Com direção de Virginia de Ferrante, o vídeo mostra a realidade do distrito de Minas Gerais que foi impactado pelo crime ambiental há cinco anos.

Há cinco anos, o rompimento da barragem de Fundão deixou 19 mortos e inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues e arredores, em Minas Gerais. O rompimento em Mariana causou o maior impacto ambiental da história brasileira e foi o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos. Centenas de pessoas perderam seus lares, seus entes queridos, seus meios de sustento e sua cidade. 

“Existem ali famílias que perderam absolutamente tudo e ainda não tiveram nenhum tipo de amparo pra que pudessem reassentar seus lares e recomeçar suas vidas, principalmente trabalhadores informais que seguem impotentes no aguardo das indenizações por parte de uma das maiores e mais ricas mineradoras do mundo”, pontua Amanda Pacífico, vocalista da banda.

Cantando dores, a banda retoma com clipe dirigido por Virginia de Ferrante/ Foto: Mulamba

O sexteto Mulamba é conhecido por não permanecer em silêncio. Cantando dores, a banda retoma com mais um lançamento: LAMA, dirigido por Virginia de Ferrante. O videoclipe mistura a linguagem documental com a videoarte e volta os olhos para o crime ambiental em Mariana em caráter de denúncia. As imagens, feitas no distrito de Minas Gerais, também são um alerta para outros crimes ambientais infelizmente tão comuns. Três anos após o crime em Mariana, Brumadinho também foi atingido pelo rompimento da barragem, deixando 219 pessoas mortas. Hoje, mais de 24% de extensão do Pantanal foi devastada pelo fogo e animais como a Anta e Tamanduá Bandeira correm perigo de extinção. “A imagem final do videoclipe é um convite à reflexão de que nós também somos orgânicos, também somos parte do planeta”, pontua Virginia.  

A maior parte das filmagens aconteceram durante as manifestações dos 4 anos do rompimento da barragem em Mariana. Virginia de Ferrante, também roteirista e produtora do clipe, se juntou com a diretora de fotografia, Marina Duarte, para a captação das imagens das ruínas deixadas pelo crime. Elas contaram com o apoio imprescindível do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) que auxiliou em toda a produção: “A gente não teria feito nada sem o apoio do MAB. Além de cederem algumas imagens para o videoclipe, eles nos orientaram sobre tudo, com quem falar, para onde ir e ressaltaram a importância, em termos de audiovisual, de se produzir algo diferente sobre aquela dor”, conta Virginia de Ferrante que trabalhou em conjunto com a montadora Ana Carolina Vedovato

“A música LAMA surgiu do questionamento sobre as histórias que se repetem, dos crimes ambientais que seguem acontecendo em nossas terras diariamente, da ganância que destrói e da impunidade generalizada no nosso país. Isso não deve ser lembrado eventualmente e sim todos os dias”, reforça Amanda. 

O videoclipe também alerta para um olhar mais humano aos atingidos. “Em um desastre como esse os danos vão além do que é material, se perdem os vínculos e não há reparação para aquilo que é invisível. A saúde mental dessas pessoas é ignorada pelos responsáveis por esse crime e agravada muitas vezes pelo não reconhecimento delas como atingidas”, pontua Virgínia.

Simone da Silva, atingida, questiona: “Até quando o trem da vale levará através das pelotas de minério, nossos entes queridos, nossa identidade, nossas histórias, e ficará por isso mesmo?”.

Assista “LAMA”:

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