O Portal Catarinas iniciou, em maio, o projeto “Olhar, ouvir e documentar: oficinas de audiovisual no território Mbyá-Guarani do Morro dos Cavalos”. A ação consiste em oficina de produção de conteúdo audiovisual com a juventude da comunidade Mbyá-Guarani, do Território Indígena do Morro dos Cavalos, localizado em Palhoça (SC). Ao todo serão 10 oficinas, para cerca de 20 jovens, entre 12 e 21 anos, com objetivo de possibilitar que a juventude Mbyá-Guarani se aproprie da linguagem audiovisual para visibilizar a cultura da comunidade, a partir das próprias experiências.

O projeto foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Edição 2023, executado com recursos do estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.

Para Kennedy Karai, liderança Mbyá-Guarani e articulador do projeto, a iniciativa é importante para registrar, fortalecer e armazenar conhecimentos ancestrais que são repassados de geração em geração na comunidade, além de proporcionar para a juventude uma nova perspectiva de como ver os momentos que se passam dentro da aldeia.

“Com isso conseguimos nos posicionar contra as falsas notícias que a mídia vem promovendo contra os povos indígenas, podendo passar a verdadeira realidade vivida por nós, mostrando que resistimos e existimos, e não há nada melhor do que nós falarmos por nós mesmo, contando a verdadeira história desse nosso território que foi invadido lá em 1500”, ressalta Karai.

De acordo com o censo de 2023, são 21.541 pessoas indígenas, em Santa Catarina, lutando para preservar seus territórios, sua cultura, seu idioma e sua mitologia após contínuos processos de aculturação e ataques.

O projeto “Olhar, ouvir e documentar” surgiu a partir do diálogo contínuo da equipe do Catarinas com a comunidade localizada em Palhoça (SC).

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“Desde 2020, temos realizado projetos dentro do território Mbyá-Guarani do Morro dos Cavalos, como o podcast Alimentação Ancestral: Comida Mbyá-Guarani. As oficinas de audiovisual surgem dessa troca que nos permitiu mapear junto com a comunidade quais as necessidades e no que poderíamos colaborar”, explica Inara Fonseca, coordenadora do projeto. 

As oficinas tiveram início no sábado (18) e ocorrerão nas quartas e sextas-feiras das próximas semanas. “Na primeira oficina, alguns participantes comentaram sobre não se encontrarem nas narrativas que pessoas não indígenas fazem sobre eles”, relata Fernanda Pessoa, jornalista que atua como ministrante das oficinas.

Ao longo das oficinas, serão compartilhadas ferramentas e técnicas de gravação de vídeo, de fotografia, de edição, de roteiro e de entrevista.

“É muito importante compartilharmos isso com essa juventude que está com sede de aprender para que eles possam contar sua própria história. Sabemos o quanto é importante a pessoa poder falar sobre ela mesma e elas têm muito a compartilhar”, destaca Pessoa.

A jornalista ressalta que há uma troca de aprendizados durante a realização das oficinas. “Está sendo superinteressante esse momento de compartilhamento de saberes, a gente sempre aprende um tanto quando compartilha o que sabe e as oficinas estão sendo muito inspiradoras nesse sentido”, conta.

Como produtos das oficinas, os jovens irão produzir vídeos sobre as práticas e manifestações culturais de seu povo, como artesanatos, pinturas corporais, alimentação, celebração, entre outras temáticas.

O Catarinas também produzirá um curta-metragem sobre a experiência das oficinas, como um registro do processo pedagógico e divulgação da ação. Todos os produtos serão publicados nas redes sociais do Portal.