Para fazer frente ao discurso conservador que fortalece o tabu sobre o aborto, a Virada Feminista On-line #PrecisamosFalarSobreAborto, em seu segundo ano, vai tratar dessa prática, que mesmo considerada crime, faz parte do cotidiano das brasileiras. Serão mais de 24 horas de debates e conversas sobre aborto com transmissão ao vivo pelo Facebook, das 23h30 do dia 26 até a madrugada do 28.  As transmissões serão feitas a partir da página das organizações e do perfil de ativistas que integram a programação.

Uma iniciativa de integrantes da Frente Nacional Pela Legalização do Aborto, a Virada acontece em alusão ao 28 de setembro, Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe. A ideia é ocupar as redes sociais para ampliar e aprofundar o debate, e incentivar a mobilização feminista para atos de rua em resposta ao avanço do conservadorismo. “O presente que o legislativo brasileiro quer dar às mulheres neste mês é a proibição do aborto até mesmo nos casos já permitidos em lei”, afirmam as organizadoras.

::Direito ao aborto legal está ameaçado no Brasil, alertam organizações::

Só é possível tirar um tema da esfera do tabu quando se fala sobre ele. É isso que mobiliza ativistas, especialistas e representantes políticas das mais diversas frentes a se unirem para levar informação à sociedade, aproveitando a interação que a rede social possibilita. O Portal Catarinas integra a programação a partir das 19h30 com o tema “aborto e estigma”.  A convidada para a entrevista é a professora da Udesc, Flávia de Mattos Motta, pesquisadora e autora do livro “Sonoro Silêncio: história e etnografia do aborto”. A conversa vai abordar as consequências do estigma do aborto sobre a vida das mulheres e a relação do silêncio com o fortalecimento do discurso criminalizante.

Em 70% dos países do mundo o aborto é legal. A América Latina – região do mundo com maior percentagem de gestações não planejadas (56%), segundo a ONU – tem as leis mais restritivas, concentrando o maior número de países onde vigora a proibição absoluta de abortar em qualquer hipótese. O Código Penal Brasileiro, elaborado na década de 40, proíbe o aborto, exceto em caso de estupro e gravidez que coloque em risco a vida da mulher. Desde 2012, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a interrupção da gravidez passou a ser permitida também quando há diagnóstico de feto anencéfalo (sem chances de sobrevida).

A criminalização não inibe a prática do aborto, só leva mulheres a um abortamento inseguro. Uma a cada cinco brasileiras já abortou pelo menos uma vez na vida, conforme a Pesquisa Nacional do Aborto de 2016, realizada pela Anis – Instituto de Bioética. Segundo o mesmo estudo, só em 2015, 500 mil interromperam a gravidez. O aborto é a quinta causa de mortalidade materna, de acordo com o relatório do governo brasileiro, divulgado em 2015 pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). A cada ano, pelo menos 200 brasileiras perdem a vida vítimas de aborto inseguro, como estima a Organização Mundial de Saúde (OMS).

::Florianópolis participa do dia internacional de luta pela descriminalização do aborto::

Programação
Dia 26 de setembro
23:30 Sonia Correa. Vídeo gravado sobre o Panorama do Aborto no mundo.

Dia 27 de setembro
00:00 Sônia Coelho, Marcha Mundial das Mulheres. Sobre a origem do 28 de setembro.
00:30 Clair Castilhos. Aborto como uma questão de saúde pública.
01:30 Coletivo de mães feministas – Ranusia Alves com Débora Aguiar e Raphaela Santiago. Maternidade compulsória. “A maternidade deve ser uma escolha, não uma imposição social que a considera como único destino cabível à mulher”.
https://www.facebook.com/coletivodemaesfeministasranusiaalves/
02:00 Daiany Dantas falará sobre representação do aborto no cinema nacional.
03:30 Flávia Simas, do Ativismo de Sofá. Aborto na Irlanda, luta contra a criminalização e conservadorismo: comparativos com o Brasil. https://www.facebook.com/Ativismodesofa/
07:00 Jacira Melo, Agência Patrícia Galvão. Análise de mídia: como o aborto é noticiado na grande imprensa?
https://www.facebook.com/agenciapatriciagalvao
07:30 Juneia, Setorial de Mulheres da CUT.
08:00 Schuma Schumaher. 28 de setembro: Uma campanha Latino Americana e Caribenha.
https://www.facebook.com/schuma.schumaher
08:30 Bianca Cardoso, Blogueiras feministas. “As recentes experiências de legalização em Portugal e Uruguai e o que poderia acontecer no Brasil”.
https://www.facebook.com/blogueirasfeministas/
09:00 Socorristas en Red, Ruth Revuelta. La Revuelta Colectiva Feminista. La gesta de abortar y de acompañar abortos: la experiencia de Socorristas en Red de Argentina. Hablaré sobre la decisión política de acompañar abortos con medicamentos y de construcción de Socorristas en Red. El devenir de la Red y la potencia de los activismos feministas de acción directa. EM ESPANHOL
https://www.facebook.com/La-Revuelta-Colectiva-Feminista-627536074073683/
09:30 Rede Feminista de Juristas, Mari Serrano. Bissexualidade, apagamento e controle jurídico sobre o corpo da mulher
https://www.facebook.com/DeFEMde/
10:00 SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Silvia Camurça. Aborto como insubordinação das Mulheres – Diálogos sobre o conceito de autonomia e autodeterminação reprodutiva.
https://www.facebook.com/lutafeminista
10:30 Dep. Érika Kokay PT/DF. Retrocessos nos direitos sexuais e reprodutivos no legislativo nacional.
11:00 Romi Márcia Bencke – “Direitos humanos, autonomia, laicidade e feminismo”. Bacharel em Teologia pelas Faculdades EST, ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, e mestre em Ciência da Religião. https://www.facebook.com/romi.bencke
11:30 Joanna Burigo, Casa da Mãe Joanna. ‘Bendito seja o fruto’: controle institucional dos corpos das mulheres e aborto como direito. Partindo das discussões suscitadas pela mais recente edição do livro ‘O Conto da Aia’, de Margaret Atwood, na forma de uma premiada série televisiva, este live abordará a ascensão de discursos conservadores e o impacto deles nos nossos direitos reprodutivos.
12:00 Valdecir Nascimento: https://www.facebook.com/OdaraInstitutoDaMulherNegra/
12:30 Luciana Boiteux ADPF 442: pela descriminalização do aborto e pela vida das mulheres.
https://www.facebook.com/LucianaBoiteuxPSOL/
13:00 Camila Giugliani. Serviços de Aborto Legal no Brasil a partir da perspectiva médica.
https://www.facebook.com/camila.giugliani
13:30 Héloïse Prévost et Auréline Cardoso. “Ataques e obstáculos ao direito de aborto na França”.
14:00 Melania Amorim. Aborto e Direitos Reprodutivos. O papel do profissional de saúde: acolhimento e redução de danos. https://www.facebook.com/melania44
14:30 Marielle Franco, PSOL. Como fazer valer o aborto legal na cidade.
15:00 Lilian Celiberti, Cotidiano Mujer (Uruguai) A luta do movimento feminista pela Legalização do Aborto no Uruguai. EM ESPANHOL. https://www.facebook.com/cotidianomujeruy/
15:00 Eleutéria E Gabriela. Camtra Casa da Mulher Trabalhadora. Dossiê dos retrocessos.
https://www.facebook.com/camtra.cmt/
16:00 Lady’s Comics e Carol Rossetti: Aborto e quadrinhos. https://www.facebook.com/ladyscomics/
17:00 Marília Moschkovich falará sobre o projeto “TamoJunta”: https://www.facebook.com/mari.moscou
17:30 Paula Gonzaga + Letícia Gonçalves. Aborto seguro e escuta feminista.
https://www.facebook.com/profile.php?id=100002342162000&ref=br_rs
18:00 Think Olga – “A importância da informação na luta por um aborto seguro”.
https://www.facebook.com/thinkolga/
18:00 Cecília Palmeiro, Ni una menos. Feminismo internacionalista: Ni Una A Menos e a luta pela legalização do aborto na América Latina. EM ESPANHOL.
https://www.facebook.com/Ni-una-menos-351635908360931/
18:30 Eleonora Menicucci. Por que não avança o direito à descriminalização do aborto no Brasil?
https://www.facebook.com/profile.php?id=100012258972773
19:00 Católicas Direito de Decidir. Uma conversa sobre aborto e Estado Laico, com Gisele Pereira, coordenadora do Católicas pelo Direito de Decidir.
https://www.facebook.com/catolicasdireitodecidir/
19:30 Catarinas. “O estigma do aborto sobre a vida das mulheres e a relação do silêncio com o fortalecimento do discurso criminalizante.” – Paula Guimarães entrevista a pesquisadora Flávia de Mattos Motta, autora do livro “Sonoro Silêncio: história e etnografia do aborto”.
https://www.facebook.com/portalcatarinas/
20:00 Marta Giani. O impacto da ilegalidade na vida e saúde mental e a vivência no grupo de mulheres ribeirinhas da floresta.
20:30 Tathi Nicacia, Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas. Antiproibicionismo é uma questão feminista. Os efeitos do proibicionismo no corpo das mulheres.
https://www.facebook.com/antiproibicionista/
21:00 Winnie Bueno, Canal Preta Expressa. Aborto legal para a emancipação das jovens negras. https://www.facebook.com/pretaexpressa
21:30 Antonia Pellegrino, Agora É que São Elas. A escolha pela maternidade é uma escolha de cuidado. https://www.facebook.com/aantoniapellegrino
22:00 Silvia Badim (UNB). “Direito ao aborto e o retrocesso social”. https://www.facebook.com/silvia.badim
22:30 Ana Cristina Gonzalez (Colômbia). La Mesa Por La Vida y La Salud de Las Mujeres. Objecion de conciencia.
23:00 Cris Nascimento, Loucas da Pedra Lilás. Arte e política: Artivismo e intervenção urbana na luta contra o aborto.
23:30 Débora Diniz. Anis – Instituto de Bioética. Campanha Vou contar.

28 de setembro
00:00 Emanuelle Goes – Racismo, aborto e justiça reprodutiva: Pela vida das mulheres negras. https://www.facebook.com/OdaraInstitutoDaMulherNegra/

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