Resistir. Conservar-se firme. Não sucumbir. Não ceder. São esses alguns dos significados atribuídos ao ato de se manter na resistência.

Para as mulheres, historicamente a palavra resistência tem significado político, mais amplo porque coletivo. Refere-se à luta por nossas vidas, por nossos direitos, pela autonomia de decidir sobre o nosso corpo, pela ocupação de espaços decisórios, pelo nosso protagonismo.

Resistindo, (re)existimos. Assim ressignificamos e recriamos o que nos foi imposto.

Mulheres negras, indígenas, brancas, trans, lésbicas, bissexuais, putas, campesinas, periféricas, encabeçamos ao longo dos anos a resistência contra o retrocesso e nos mantemos ativas na busca por avanços, assim como fizemos ao longo de séculos.

Ao nos voltarmos para a história, lembramos que nada nos foi dado, tudo foi conquistado por nós mesmas, mediante a organização de mulheres. Os feminismos, no plural, são uma das grandes frentes de transformação social. As mulheres as grandes protagonistas sociais, mesmo que tenham tentado ofuscar essa premissa e despendido muita energia em nos tornar meros complementos da história.

Mas hoje vai ser diferente!
Nestas eleições, a força das mulheres ressurge, não que estivesse apagada, mas agora ganha contornos mais nítidos. A lei que prevê 30% de candidatas mulheres é emblemática e esperamos que pedagógica ao demonstrar que o poder não compete apenas aos homens. Representamos mais da metade da população e do eleitorado: somos indispensáveis nas decisões do País e não aceitaremos menos que isso.

Como apresentada na campanha lançada pelo Portal Catarinas, as candidaturas feministas ganharam força em 2018, indicando que a desigualdade de gênero precisa ser combatida com engajamento.

Esse cenário é ainda mais marcante quando mais de três milhões de mulheres se unem no Facebook para barrar uma das figuras mais assustadoras já surgidas na nossa jovem democracia, quiçá a maior, representando tudo aquilo que ousamos ao longo de tanto tempo rechaçar: o pensamento misógino, racista, xenofóbico, armamentista, LGBTfóbico.

Sábado, 29 de setembro, entrará para a história como o dia do levante feminista nas ruas contra um candidato à presidência da República do Brasil, que faz do discurso preconceituoso e discriminatório um ativo político.

A exemplo de movimentos como o Ni Una Menos e #Metoo, o eco das brasileiras unidas pelo #EleNão mobiliza mulheres também de outras partes do mundo e passa a ser símbolo da luta contra o autoritarismo e o fascismo.

A figura da violência representa os nossos mais profundos pesadelos e a personificação do que há tanto tempo lutamos contra.

A liderança na campanha presidencial indica não um posicionamento isolado, mas a triste constatação de que uma parcela significativa da sociedade brasileira compactua com o ódio e não vai abrir tão facilmente a mão de seus privilégios.

Privilégios reunidos na imagem do homem cis, branco, heterossexual, de classe média ou alta e não se refere apenas a pessoas, mas faz parte de uma construção social que subjuga todos/todas que dele diferem ou ameaçam o seu poder.

Contra tudo o que essa figura representa, o Portal Catarinas – Jornalismo com Perspectiva de Gênero se alia às mulheres de todo o País que sairão em marcha amanhã.

Resistiremos juntas contra todas as ideias reacionárias que nos atacam frontalmente, que colocam em risco tudo o que conquistamos tão duramente ao longo de décadas e que pretendem barrar nossas conquistas futuras, que serão muitas.

Que o dia de amanhã seja o prenuncio de que nós, mulheres diferentes, mas unidas, seremos cada dia mais a voz da transformação. #SomosMuitas.

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