Chicas que escrevem: Aline Martins
A chica da semana é Aline Martins, formada em Direito, poeta e escritora de contos também. Ela nasceu em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro em 1970. Depois em 1992 se mudou para o Rio de Janeiro onde reside até hoje. Seu livro de poesias “Grão” foi publicado em 2019 pela Macabéa Edições.
Entrevistar poetas é sempre um prazer, e apresentar o trabalho dessa autora e da editora também. A Macabéa Edições é uma editora independente que faz um trabalho de qualidade publicando apenas mulheres. Confiram as edições delas!
Vamos à entrevista 😊
Chicas que escrevem: Poderia nos contar um pouco de sua trajetória como escritora? Por que começar a escrever? E mais, por que continuar escrevendo?
Aline Martins: Inicialmente, gostaria de agradecer a gentileza do convite para a entrevista e o interesse por Grão. Nunca me considerei uma escritora, propriamente dizendo. Apenas com a publicação de Grão, em 2019, é que passei a refletir sobre isso.
Comecei a escrever aos 16 anos, ainda adolescente, mas sem muita noção do que eu estava fazendo, porque o meu contato com poesia era muito pouco até então. Depois do primeiro “poema”, passei a escrever com frequência, mas sem nenhum interesse em publicar nada. Só passei a cogitar a possibilidade de tornar alguma coisa minha pública em 2016, mas também sem muita pretensão, porque queria apenas saber como seria publicar um livro.
E por que continuar escrevendo? Nunca havia me feito essa pergunta… Apesar das turbulências, é o meu lugar seguro. Deve ser por isso.
Além disso, poderia nos contar um pouco sobre suas influências literárias? Quais nomes da literatura te marcaram? Qual foi sua última leitura?
Passei a me interessar pela leitura um pouco antes de começar a escrever. Descobri a Psicologia primeiro, através de Freud e Jung, e, um pouco depois, a Filosofia, através de Nietzsche. Essas áreas de interesse me acompanham desde então. A literatura clássica e outros gêneros literários chegaram mais tarde para mim. Só fui ler Goethe, Dostoiévski, Drummond, Florbela, Graciliano Ramos, Fernando Pessoa e outros autores depois dos 20 e poucos anos… Ou seja, tenho um rombo em minha formação literária, que venho procurando cobrir… Mas lembro que, quando li Lorca a primeira vez, fiquei muito impressionada e mexida.
Quanto à minha última leitura, estou acabando de ler Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, de Maquiavel.
Seu livro Grão foi publicado pela editora Macabéa. Você aborda a transformação como característica inerente do ser humano. Poderia nos falar um pouco mais sobre isso? E, claro, sobre o livro?
Grão é uma reunião de poemas escritos há muito tempo, em épocas distintas, que coletei e fechei em um livro. Não sei dizer se ele é costurado por uma temática única, mas é possível, claro. É muito interessante ver o leitor dialogando com a obra, especialmente em se tratando de poesia, por ser tão aberta a interpretações.
Além de poesia, você também escreve contos, certo? Poderia falar um pouco sobre sua prosa? Como você concilia os dois gêneros?
Não percebo dificuldade em transitar entre a poesia e a prosa, embora a prosa seja uma experiência mais recente para mim. Estou achando bom poder dividir espaço com a poesia.
Como foi sua experiência de publicação?
De satisfação com o livro pronto, tendo a Macabéa à frente desse projeto e me deixando à vontade, inclusive para assinar a capa de Grão, cuja pintura havia feito há alguns anos. Sou grata à editora por todo o esforço que ela empreendeu nessa jornada, acreditando no livro.
Por fim, há algo que você gostaria de dizer para outras mulheres que escrevem? Ou alguma mensagem final?
É muito bom perceber que escritoras vêm se estabelecendo no mercado editorial, com voz e espaço.
–
A Aline indicou como leitura o livro O fenômeno humano de Teilhard de Chardin e para assistir todos os filmes do Fellini.
Gostaria de agradecer a Aline Martins por aceitar participar e disponibilizar seu tempo para esse bate-papo on-line. Por hoje é só, por favor, lembre-se, leiam mais e leiam mulheres!