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A denúncia de uma mãe que sofreu constrangimento ao amamentar seu bebê num shopping center em Lages, na serra catarinense, gerou reação da comunidade. Como resposta, diversas mães ocuparam a mesma praça de alimentação para um mamaço, no domingo, 17 de julho. O shopping lageano acolheu o protesto das mães, declarando apoio à causa. Até por que há uma lei recente que garante o direito ao aleitamento em locais públicos. Mas por que uma prática tão antiga e natural quanto a necessidade humana de alimentar-se ainda é uma pauta tão contemporânea?

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O debate é recorrente nas rodas de conversa e nos espaços de convivência do coletivo “Mães in Verso”, que organizou o mamaço. “A maioria das mães já passou por algum momento constrangedor ao amamentar em público. Algum comentário, um olhar de reprovação, uma sugestão de cobrir a mama ou até mesmo um convite a amamentar em outro local”, afirma a consultora em amamentação, doula pós-parto e integrante do grupo, Anelise Wendhausen Claudino.

A denúncia pública gerou a oportunidade para levar a discussão ao público. “Passamos nossa mensagem à sociedade e às mães que amamentam: chega de constrangimento! Amamentar é natural”, publicou o grupo na sua fanpage do Facebook. O shopping lageano também se manifestou, classificando o caso como fato isolado, e procurou se retratar. “Somos parceiros e estamos engajados nessa luta”, declarou a assessoria de imprensa.

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O aleitamento materno é assegurado pela Lei Estadual 16.396, em vigor desde 04 de junho 2014. A lei, proposta pela então deputada estadual Angela Albino, prevê multa para os estabelecimentos comerciais que impedirem o direito da amamentação. Cada infração registrada custaria R$ 2 mil, valor que dobra a cada reincidência até o limite de R$ 40 mil. “Nos sentimos entristecidas por termos que recorrer a uma lei para ter este direito garantido e ao mesmo tempo contentes pela sensibilidade e sensatez de quem a criou e aprovou”, afirma Anelise.

mamaço2Amamentação e controle do corpo feminino

Para a doula Gabriela Zanella, a amamentação é mais um processo fisiológico feminino que a sociedade transforma em polêmica, como o parto, a menopausa, o período menstrual e a sexualidade. “A mulher é sempre vista como alguém que tem um defeito, que precisa de correção o tempo todo, incompleta. Assim, o parto vira um processo cirúrgico, a menopausa é um ‘prazo de validade’, a menstruação é algo que atrapalha a vida e não serve pra mais nada, a TPM transforma as mulheres em loucas que precisam ser controladas”, analisa.

A amamentação também é tabu sob a perspectiva de que o corpo feminino é moldado em função do prazer sexual masculino. Expor o seio para alimentar o bebê é considerado moralmente agressivo.

“Muitas mulheres estão acostumadas a terem seus corpos controlados e suas atitudes julgadas. Ainda é senso comum que a mulher que faz isso ‘pra se exibir’. Perguntam se ‘custa cobrir com um paninho’, ‘ir pra um cantinho”, ‘dar o peito antes de sair de casa’”, exemplifica.

Diante deste contexto, a lei estadual dá visibilidade ao tema e procura convencer a sociedade do que parece óbvio: é preciso garantir o direito básico da mulher de amamentar seu filho em público. “A lei ajuda as mulheres a se fortalecerem e a aceitação da amamentação como prática natural e saudável”, acredita Gabriela Zanella.

Posição das Catarinas sobre censura recente no Facebook

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  • Ana Claudia Araujo

    Jornalista (UPF/RS), especialista em Políticas Públicas (Udesc/SC), mãe de ninja.

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