Santa Catarina também é antifascista
Se hoje correm imagens de catarinenses ostentando saudações e cartazes nazistas, que o Brasil conheça a nossa resistência
Na semana que precede o anúncio da vitória democrática de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial, movimentos golpistas se alastram como ervas daninhas pelo Brasil, sobretudo, na região mais branca, conservadora e separatista do país: o Sul.
Quando nasceu, há seis anos, o Catarinas sabia que estava em um campo minado. Com o fascismo em ascensão, Santa Catarina, único estado brasileiro com nome de mulher, desde muito cedo já reunia movimentos refratários aos direitos das mulheres e de outras maiorias minorizadas.
Nunca tivemos uma governadora mulher, tampouco um governo de esquerda, ainda não temos uma bancada feminista e antirracista, e carecemos de uma oposição forte o bastante para enfrentar a extrema direita. Isso ficou evidenciado após a instalação arbitrária da CPI do Aborto, investigação parlamentar capitaneada pelo Partido Liberal que tem apenas um representante da esquerda: Fabiano da Luz, do Partido dos Trabalhadores, escolhido via sorteio porque sobrou uma vaga.
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Não à toa, somos alvos de perseguições cotidianas. O Portal Catarinas já foi atacado e forçado a sair do ar; somos continuamente acossadas por lideranças antidireitos nas redes sociais; e agora também somos investigadas pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que busca cercear os nossos direitos à liberdade de imprensa e ao sigilo da fonte.
Apesar de tudo, somos resistência e não estamos sozinhas. Foi em Santa Catarina que o Movimento Passe Livre e tantos outros ganharam corpo; é esta a casa do Cores de Aidê, o maior bloco percussivo afro-brasileiro de mulheres do país; temos um 8M engajado; além da reconhecida produção científica sobre estudos de gênero e feminismo.
Em nossa vizinhança resistiram e resistem Antonieta de Barros, Clair Castilhos, Marlene de Fáveri, Geni Nuñez, Mari Ferrer e muitas mais.
Se hoje correm imagens de catarinenses ostentando saudações e cartazes nazistas, que o Brasil conheça a nossa resistência. Santa Catarina também é antifascista. Muitas de nossas lutas também fissuram a política do ódio e fortalecem a vitória da democracia.