A pauta da violência contra as mulheres é desconfortável, incomoda e machuca não somente aquelas que sofrem as agressões físicas. Machuca e maltrata a nossa alma, a história de todas as mulheres e também deixa cicatrizes profundas em uma cultura opressiva, que atravessa séculos e que temos o desafio constante de superar.
Sim, falar de violência é um transtorno, mas é necessário. Enfrentarmos a realidade, admitir que os dados são alarmantes, assustadores, e que a reação enquanto sociedade é urgente, é a possibilidade que temos de sonhar com uma vida melhor. E não há outra maneira de vislumbrarmos outras perspectivas para as mulheres que não seja através do fortalecimento de todas as organizações em defesa dos direitos, no debate aberto e franco, na conscientização através da informação.
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Em nosso país, a situação é difícil e requer muita atitude de mudança: está comprovado que o Brasil é um dos lugares onde mais morrem mulheres por causa da violência, do machismo, da intolerância. Alguns dados gerais: cinco espancamentos a cada cinco minutos (Fundação Perseu Abramo, 2010); um estupro a cada 11 minutos ( 9º Anuário da Segurança Pública, 2015); um feminicídio a cada 90 minutos (IPEA, 2013); 179 relatos de agressão por dia (Balanço Ligue 180/janeiro a junho 2015).
Agora, vivemos os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. A campanha, que vai até 10 de dezembro, está em cerca de 160 países, onde são fortalecidas as ações que mobilizem as mulheres pela exigência de direitos e para as transformações profundas que possam, um dia, garantir dignidade.
Portanto, diante da gravidade das informações que temos acesso a todo momento, tenho a convicção que é preciso lutar cotidianamente para acabar com essa violência. Trata-se de um investimento do nosso tempo, da nossa firmeza, da nossa união na exigência do respeito, na alteração das leis que nos discriminam e no pensamento de quem ainda possa querer que seja mantida a ideia de opressão. Juntas, em todas as representações possíveis, é preciso denunciar e também não aceitar retrocessos em tudo o que conquistamos para que haja a possibilidade de felicidade para todas as mulheres, sem vítimas, sem dor. Com defesa da vida.