Documentário conta a história da primeira agricultora do Brasil eleita deputada
“Luci e a Terra” apresenta a trajetória de Luci Choinacki, do sonho de ser professora, passando pelo parlamento estadual e federal e a volta ao campo
Luci Choinacki é uma mulher do campo, sem terra, militante da agroecologia e dos direitos das mulheres. Primeira agricultora do Brasil a ser deputada estadual e federal, depois de 20 anos com atuação destacada no Parlamento, ela volta para a lavoura e cultiva um sonho. A história afirmativa dessa brasileira é contada em 18 minutos, no documentário “Luci e a Terra”. O roteiro e a direção são de Kátia Klock. A pré-estreia é nesta quarta-feira (12), às 19h30, no Auditório do Centro de Educação Popular (CEDEP), no bairro Monte Cristo, em Florianópolis.
“A Terra é viva e ela precisa de tudo, que nem a gente. Quem nutre a planta é a terra. Se ela for muito bem cuidada, a planta fica forte”, diz Choinacki no documentário.
No curta, a militante da agroecologia relata sobre o retorno à vida no campo e o momento atual, em uma propriedade rural no Planalto Catarinense. Primeira agricultora eleita deputada estadual em Santa Catarina (1987-90), numa carreira política crescente que a colocou três vezes como deputada federal no Congresso Nacional entre 1991 e 2015, Choinacki lembra da infância, quando o alimento da família era escasso, do sonho de ser professora numa época em que não tinha acesso a livros e que não teve condições de estudar.
Em entrevista ao Catarinas, Choinacki relatou estar feliz e emocionada com o lançamento do documentário. “Estou confiante que vai trazer uma história que poucas pessoas conhecem, porque muitas vezes o pessoal acha que conhece tudo sobre mim, mas não conhecem a realidade, os sentimentos e o amor que tenho por aquilo que faço, pela natureza, pela terra, pelas pessoas”, afirma.
Trajetória
Leia mais
- 8M Florianópolis destaca transfeminismo e homenageia mulheres vítimas de violência
- 200 organizações assinam carta compromisso por 8M transinclusivo
- Fumaça das queimadas alerta Florianópolis sobre crise ambiental e falta de ações concretas
- Além dos Molotovs: manual reúne símbolos antifascistas de 50 movimentos no mundo
- 5 casos que mobilizaram o debate sobre aborto seguro no Brasil
A produção do curta-metragem, realizado pela Contraponto e dirigido por Kátia Klock, buscou material iconográfico sobre a passagem de Luci Choinacki por diferentes lutas sociais e políticas. Ela foi atuante nos anos 1980 com a Pastoral da Terra, no Oeste de Santa Catarina, participou do início do Movimento de Mulheres Agricultoras (hoje, MMC). Autora da lei que instituiu a aposentadoria para as donas de casa, Luci sempre esteve à frente de projetos para a melhoria da vida das mulheres, das condições de vida no campo e do meio ambiente.
Depois dos mandatos como deputada estadual e federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Choinacki voltou para a lavoura. Em 2016, junto do companheiro, Helton Rubens Castro da Silva, iniciou uma horta urbana em Florianópolis, onde comercializaram produtos agroecológicos até o início de 2021. A pandemia motivou a mudança de município. Agora, no Planalto Catarinense, eles cultivam alimentos em um sítio arrendado.
Kátia Klock, diretora do documentário, conta ao Catarinas que já conhecia a história de Choinacki como parlamentar, mas só veio a encontrá-la pessoalmente em 2016, quando visitou a horta em Florianópolis. “Isso me causou a vontade de querer saber mais sobre a mulher, não somente a trajetória da agricultora deputada e ativista com grandes conquistas, mas também da mulher que estava voltando para a terra, isso foi o que me motivou a pensar o documentário”, relata.
A proposta documental é aproximar o olhar do público para a vida e o trabalho das mulheres no campo, a relação delas com o meio ambiente, os conflitos, as perdas, os ganhos, e como essa profissão que alimenta tantas vidas é uma forma política de existir. “Refletir sobre a existência de uma mulher como Luci Choinacki é provocar o exercício da problematização de questões sobre a terra e a vida, sobre a ocupação e a agricultura, sobre a saúde e a soberania alimentar, e sobre o papel da mulher nesse território desigual”, diz Klock.
O documentário “Luci e a Terra” foi contemplado em 2020 com o Prêmio Catarinense de Cinema, através da Fundação Catarinense de Cultura e Governo do Estado de Santa Catarina. Em função da pandemia, a produção foi retomada no final de 2021.
Serviço
Pré-estreia do documentário “Luci e a Terra” (18 min, 2023)
Valor: entrada gratuita.
Quando: 12 de abril, às 19h30.
Local: Auditório do Centro de Educação Popular (CEDEP) – Rua Frei Fabiano de Cristo, S/N, Monte Cristo. Florianópolis.