Com o Selo Sueli Carneiro, dezoito autoras assinam coletânea de artigos inéditos; Evento de lançamento online conta com a participação de Djamila Ribeiro neste sábado (24)
Com artigos inéditos, mulheres quilombolas lançam o livro Mulheres quilombolas: Territórios de existências negras femininas com o Selo Sueli Carneiro. As autoras, nascidas e crescidas em comunidades quilombolas, compartilham saberes, vivências e resistências de uma luta que dura décadas. O lançamento online é neste sábado (24) no Facebook e Youtube da Editora Jandaíra, a partir das 17h.
São dezoito autoras entre pesquisadoras acadêmicas, poetas, ativistas de movimentos sociais e integrantes de instituições que atuam nas muitas causas pertinentes aos povos quilombolas.
São elas: Ana Carolina Fernandes, Sandra Maria Andrade, Selma Dealdina, Cida Sousa, Vercilene Dias, Débora Lima, Carlidia Pereira, Givânia Maria da Silva, Cida Mendes, Valéria Pôrto, Nilce Pontes, Dalila Martins, Cleide Cruz, Jane Oliveira, Amaria Campos, Andreia Nazareno, Gessiane Nazário, Mônica Borges.
Com uma pluralidade de eixos temáticos apresentados – de violência doméstica a educação –, as mulheres abordam a luta e reinvindicação de ações afirmativas e de direitos básicos, como o reconhecimento de seus territórios, ocupados pelos povos quilombolas.
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A narrativa ressalta a urgência de tornar efetiva a legislação já existente que respalda os direitos desses povos, trazendo para a discussão uma pauta lamentavelmente pouco mencionada na mídia e espaços de discussão. Longe de ser uma narrativa conteudista, a explanação em torno da legislação anda lado a lado com reflexões em primeira pessoa das autoras – muitas vezes em diálogo com um corpus teórico que vem a enriquecer o debate –, ressaltando as contradições incontornáveis de ações que envolvem pautas identitárias.
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Não escapa às autoras a questão ambiental, uma vez que as mulheres quilombolas desempenham um papel fundamental na produção agrícola em suas comunidades, adotando práticas agroecológicas transmitidas de geração em geração por séculos. Essas mesmas mulheres, mui- tas vezes assumindo o front na luta pelos direitos quilombolas, também estão inseridas em uma configuração social atravessada pelo sexismo, pelo racismo e pelo preconceito de classe.
Nas palavras da jornalista Flávia Oliveira, no texto de orelha do livro:
Ouvir, ler e estar com mulheres quilombolas é encontrar, experimentar, abraçar a ancestralidade. E beber do passado é inspiração para o presente, combustível para o futuro. Este livro documenta histórias, trajetórias, estratégias de negras brasileiras que, oprimidas, avançaram. Silenciadas, avançaram. Invisibilizadas, avançaram. Aquilombadas, avançaram. Assim seguiremos, até o bem‑viver.
O livro pode ser adquirido no site da editora Jandaíra.