“Cidade educadora de direitos”: Entrevista com a candidatura coletiva Mulheres pela Educação
Às vésperas das eleições municipais, convidamos as candidatas e candidaturas coletivas comprometidas com a pauta dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero em Santa Catarina para contarem ao Portal Catarinas sobre suas trajetórias, propostas e sua relação com os partidos políticos dos quais fazem parte.
Em um contexto em que a violência política na internet tem caráter de gênero e atinge, principalmente, as mulheres, as candidatas e candidaturas são resistência não só no sistema político, dominado por homens, cisheterossexuais e de meia idade, mas também nesta sociedade machista e misógina, não acostumada – ainda – a ver mulheres em cargos de poder.
Nesta primeira entrevista, conhecemos um pouco mais sobre a candidatura coletiva Mulheres pela Educação (13000), do Partido dos Trabalhadores (PT), composta pelas professoras Joana Célia dos Passos, Rita Gonçalves, Emirame Demaria e Jô Capoeira. A candidatura concorre a um cargo na Câmara de Vereadoras/es de Florianópolis/SC.
Portal Catarinas: Conte um pouco sobre a sua trajetória de vida/militância e quais motivações a levaram a disputar essas eleições.
Mulheres pela Educação: As trajetórias das Mulheres pela Educação são coletivas, seja no movimento negro, na educação popular, no movimento sindical ou na defesa da escola pública. Em nossas trajetórias, transitamos por vários lugares: na educação básica, popular, de jovens e adultos superior, no movimento sindical, no movimento negro e nos movimentos feministas. Nesse sentido, numa construção também coletiva, assumimos como candidatas nessas eleições, porque entendemos que os bancos escolares e os movimentos sociais não são mais suficientes para dar conta de tantas carências e violências. O contexto de perseguição ao serviço público, em especial à educação e à ciência também são motivações para nossa candidatura.
Portal Catarinas: Vocês têm conseguido verbas para a campanha? Como são divididos os fundos eleitoral e partidário entre as candidatas? Vocês receberam apoio e recursos do seu partido?
Mulheres pela Educação: No PT, os recursos partidários foram consensuados coletivamente em pagamento de assessoria jurídica, contábil e a impressão de santinhos. Por medida legal, recebemos recursos destinados a candidatas/os negros e além disso, fizemos uma vaquinha virtual.
Portal Catarinas: Quais as principais questões a superar hoje em relação à desigualdade entre homens e mulheres? E quais suas propostas para isso na câmara municipal?
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Mulheres pela Educação: As desigualdades são várias. Vamos priorizar a educação para as questões de gênero na educação básica e o combate à violência de gênero em todas as instâncias da cidade. Além de atuarmos na defesa de emprego e renda para mulheres periferizadas.
Portal Catarinas: Quais os principais temas a serem debatidos, hoje, no município para o qual se candidatou vereadora? Quais propostas apresenta para pautá-los?
Mulheres pela Educação: Queremos viver/fazer uma outra cultura política, com ampliação e democratização da atividade política. Para isso, propomos uma cidade educadora dos direitos, onde a educação é compreendida para além da escola e intersetorializada com a saúde, cultura, sustentabilidade, acessibilidade, mobilidade urbana, segurança, assistência social.
Portal Catarinas: Enquanto uma candidatura feminista, como pretendem atuar de forma a enfrentar os discursos reacionários que não admitem que as mulheres tenham autonomia plena sobre seus corpos, que acreditam na existência de uma “ideologia de gênero” e que comprometem a implementação de políticas públicas, principalmente na área da educação, voltadas à equidade de gênero?
Mulheres pela Educação: Fortalecendo a Comissão de Direito da Mulher na Câmara por meio de uma agenda permanente de debates e construção de políticas públicas para mulheres.
Portal Catarinas: Santa Catarina é o primeiro estado do País em taxa de tentativa de estupro, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020. De acordo com o mesmo relatório, em 2019, o estado ocupou a terceira posição em taxa de lesão corporal dolosa contra mulheres no ambiente doméstico. Como vocês pretendem atuar para a redução da violência contra as mulheres em seu município?
Mulheres pela Educação: A cidade educadora dos direitos, nosso lema, precisa promover campanhas educativas para a formalização das denúncias, mas também para a prevenção das violências. Além disso, promover uma educação antissexista na escola e fora dela.
Portal Catarinas: A sua plataforma política prevê o incentivo à participação da sociedade na discussão e elaboração de políticas públicas. De que forma?
Mulheres pela Educação: Sem dúvida. Queremos contribuir com a formação da população para que participe mais ativamente das decisões sobre a vida na cidade de Florianópolis. Que compreenda a importância do plano diretor, por exemplo.
Portal Catarinas: De que forma vocês têm feito a campanha neste período de pandemia? Que estratégias têm adotado para se comunicar com a sociedade?
Mulheres pela Educação: Priorizamos a campanha virtual. Realizamos quinze encontros virtuais com diferentes grupos, promovemos quinze rodas de conversa e produzimos vídeos com temáticas importantes para a candidatura.