Por Daniela Felix.

Muitas são as falas em sua defesa pela agressão sofrida e, claro, concordo e sou solidária à atriz e ativista.

Todavia, uma análise comparativa me incomoda, talvez porquê também seja uma das vozes no coro aos golpistas, que é comparar Letícia e Janaína Paschoal.

De todas as cenas públicas que vi de Janaína (frise-se que nunca vi pessoalmente, somente por vídeos na internet), foram constrangimentos frente sua posição de golpista, não sofrendo nunca violência à sua moral sexual. Nunca o campo de luta contra o golpe a feriu com agressões como a sofrida por Letícia ontem. Janaína Paschoal sofre as consequências concretas de seu discurso vazio e raivoso, em que parcela significativa da população não aceita e não concorda, justamente por ser ela mais uma peça da engrenagem golpista que tomou de assalto o País, a Democracia e o Estado de Direito.

Já Letícia sofreu ontem uma violência que a Presidenta Dilma sofre há anos pelo campo mais conservador, machista e misógino do nosso País.

Uma ultra-direita que, além de fascista, é corrupta, asquerosa e podre, onde o nível de compreensão sobre os papéis das mulheres na política não ultrapassou da divisão de honestidade e recatamento. Aliás, em muitos casos bradam que o lugar das Mulheres não é na política, mas dentro de casa.

São pessoas deste mesmo naipe que atacaram também uma médica negra, um homem doente e iletrado, que narrou estar com “peleumonia” numa consulta do SUS, e vêm, sistemática e historicamente, atacando todos os avanços de direitos aos menos favorecidos, projeto este em curso no governo golpista.

Por isso tanta pressa e tanto ódio, pois pensam que falta pouco tempo para chegarem ao oásis do liberalismo, à terra prometida, onde tudo voltará a ser branco e claro, o português voltará a ser clássico (ou talvez adotemos o inglês estadunidense como língua oficial) e as mulheres seguirão o modelo da Daminha-Interina-Golpista, de‪#‎BelaRecatadaEDoLar, e jamais ‪#‎Putas como Letícia, que ousa enfrentar o patriarcado e os fascistas de plantão.

Daniela é advogada, integra a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP) e o Coletivo Catarina de Advogad@s Populares.

 

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