas trabalham ou atuaram na cobertura jornalística de veículos de comunicação. As assessorias dos dois candidatos confirmaram participação. O evento será realizado de forma remota para seguir os protocolos de segurança em função da pandemia da Covid-19.

Uma das jornalistas entrevistadoras Magali Moser, doutoranda em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), diz que é necessário construir espaços de diálogo como esse. Segundo ela, a entrevista coletiva é uma forma de chamar a atenção para as pautas relacionadas aos direitos das mulheres, e a necessidade de implementação de políticas públicas específicas para a igualdade de gênero. “O objetivo é principalmente construir um espaço de diálogo que contribua para o fortalecimento da democracia e ampliação da cidadania, pautando uma reflexão necessária sobre o lugar das mulheres num contexto de violência e muitas vezes de naturalização do machismo. É uma iniciativa que resulta de uma construção coletiva, incluindo movimentos sociais, movimentos feministas e mulheres jornalistas que atuam ou atuaram na cobertura jornalística de veículos de comunicação de Blumenau, conhecem a realidade local”, explica Moser.

O movimento de mulheres de Blumenau se afirma organizado em diferentes frentes de atuação. “Será a primeira vez que ocorrerá uma entrevista coletiva nesse formato, com candidatos sendo entrevistados apenas por jornalistas mulheres sobre um assunto que historicamente costuma ser pautado por homens. Isso não deixa de ser relevante também: uma forma de despertar para a reflexão sobre quem tem legitimidade para falar sobre política”, ressalta a jornalista.

A professora do curso de Jornalismo pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), Roseméri Laurindo, diz que as narrativas políticas na cidade ainda são majoritariamente masculinas, por este motivo é necessário dar visibilidade ao debate feminista. “A entrevista tem como objetivo contribuir com a democracia e com a inserção dessa discussão na mídia independente a partir de seus principais atores da política local nesse processo eleitoral em que toda a sociedade participa. A acessibilidade de informação foi uma questão que motivou esse coletivo de mulheres e que depois então se traduziu na condução das jornalistas mulheres. A gente espera com ação primeiramente sinalizar para o nosso futuro mandatário, que inevitavelmente será um homem, a importância da pauta feminista e de questões prementes na maior parte da população, que são as mulheres. Foi o que me motivou a participar. A gente têm verificado a presença masculina nas narrativas políticas dos principais veículos”, analisa Laurindo.

Roseméri fala sobre a importância das vozes das mulheres em diferentes formatos e práticas jornalísticas. “Essa questão da ética no jornalismo, entre outros temas importantes para nós, como a questão da presença feminina ou da ausência, para que a gente tenha essa sensibilidade de uma pauta em que quem conhece mais de perto é sempre aquele que representa por afinidade. Entendo que vai ser um marco diante do movimento social em Blumenau. Espero que a gente tenha uma boa entrevista coletiva. Como professora também fico muito feliz porque é um exemplo de prática jornalística”, afirma.

Com mais de 247 mil eleitores aptos a votar, Blumenau é um dos maiores colégios eleitorais de Santa Catarina. As mulheres compõem a maior parte de seu eleitorado, sendo 52% do total, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Serviço:
O que: entrevista coletiva com candidatos do segundo turno em Blumenau (SC)
Quando: quinta-feira, 26 de novembro, às 12h
Onde: perfis no Facebook do 8M Blumenau, Mulheres Plurais e Portal Catarinas

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