Monica Cunha (PSOL) chegou “de bonde” na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, dia 2 de fevereiro, sob as bênçãos dos orixás e do povo preto e periférico da capital fluminense. Apoiadores lotaram as galerias do plenário e assim que seu nome foi anunciado para tomar posse, ela foi ovacionada. A admiração pelo que a vereadora representa e pelo simbolismo do momento tomou conta do lugar.

Mulher negra, mãe, educadora social, ativista e defensora dos direitos humanos, ela perdeu um dos três filhos, vítima da violência do Estado. Ao assumir o cargo, Cunha homenageou Rafael da Silva Cunha, morto pela Polícia Civil em 2006, aos 20 anos. Ela citou o filho no discurso e o levou na vestimenta escolhida para a cerimônia, com o rosto dele estampado. “O mesmo sistema que não deixou que convivêssemos mais de 20 anos, também tentou reduzir meu filho a um número: 033. O nome que registrei foi Rafael da Silva Cunha e não 033”, disse em discurso no Palácio Pedro Ernesto.

O assassinato de Rafael aproximou ainda mais a vereadora do ativismo. Anos antes, ela já estava mobilizada com outros familiares de adolescentes e jovens cumpridores de medidas socioeducativas, através do Movimento Moleque, fundado por ela e outras organizações em 2003. Mas a morte do filho intensificou e ampliou essa atuação.

Ex-funcionária da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Cunha foi eleita com 7.253 votos como suplente de Chico Alencar. Ele renunciou ao cargo de vereança para assumir como deputado federal. Em entrevista ao Catarinas, ela fala sobre manter a memória do filho viva, o mandato antirracista como compromisso, a emoção da posse e o legado de Marielle Franco, de quem era amiga e colega de militância. Confira.

Catarinas: Em 2018, você se apresentou ao Catarinas como mãe de três filhos: Rafael da Silva Cunha, Marcos Vinicius e Hilbert Luís. Na ocasião, você destacou a idade deles e continuava a contar a idade do Rafael. Você também frisou que foi o Rafael, seu filho do meio, quem te impulsionou para essa vida social. Algo mudou nessa descrição de 2018 que você gostaria de acrescentar? Quem é a Monica que chega para ocupar o cargo de vereadora do Rio?

Monica: A Monica chega a vereadora hoje porque contou a história do Rafael desde o início. É por isso que cheguei até aqui.

A história do meu filho e como eu lidei e lido com essa situação, d’ele ter se tornado um autor de ato infracional e ter tido a vida ceifada por conta disso, é o que me fez chegar até aqui.

É o que me faz acreditar que isso tem que acabar, que os adolescentes negros, periféricos, favelados desse país, principalmente do estado do Rio de Janeiro, não têm que pagar com a vida por terem se tornado atores de ato infracional. Eu continuo contando a história do Rafael, só que agora com amplitude. Fazendo com que as pessoas entendam, principalmente os vereadores, os parlamentares que têm o poder da caneta, para que eles compreendam, agora que vou ser uma deles no sentido do cargo e no sentido do lugar, o verdadeiro motivo de se tornar um adolescente infrator. Para eles pararem de falar ou entenderem que os nossos filhos, filhos das mulheres negras, nascem sementinha do mal, nascem bandidos. Além de ser uma grande mentira, isso é uma invenção do racismo para separar e excluir os nossos filhos desses lugares. Essa é a Monica que chega na Câmara de Vereadores, dando o título da sua chegada. Vamos chegar de bonde, de bonde antirracista, trazendo todos para esse grande diálogo, para essa grande discussão do que é ser preto dentro da cidade do Rio de Janeiro. Do que é ser um jovem preto, uma mãe preta na cidade do Rio, com todas as inquietudes e insatisfações que esse lugar também traz.

Monica Cunha homenageia o filho em estampa no vestido. Imagem: divulgação.

A sua trajetória no ativismo praticamente começa com a construção do Movimento Moleque, que há 20 anos mobiliza mães e familiares de adolescentes e jovens cumpridores de medidas socioeducativas. Como pretende levar as pautas e debates do movimento para dentro da Câmara?

Nos aproximando de uma outra forma dessas pessoas que sempre nos enxergaram como não humanos, como não pertencentes àquele espaço, e fazer com que elas entendam, porque elas não aceitam, mas elas entendem, que nós temos tanto direito quanto os que estão lá há mais de 500 anos ocupando esse lugar e escrevendo com a caneta que tanto nos encarcera, tanto nos mata, tantos nos humilha, tirando todas as nossas oportunidades. Colocar para eles que todos esses anos de desumanidade também nos deram força, coragem, resistência de assumir esse lugar e mostrar pra eles que ali é o nosso lugar.

A gente não tem medo de cara feia, a gente não tem medo de cochicho, a gente não tem medo mais de “bateção de pé”. A gente não tem mais medo  nem de ir para o tronco, porque a gente já conhece todas essas situações violentas que sempre destinaram para nós. É dizer: aceita ou aceita porque a gente veio para ficar!. Essa minha entrada parece coisa de escola de samba, já que estamos aí, próximos do carnaval, é um abre alas mesmo. Um abre alas para outras mães, para os jovens.

Por mais que eles tenham passado por esse inferno, porque 90% das unidades de medidas socioeducativas são navios negreiros. Eu digo 90% porque existe o Estatuto (da Criança e do Adolescente) e principalmente os movimentos, como o próprio Movimento Moleque, e as famílias que aprenderam a falar, a denunciar e a gritar, e por isso não vira 100%. O sistema prisional que é 100%, só não é 101% também por conta da família do preso, pois por mais que custe muito, ela tem fala, ela tem vez, ela hoje tem algum reconhecimento. Eles podem até não querer nos ouvir, mas a gente se faz ser ouvido por outros órgãos, por outros mecanismos. Então, é ampliar essa nossa fala, exigir e propor projetos que deem dignidade ao povo preto, ao povo pobre, ao povo encarcerado.

De certa forma, dá para dizer que essa é a primeira vez que uma mãe que teve o filho assassinado pelo Estado assume o cargo de vereadora na cidade do Rio. Quais significados esse momento traz para a sua luta por uma sociedade mais justa?

Teve também uma mãe que se tornou vereadora na Baixada Fluminense, eu acho, mas ela não tinha vivido as duas situações trágicas e não era negra. Enquanto mãe, mulher negra, eu tive um filho no cárcere e esse filho veio a ser assassinado, então eu trago essas duas tragédias na minha vida, no meu corpo, na minha pele. Posso até ser chamada de primeira por conta de todas essas características. Foram 22 anos antes de chegar nesse lugar, 22 anos de conscientização, 22 anos de aprendizado, 22 anos de reconhecimento, pela caminhada, pela trajetória, pela história. Então, pode-se dizer que sou a primeira e o objetivo maior é saber que não sou só eu. Lá dentro eu posso ser única, mas do lado de fora somos milhares. Queria até não dizer isso, mas é por isso que na minha fala na posse eu deixo muito escuro quem de fato está tomando posse. Não é só a Monica Cunha e sim todas as mães e familiares de vítima desse país, desse estado, que está tomando posse no município do Rio de Janeiro. Nós fazemos cotidianamente do luto a luta. Essa é a forma de continuarmos livre, é a forma de sobrevivemos sem esse ser que a gente pariu, criou, amou. Fazer do luto a luta não é para mostrar para os outros, para a mídia, que a gente quer aparecer. É para mostrar como é difícil. Como é caro sobreviver sem os nossos filhos. Quando a gente levanta o punho e não estamos sorrindo, é para mostrar que estamos levantando o punho exatamente por eles, estamos ali por eles. Foram eles que nos ajudaram a chegar. São eles que todos os dias nos cercam, nos colocam para dormir e nos acordam para a gente continuar na nossa luta. Do luto à luta é continuar viva.

O Rio de Janeiro é marcado pela disputa de grupos armados, operações policiais e bala perdida. Em 2022, foram registrados 1.250 tiroteios em operações policiais, segundo o relatório anual do Fogo Cruzado. Ou seja, ano após ano, mães, famílias, principalmente pretas e periféricas, têm sido diretamente afetadas pela necropolítica do Estado – assim como você foi, após a morte do Rafael. Qual a perspectiva de mudança para essa realidade?

A causa de tudo isso é o racismo. Eu tenho 58 anos, mas isso existe há mais de 500. Fomos arrancados do nosso lugar de origem, trazidos para cá para sermos escravizados. Não é uma situação simples. Esse número do Fogo Cruzado é a nossa realidade. Agora, o que a gente faz de diferente sobre isso? O Movimento Moleque não é o primeiro, o primeiro nesse Brasil chama-se Mães de Acari.

Quem pautou o genocídio da juventude negra fomos nós, os movimentos de mães, familiares de vítimas. Quem fala que vamos parir um outro país somos nós, mães pretas.

Então, são lutas que nós estamos há mais de 30 anos mostrando e se fazendo reconhecer. Se hoje existe o Fogo Cruzado, o Observatório de Segurança Pública, e os direitos humanos começam a fazer um recorte racial, isso vem da gente. Vem de mostrarmos para esse país que a gente não quer mais ficar perdendo filho, que a gente não quer mais que os nossos filhos sejam encarcerados. Nós é que demos a linha de todos esses mecanismos existentes. Eu estar nesse lugar (Câmara) é para mostrar isso. Algumas das nossas mães, tristemente, já morreram nessa luta e a gente aqui continua pelos nossos filhos e por elas. Porque acreditamos que isso pode ter um fim. Esse racismo tem que acabar! Está longe? Está muito longe! Eu com certeza não vou ver, mas eu tenho certeza que a neta que eu tenho hoje, que tem quatro anos, mais nova de sete, ela vai ver. É essa certeza que tenho para continuar na luta. É essa certeza que dou na minha fala para outras mães, para que elas não desistam. Para que elas acreditem que isso não é normal. Isso não pode ser cotidiano. Nós, mulheres negras, parirmos nossos filhos e termos nossos filhos arrancados dessa forma. Não pode.

Não podemos ser uma população em que a nossa juventude é proibida de viver, que os nossos idosos morrem porque a gente não tem saúde pública que nos dê subsídio, que os nossos homens não tenham trabalho, que a educação pública não seja de qualidade para nós. Não podemos viver de exceção.

Temos que viver de regra, e a regra deveria ser todos podermos chegar aonde quisermos, todos ocuparmos lugares de poder que são nossos. Porque a gente não pode só ter sido precursor para construção. A gente tem que aproveitar o que nós construímos. Não construímos só para o branco se deitar e continuar com esse privilégio. Não. A gente não quer acabar com a raça branca, não quer tomar o lugar deles. Queremos o nosso lugar. Queremos essa convivência que a Declaração Universal fala e que a Constituição de 1988 fala. Todos nós temos direito. Então, nos dê o que é nosso porque o deles sempre foi colocado. Esse é o objetivo da continuidade.

O Estado, em certo nível, reproduz a complexidade do panorama político nacional. Reelegeu Cláudio Castro (PL) no primeiro turno – com 58,67% dos votos válidos – frente aos adversários Marcelo Freixo (PSB) e Rodrigo Neves (PDT). No entanto, apesar de manter um integrante da direita no cargo de governador, a bancada progressista na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) cresceu. O PSOL, por exemplo, conquistou cinco cadeiras na Alerj. Como o campo progressista pode ganhar espaço e aumentar esse diálogo?

Claudio Castro ter ganhado pra nós foi o terror. Ainda mais nesse cenário que a gente apostou todas as nossas fichas, principalmente nós familiares de vítimas desse país, no Lula. E sabendo que não foi um voto no Lula sem consciência ou um voto no Lula só porque a gente quer Bolsa Família. Não. Foi um voto no Lula mesmo sabendo que muitas de nós perdemos nossos filhos no governo dele, como é o caso do Rafael. Só que  é entender também que nós caminhamos todos os dias para uma mudança, para um entendimento que vai nos levar para que essas situações não aconteçam mais. A gente também compreendeu, a partir de estarmos com o Lula – eu mesma fui uma, estive três vezes com ele no processo de campanha – que ele também aprendeu e muito. Então, quando ele decidiu falar do racismo, falar de direitos humanos como pauta central, colocar o negro na prioridade do seu governo, se preocupar em dar ministérios para pessoas que de fato entendem o que a população negra neste país passa, e depois ter Claudio Castro como governador do Rio é um desastre. É uma decepção absurda. Mas também é preciso entender que o Lula eleito não significa que acabou. Não vamos viver num mar de rosas.

A extrema-direita está aí. Tanto que o Castro foi eleito e também recebeu o voto de alguns de nós. Não podemos ser ingênuas sobre isso. Essa conscientização política não é unânime. Mas estamos caminhando para isso. É como a deputada estadual Dani Monteiro fala, “Um pé na institucionalidade e mil pés fora dela”. É esse o significado. É a referência de Ângela Davis, “Quando uma mulher negra se movimenta, ela movimenta toda uma estrutura”. Isso é o que o movimento de familiares vem fazendo há mais de 30 anos.

Por isso estou nesse lugar. Por isso escolhi o PSOL, por entender que ele está dentro dessa movimentação que a gente vem fazendo. Estamos dando voz às mulheres negras, trans e temos que trazer também nossos homens pretos porque a gente luta por um povo. Não por um ou dois. Mas por um povo. Compreender isso é fazer justiça enquanto familiar de vítima. É ver a mudança que sempre acreditamos e parir um outro país. Estamos alcançando as conquistas, a vitória ainda vai chegar e assim que chegar estaremos de punho cerrado, aplaudindo e fazendo valer todo o nosso reconhecimento. Esse país tem que ter memória e reconhecer que fomos nós, as mães negras, que começamos a discutir o racismo a partir do nosso útero. Isso tem que ser reconhecido, isso tem que ser colocado.

Foto: Caio Oliveira e Thiago Lima

Falando sobre outras posses, como é ver Anielle Franco no comando do Ministério da Igualdade Racial? Considerando a proximidade que você tinha com a Marielle.

Ver a Anielle Franco no Ministério da Igualdade Racial é ver que o que a Marielle começou poderá ter continuidade com a irmã dela nesse lugar. Então, não foi vão. A gente já sabia que não, mas faltava esse reconhecimento. Não foi em vão o que ela iniciou na Câmara de Vereadores, aqui no lugar onde eu estou hoje. Sabíamos que ela era muito grande, que ela poderia chegar muito mais longe do que até ela mesma imaginava e por isso ela foi assassinada. Eles viram bem antes de nós. Ter a irmã dela ocupando esse lugar é ter a continuidade de Marielle nesse espaço. Não tenho a menor dúvida. Óbvio, com toda a atualidade, mas fazendo memória porque nós, mulheres negras, vivemos fazendo memória, principalmente o movimento de mães.

Quando nós usamos nossas blusas, com as fotos dos nossos filhos, quando eu usei, na minha posse, um vestido com a foto do meu filho na região do meu útero, foi para fazer memória e para mostrar que é dali que saem essas vidas, que é do útero de cada mulher preta que saem as vidas desses seres humanos que a sociedade não deixa existirem.

E também mostrando que foi dos nossos úteros que saíram pessoas grandiosas que há pouco tempo estão sendo reconhecidas e mostradas para o mundo. Pessoas que tiveram seus nomes e devido reconhecimento escondidos por conta da necropolítica deste país. Então, é um reconhecimento muito grande ter Anielle Franco nesse lugar enquanto ministra da Igualdade Racial.

E pode contar um pouco de como foi a sua posse?

Foi linda. Foi muito mais do que eu esperava. Quando eu me lancei como candidata, em 2020, já foi tudo pra mim. Por mais que eu não tenha chegado ali diretamente, foi no auge da pandemia, mas foi um reconhecimento que eu não imaginava que eu tinha. Mesmo naquele momento em que não podíamos nos ver presencialmente, nos víamos on-line e eu consegui reunir on-line todos os grupos que me acompanharam nesses 20 anos. Saúde, saúde mental, cuidado, mulheres, mulheres negras, judiciário, criança e adolescente. Minha família, meus irmãos, meu pai… Ver a fala desse povo, escutar o que eles pensavam de mim, como eles me enxergam nesses 20 anos. Cada reunião era quase um balde de lágrimas, mas a gente conseguiu passar. Nós enchemos a Câmara de Vereadores. Do lado de dentro e do lado de fora. Nós tínhamos direito a 27 convites, cada vereador, 20 para galeria e sete para o plenário. Os seguranças, as pessoas que ficam na porta, não tiveram como conter. As pessoas falavam “eu vim para a posse da Monica Cunha” e eles deixaram, não tinha como. Nós ocupamos as galerias de um lado e do outro da Câmara. Quando estava sendo empossada pelo presidente da casa, Carlos Caiado (PSD), eles quase não deixaram o presidente pronunciar meu nome. Toda vez que o presidente pronunciava “Monica”, a galeria vinha abaixo. E eu com medo.

Foto: Caio Oliveira e Thiago Lima

É impressionante como é que nós, negros, quando chegamos nesse lugar do poder, a gente tem tanto medo de dar alguma coisa errada e de ser colocada para fora, de alguma forma. Eu fiquei apavorada. Pensei “meu Deus!” e disse: “Gente, fica quietinho. Eles vão botar a gente para fora”, de tanta manifestação. Eu fui ovacionada o tempo inteiro e aí eu consegui reunir todo esse povo dia 2 de fevereiro, dia de Iemanjá, sob as bênçãos dela, sob as bençãos da minha mãe Iansã, do meu pai Ogum, de Exu Tranca Rua, de Exu Marabô, que fizeram tudo aquilo acontecer. Isso está gravado. Nas fotos, nos vídeos. Depois a gente fechou com o samba na Lapa que não tinha pra ninguém. Foi muito emocionante. 

No dia seguinte, as pessoas que trabalham na Casa falando: “A senhora realmente, vereadora, chegou de bonde, a senhora cumpriu o que a senhora vinha falando, a senhora chegou de bonde”. Também escutamos na semana que antecedeu a posse, os trabalhadores se reconhecendo em mim. Dizendo: “Agora nós temos aqui dentro uma pessoa igual a gente. Ela nos cumprimenta, ela fala conosco, ela é igual a gente, olha o cabelo dela, crespo, loiro”. Essa posse foi inédita, foi única, foi linda. Depois da emoção muito triste, muito desesperadora do assassinato do meu filho, foi a emoção mais profunda que eu tive na minha vida. Foi essa posse, entrar naquela casa legislativa pela porta da frente, sendo ovacionada pelo povo. Foi brilhante. Foi único.

Monica, em que sentimento ou valor você pretende basear o seu mandato? Qual bandeira vai guiar o teu trabalho?

O meu mandato, o mandato do bonde antirracista, vai ser guiado pela linha do antirracismo, no fim do racismo porque é o que gera toda a violência para o povo preto. É o que me colocou ali dentro.

Então, eu não posso falar de outra coisa. Eu vou falar de educação, então que seja uma educação inclusiva e uma educação antirracista. Eu vou falar de saúde, então que seja uma saúde inclusiva e antirracista. Cultura, população LGBT… Então, é falar de tudo que nós convivemos cotidianamente nas nossas vidas. Vou falar sobre a fome desta cidade, vou falar sobre pessoas que estão em situação de rua, quem passa fome nesta cidade é preto, quem está em situação de rua é preto. É sobre isso. Mas também mostrar que hoje temos médicos negros, psicólogos, assistentes sociais etc. A gente vai falar dessa violência, dessa tristeza. Mas a gente também vai falar dos avanços. Onde a gente está? Quem somos nós? Como reagimos nesses mais de 500 anos? Como é que a gente resolveu continuar vivo? Continuar em luta a partir de todos os absurdos, violências e o racismo sobre nossas vidas. O meu mandato tem essa referência. Nós temos cotas para branco, mas brancos antirracistas, que sabem qual é o lugar deles. Que entendem suas responsabilidades. Então, no meu mandato vai valer a Constituição e a Declaração Universal de Direitos Humanos. É partir para o fim do racismo. Essa é a linha do mandato do bonde antirracista.

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  • Kelly Ribeiro

    Jornalista e assistente de roteiro, com experiência em cobertura de temas relacionados a cultura, gênero e raça. Pós-gra...

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