Por Edna Garcia Maciel. 

Tudo começou quando há pouco tempo, um grupo cria e publica em redes sociais uma página virtual cujo título é MULHERES UNIDAS CONTRA BOLSONARO. Em poucas horas, milhares de mulheres aderem a esse grupo suprapartidário que tem por objetivo lutar contra a possibilidade real de ser eleito um presidente misógino e enrustido de feitor neofascista do capital.

Esse grupo de mulheres, de forma criativa, inteligente e bem-humorada, em consonância com as angústias e interrogações de diversos segmentos sociais, viabilizam incontáveis manifestações de repúdio ao candidato. Tal como milhares de pássaros que desenham novas formas no céu, sem cessar, com suas revoadas, essas mulheres desenharam um outro jeito de fazer política, apesar do tenebroso horizonte político e social brasileiro. Assim, de repente, este intrépido grupo de mulheres passa a ser um alento. Suas postagens em formas de vídeo, panfletos virtuais ou de músicas contra o “coiso” suscitam o riso, o prazer irreverente e libertador de quem aprendeu a enfrentar o escárnio, o deboche e a humilhação. Mais do que isto, mostram que é possível e que é necessário resistir à perpetuação do “cativeiro social” impregnado de ódio e aversão às mulheres. Põem em questão o pragmatismo político messiânico alardeado como salvação da Pátria amada. A obtenção de resultados é o que importa, segundo o pragmatismo. Por conseguinte, justifica-se a sujeição ideológica de maioria da população, desta condição indispensável ao cumprimento de objetivos práticos que compele os trabalhadores à criação de coisas úteis destinadas a atender necessidades alheias, ou, daqueles que detém o poder. A história mostra como o pensamento único e pragmático faz emergir na América Latina e parte da Europa, umas das mais terríveis épocas, no século passado.

Tal movimento é uma reação espontânea, feminista e catártica contra o candidato Bolsonaro? Muitos gostariam que assim o fosse, sobretudo, aqueles que reagem histericamente a qualquer possibilidade de mudança. Mas, há um fato incontestável na rebeldia libertadora dessas mulheres: pela primeira vez na história brasileira, a intervenção feminina está conseguindo alterar a correlação de forças políticas que disputam a eleição de presidente deste país; por outro lado, tal movimento, aliado a outros grupos sociais, consegue universalizar um forte sentimento: a esperança. E, como consequência, surge uma reação coletiva que rompe com a cronica impotência política diante da barbárie que infesta o cenário atual, algo que nos últimos tempos, nenhuma facção política conseguiu suscitar.

Chama especial atenção o fenômeno inegável de que antigas “MULHERES DE ATENAS” já não se conformam mais em “não fazer cena, de se recolherem às suas novenas, de não terem sonhos, apenas presságios”. As “pequenas Helenas”, as modernas Penélopes, não se dispõem mais a ficarem tecendo mantos, recatadas e nos seus lares. Essas imprescindíveis mulheres estão dando uma resposta a certas forças políticas cuja lógica é a expropriação de direitos socais, aliada à exploração dos que produzem a riqueza deste país. O levante feminino de mulheres contra Bolsonaro, mostra que é possível fazer história, e que esta, só pode ser feita num campo de forças em luta. Nada, portanto a temer, senão “o correr da luta”.

*Edna é doutora em Educação.

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