Uma estudante foi presa durante manifestações da greve geral, na manhã desta sexta-feira (28), por crime contra o patrimônio público perto de uma barricada, nas proximidades do campus da UFSC, em Florianópolis. Policiais suspeitaram da manifestante, porque ela estaria com o rosto coberto, e usaram da força para imobilizá-la. A estudante teve o ombro deslocado e foi levada à emergência do Hospital Universitário, onde passou pelo setor ortopédico. Após o atendimento, foi conduzida à 5ª Delegacia de Polícia, na Trindade.

A polícia civil entendeu que o caso se tratou de “crime contra o patrimônio público da União”, por acontecer nas proximidades do campus federal. Acompanhada de advogadas populares, a estudante registrou, na mesma delegacia, ocorrência de crime de lesão corporal contra o policial que a agrediu. Durante a tarde, a estudante segue para um exame de corpo de delito no Instituto Geral de Perícias (IGP).

Ela foi levada à sede da Polícia Federal, onde prestou depoimento e foi liberada por falta de prova material para comprovar o crime. “O caso retorna à Polícia Civil. Não houve configuração de crime. Trata-se de uma prisão ilegal”, afirma a advogada Daniela Felix.

Movimento legítimo
O caso será denunciado na Corregedoria da Polícia Militar para apuração de violência policial e abuso de poder, como explica Daniela. “A truculência policial não pode em hipótese alguma desmobilizar esse movimento justo e legítimo por direitos que é a greve geral. Sabemos que a violência e abuso de autoridade são práticas da polícia, que age como braço armado do Estado servindo ao poder do capital e do golpe”, defendeu.

Em relação às manifestações contrárias à greve, Daniela, que é especialista em direitos humanos, pondera que o enfrentamento não deve ser feito no campo individual e que o direito à manifestação é legítimo e legal. “Nenhum processo de mobilização social acontece sem incomodar a sociedade. A greve tem que ser incomoda, se não atrapalha é suprimida. Não se trata de uma luta contra o cidadão, no seu direito de ir e vir, é por um objetivo maior. A luta é contra o retrocesso que representam essas chamadas reformas da previdência e do trabalho”.

Advogadas e advogados populares estão nas ruas para atender casos de violência e prisões ilegais. Manifestantes que precisarem do serviço podem entrar em contato pelo telefone (48) 99981-0668.

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