Como investigar o aborto legal que está sob ataque no Brasil? Esse é o tema da mesa que Paula Guimarães, co-fundadora e diretora executiva do Catarinas, participa como palestrante no 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. A mesa que debate os ataques e violações ao aborto legal no país ocorre na sexta-feira (11), às 11h30.
Maior congresso de jornalismo profissional da América Latina, o evento acontece entre os dias 10 e 13 de julho, em São Paulo (SP), e é organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). No ano passado, o encontro reuniu cerca de 1830 pessoas durante os quatro dias de atividades.
Neste ano, são mais de 150 palestras, debates, oficinas e entrevistas que estão divididas em 13 trilhas temáticas: COP 30 e meio ambiente; inteligência artificial; cobertura especializada; corrupção; técnicas de investigação; gestão e bem-estar; financiamento; produtos e formatos jornalísticos; audiência; democracia; segurança de jornalistas; Abraji – atividades institucionais; e dados.
Aborto legal sob ataque: como investigar?
A mesa também é integrada por Joana Suarez, gestora de conteúdo da Revista AzMina, diretora da Abraji e co-fundadora da Rede Cajueira, e Mariana Carneiro, repórter do jornal O Popular. A mediação é de Angela Boldrini, curadora no Congresso da Abraji e repórter da Folha de S. Paulo.
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Com base no histórico de coberturas sobre o Projeto de Lei 1904, conhecido como PL do Estuprador, a resolução contra assistolia fetal do Conselho Federal de Medicina (CFM), o fechamento de serviços de aborto legal e articulações para impedir meninas estupradas de acessarem a interrupção prevista em lei, a mesa vai debater sobre como cobrir situações nesse contexto. Serão discutidos quais cuidados devem ser tomados para não revitimizar mulheres e meninas, além dos desafios futuros no campo dos direitos reprodutivos.
Com a aproximação das eleições de 2026 e o uso da pauta do aborto legal como estratégia política e moral, o tema deve estar cada vez mais presente em redações, até nas não especializadas na área.
“O jornalismo é um espaço de produção de sentidos sobre o direito ao aborto. Situar a pauta no campo dos direitos fundamentais e humanos qualifica o exercício profissional, considerando a função social que exercemos. É entender e aplicar o papel ético-político do exercício jornalístico”, pontua Paula Guimarães.
Paula Guimarães
Esta é a quarta vez em que o Portal Catarinas é convidado a integrar a programação do Congresso da Abraji. Em 2021, 2022 e 2024, Paula Guimarães participou de debates sobre a cobertura jornalística sobre o aborto legal e ataques a jornalistas.
Graduada em Comunicação Social – Jornalismo e pós-graduada em Gestão da Comunicação Pública e Empresarial, Guimarães atua com foco em direitos humanos, justiça de gênero e direitos sexuais e reprodutivos, participando de articulações nacionais e latino-americanas. Integrou a equipe vencedora do III Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021) e foi finalista do Prêmio Gabo (2023) com a reportagem “Suportaria mais um pouquinho?”, que também recebeu menção honrosa no Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde.
Indicada ao Troféu Mulher Imprensa em 2022 e 2023, participou de audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), onde denunciou violações no acesso ao aborto legal documentadas por seu trabalho. Atua ainda em projetos de educomunicação e educação popular com juventudes, inspirados nas pedagogias de Paulo Freire e bell hooks.