Com foco na candidatura de mulheres feministas, o Portal Catarinas ampliou a cobertura da disputa e enviou questionários para todos os candidatos ao governo de Santa Catarina que tiveram sua candidatura deferida pelo TRE-SC, perguntando sobre suas propostas voltadas para a redução da desigualdade de gênero no estado.

Os candidatos contatados foram: Carlos Moisés da Silva (PSL), Décio Lima (PT), Gelson Merisio (PSD), Jessé Pereira (Patri), Leonel Camasão (PSOL), Mauro Mariani (MDB) e Rogério Portanova (Rede). Ingrid Assis (PSTU) foi entrevistada pessoalmente por ser a única mulher concorrendo ao cargo. O primeiro candidato a enviar as respostas foi Leonel Camasão (PSOL).

Portal Catarinas – Quais as pautas prioritárias da sua campanha?
Leonel Camasão – As pautas prioritárias da campanha são o fortalecimento do Estado como instrumento fomentador do bem estar social, acabar com privilégios, como aposentadoria para (ex) governadores, fortalecer os serviços públicos, acabar com as isenções fiscais das grandes empresas e intensificar o combate aos preconceitos, como machismo, LGBTfobia, racismo, xenofobia.

Portal Catarinas – Santa Catarina é o segundo estado do País com maior número de estupro, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o mesmo relatório, em 2017, foram registrados 48 feminicídios. Como pretende atuar para a redução da violência contra as mulheres em SC?
Leonel Camasão – Visando a redução da violência contra as mulheres cis, transexuais, travestis e crianças em SC, o nosso governo atuará na prevenção, na reparação e no acolhimento.  De forma preventiva, realizaremos o estudo e discussão de gênero, dentro e fora das escolas, bem como faremos campanhas socioeducativas de combate às violências perpetradas contra as mulheres. Paralelamente, tomaremos medidas reparativas, por meio de políticas públicas, promovendo a assistência integral às vítimas de violência doméstica, sexual, moral, psicológica e patrimonial, garantindo o acesso a unidades de saúde, tais como postos de saúde e hospitais, com oferta de profissionais voltados à saúde da mulher (ginecologistas, psicólogos, planejadores familiares, etc.). Buscaremos, ainda, a ampliação e estruturação de serviços especializados com atendimento humanizado, como, por exemplo, a criação de serviços especializados de psiquiatria e psicologia nos hospitais para mulheres vítimas de violência e a expansão das delegacias da mulher com funcionamento 24h, 7 dias por semana, e atendimento psicossocial. Temos, também, como projeto, a criar o Programa Patrulha Maria da Penha, nas cidades que ainda não tem, em parceria com as guardas municipais, com utilização de viaturas na realização de visitas residenciais às mulheres em situação de violência doméstica. No mais ampliaremos/criaremos casas de acolhimento provisório para mulheres em situação de violência que não estejam em risco eminente de morte e necessitem de uma colhida temporária e rápida resolução para o seu caso.

Portal Catarinas – Quais as principais propostas para diminuir as desigualdades entre homens e mulheres no estado e garantir recursos para diminuir esse fosso?
Leonel Camasão – Garantiremos, através da Lei do Salário Mínimo Regional, a equidade salarial entre homens e mulheres: salários iguais para trabalhos iguais. Criaremos também políticas de formação e emprego para pessoas transexuais e travestis. A socialização do trabalho doméstico com ampliação de serviços comunitários e coletivos, como restaurantes e lavanderias, também é necessária para diminuir essas desigualdades, uma vez que é essencial à produção e reprodução da vida em sociedade. Esse não deve ser, portanto, um fardo das mulheres, mas responsabilidade coletiva e auxiliada por políticas públicas.

Portal Catarinas – A Lei Maria da Penha determinou a implantação de atendimento policial especializado para mulheres por meio das delegacias exclusivas. Mais de uma década depois, Santa Catarina ainda é o único Estado da região Sul que une quatro urgências em uma mesma unidade. De que forma você pretende agir para cumprir o que determina a lei?
Leonel Camasão – Para cumprir o que determina a Lei pretendemos expandir as delegacias da mulher, tornando-as exclusivas para este fim, com atendimento psicossocial e profissionais mulheres preparadas para essas demandas. Entendemos que o funcionamento deve ser 24h, de segunda a segunda, para garantir uma política estatal capaz de garantir abrigos públicos para as mulheres e seus filhos.

Portal Catarinas – Especialistas defendem que não basta atuar depois da violência, é preciso preveni-la. Uma das formas se dá por meio de uma educação não sexista. É prioridade para o seu governo a promoção de uma educação não machista e que respeite a diversidade?
Leonel Camasão – Sim, é prioridade para o nosso governo a promoção de uma educação não machista e que respeite a diversidade. Nesse sentido, a discussão de gênero nas Escolas, e fora delas, tem um importante e fundamental papel na formação do/a cidadão/ã.

Portal Catarinas – Há uma luta permanente do movimento de mulheres para que haja uma pasta específica, com status de secretaria, voltada às políticas para mulheres. Mesmo contrariando as demandas do movimento, a pasta vinculada diretamente ao governo passou a ser de competência da secretaria de assistência social, para a qual não são garantidos recursos. Como o seu governo pretender atuar para a garantia de políticas públicas para as mulheres?
Leonel Camasão – Criaremos a Secretaria dos Direitos Humanos e da Assistência Social, bem como os Conselhos Estaduais de Mulheres, LGBT e outros, sendo destinados recursos, tanto para atuação da secretaria, quanto dos conselhos estaduais.

 

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