Uma aluna da Pós-graduação em Engenharia de Segurança Contra Incêndio e Pânico da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná denunciou o professor, coordenador do curso, por apresentar um slide onde a vítima feminina aparece em pose sensual. A foto foi usada para ilustrar a diferença entre homens e mulheres em uma situação de incêndio, na aula sobre “Saídas de Emergência e Escadas de Segurança em Edificações”, realizada há cerca de um mês. Entramos em contato com o professor e a secretaria do curso, porém não houve resposta. A PUC emitiu nota em que se posicionou contrária à atitude.
“Tive que assistir ao professor aplicar uma dose caprichada de machismo. Não é a primeira situação. Isso ainda acontece muito no ambiente acadêmico e com outros professores”, afirmou a pós-graduanda Elisa Veras.
De acordo com Elisa, ela e colegas protestaram em sala ao ver a vítima feminina sensualizada. “Que machismo! Você está dando aula em uma universidade, isso é um desrespeito!”, contou sobre a crítica feita ao professor. A aluna pediu ao professor que se retratasse, porém, ele teria respondido que escolheu a imagem para “ajudar na fixação do conteúdo”. Ainda conforme relato, após o protesto, o professor continuou a aula normalmente.
O conflito levou Elisa a abandonar a sala de aula. Segundo ela, o professor teria afirmado a outras alunas que a interpretação da imagem cabia a cada um e enfatizado que fez uso por considerá-la “didática”. Ao final, teria pedido desculpas para quem se sentiu ofendido.
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“Tentar defender que a foto é didática é no mínimo um absurdo. Não só para nós mulheres, muitos homens achariam um absurdo este uso”. Elisa diz que se sente intimidada em ter que dar continuidade ao Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação do professor.
Em nota enviada por e-mail, a PUCPR esclareceu que “o episódio na aula de Engenharia de Segurança Contra Incêndio e Pânico foi um caso isolado e vai contra os valores da Instituição. O docente reviu o conteúdo aplicado e alterou a imagem”.
O professor e coordenador do curso é também engenheiro civil e capitão do Corpo de Bombeiros do Paraná.
Machismo em curso preparatório de medicina
Em fevereiro deste ano, a denúncia feita por Heloísa Cohim, estudante de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), contra o teor machista de uma publicação do cursinho preparatório para residência médica Medgrupo, causou polêmica nas redes sociais. A publicação diz que “uma mulher de muitos atributos é disputada pelos gringos”. Na página seguinte, o livro afirma que outra jovem tem um corrimento vaginal com odor de “peixe podre” que faz com que ela não consiga “segurar nenhum namorado”. Depois, uma mulher aparece vestida em trajes sensuais, numa espécie de fantasia de diabinha. Ao final da publicação, a estudante deveria responder qual a hipótese diante do quadro clínico das pacientes fictícias.
Em um e-mail encaminhado a ela, o Medgrupo afirmou que é “contra a agenda do politicamente correto”. Na mensagem, o grupo ainda diz sugerir aos eventuais estudantes a não utilizarem os módulos se não concordarem com a forma como ele é escrito. Ao jornal Correio 24 horas, o Medgrupo respondeu que o material tem estilo “lúdico”.