Por Rita de Cássia Fraga Machado e Drica Madeira*

O Brasil está de luto e as mulheres brasileiras têm sido instadas a lutarem pela sobrevivência diante do horror que vivemos desde 2016 com o Golpe sofrido pela presidenta Dilma Rousseff. A eleição do atual presidente e a pandemia de Covid-19 só fizeram piorar as condições de vida das mulheres. A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, advertiu que os Estados através de interrupções de políticas de saúde e cuidado das mulheres “destruiu” mais de 20 anos de progresso na redução da mortalidade materna e a diminuição do acesso ao planejamento familiar na América Latina e no Caribe**.

O avanço da extrema direita no mundo fez com que não só o Brasil mas o mundo inteiro viva sob a grave ameaça a vida com destaque para a vida das mulheres, a guerra entre Rússia-EUA(Ucrânia), é um exemplo concreto dessa situação.

Pensamentos e ações negacionistas, agressivos, misóginos e racistas formam uma avalanche de sensações que geram o desconforto de viver em um país que não é seguro para as mulheres.

Vimos nos noticiários dos últimos dias, um deputado brasileiro, mostrar o que pensa parte da população de nosso país sobre as mulheres pobres, nem mesmo diante do horror da guerra, as mulheres conseguem se ver livres da situação que ser mulher significa em um mundo impróprio para se viver. Nunca foi tão necessária a ação feminista responsável para fazer com que diante desse panorama possamos avançar e retomar o direito à vida como um direito das mulheres. 

Reconstruir o Brasil exigirá uma forte capacidade de resiliência e ação. Para que esse trabalho seja realizado precisamos de muito estudo, esperança e amor. Palavras que as mulheres conhecem seu valor e seus sentidos. A Resiliência é capaz de acessar memórias de um Brasil sem fome, com Universidade Pública em processo de democratização e melhoria da vida das pessoas, queremos um Brasil vivo, uma Universidade atuante!

Reconstruir o Brasil exigirá coragem. Coragem para enfrentar o que for necessário de forma coletiva e amorosa, sem perder o rigor da luta, pois só a luta é capaz de nos movimentar e como diz Rosa Luxemburgo só sente as amarras sociais quem se movimenta. Movimentai-nos Mulheres!

Reconstruir o Brasil exigirá Respeito. Respeito porque as mulheres são do tamanho do Brasil, as mulheres Brasileiras miscigenadas trazem consigo memórias, vivências, experiências, sabedorias e vontade de mudança, muita vontade de mudança. E organizar uma luta tendo essa dimensão exigirá muito amor e acolhimento sincero. Não deixaremos que nossas vidas sejam desrespeitadas!

Reconstruir o Brasil exigirá capacidade de mudança imediata. E nos parece que essa é a mais difícil de ser compreendida na prática. Portanto é importante estudar, estarmos atentas e juntas num movimento teórico-prático com vistas a uma relação de práxis feminista. Nosso método não poderá ser deixado de lado, pelo contrário, ele precisa pulsar em nossas cabeças e corações ampliando visões e articulando perspectivas para a transformação social.

Reconstruir o Brasil passa necessariamente pelo direito a vida. As mulheres brasileiras são as maiores responsáveis pelo cuidado com crianças, idosos e doentes. As mulheres brasileiras precisam estar a salvo para participarem da reconstrução desse país.

As mulheres brasileiras precisam de uma vida livre de violência física e simbólica para que possam fazer planos para um Brasil de todas, todos e todes! As mulheres brasileiras não vão desistir das suas vidas, as mulheres brasileiras somos nós, você e todas nós juntas por um mundo livre da violência patriarcal, capitalista e racista!

8 de Março de 2022, na esperança de um 2023 feliz de novo!

*Professoras na Escola As Pensadoras.

**Fonte: OPAS, 26 Maio 2021 – Acesso em 07/03/2022.

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